Capítulo 10

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Christopher dava leves pinceladas de tinta marrom com um pouco de verde-escuro perto das bordas da tela. Eram nove e meia da noite; ele havia terminado seus deveres primeiramente, dessa vez pouca coisa, e ele resolveu começar a pintar a tela que seria um presente de aniversário da sua avó. Ele já tinha pintado parte do morro do Concorvado, dava pinceladas leves e caso precisasse ele realçava com um pouco mais de tinta. Foi quando ele viu da janela alguém chegar, dessa vez era Beatriz.

Ele largou a tinta e o pincel e desceu para abrir a porta. Ela bateu à porta e ele a abriu.

- Oi, amigo! Como vai? - disse ela ao vê-lo.

- Estou ótimo, entra, tenho que te mostrar uma coisa – ela acenou com a cabeça e entrou, Christopher fechou a porta e eles foram ao quarto dele.

- O que é? – perguntou sua amiga, curiosa.

- Você vai ver – ele apenas disse, em um tom baixo para não chamar a atenção de seus pais.

Ao entrarem no quarto dele, Christopher lhe mostrou o quadro que estava pintando.

- Uau, Chris! – exclamou ela ao ver a pintura. – É tão lindo! O Cristo Redentor, em um quadro seu!

- Eu sabia que você adoraria ver. Estou pintando para minha avó, o aniversário dela vai ser daqui a alguns dias e então pensei em fazer outro quadro, já que ela adora as pinturas que faço. Mas dessa vez eu tive outra inspiração.

- Eu já estou imaginando o que, ou melhor, quem te deu essa inspiração – disse olhando para a janela que dava para ver a casa de Rafael.

- Sim, ele mesmo – Christopher afagou seus cabelos da parte de trás da cabeça. – Mas mesmo assim ficou bonito não, ficou?

- Não, não é bonito.

O sorriso de Christopher se desfez na hora. A expressão no rosto de sua amiga mudou para uma expressão fria. Como assim ela não achava o quadro bonito?

- É maravilhoso! – Falou ela, e Christopher desabafou, aliviado, era apenas brincadeira dela. - Prometa-me uma coisa: se fizerem uma exposição de arte com suas obras, não me esqueça de convidar. Ou será que terei que aparecer de surpresa e fazer um barraco no meio da exposição? – Christopher e ela riram.

- Calma, Bia, você será a primeira pessoa que terá meu convite garantido.

- Ah, bom – ela ainda falou em tom de brincadeira. Beatriz geralmente não se envolvia em confusões, mas se alguém citasse o nome dela em uma discussão ou fofoca alheia, a situação ficaria tensa. Eles se sentaram, ela puxou uma cadeira e se acomodou, e da pequena bolsa que trazia consigo, tirou uma cartela de chiclete, ela mascou um e depois ofereceu a Christopher.

- Quer um?

- Valeu – ele pegou um chiclete e começou a mascá-lo. – Ah, eu tenho novidades, é sobre Rafael e eu.

- Uh, me conta – disse ela, animada. Christopher falou sobre o que eles fizeram no fim do dia anterior, o jogo de uno em que ele vencera Rafael, quebrando sua invencibilidade, o primeiro dia de aula naquela manhã, o talento de Rafael para escrever histórias e à tarde que passaram explorando a cidade até a volta para casa.

- A mãe dele também é uma ótima cozinheira, ela fez bolinhos de chuva quando Rafael e eu chegamos a casa dele. Nossa, só de pensar já posso sentir o gosto.

- Bonito, não é? Come e ainda me faz ficar só no desejo, nem sequer pensa em mim para guardar um bolinho – queixou-se Beatriz, brincando.

- Claro que penso – disse ele – eu pego o bolinho, penso em você e falo "ah, a Beatriz, ela iria adorar isso" e como, e faço assim com todos os outros.

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