Capítulo 8

1.3K 107 17
                                    

O quarto de Christopher estava somente iluminado pelo abajur. Em cima da cama, os livros e cadernos estavam abertos; ele estava quase terminando seus deveres, mais uma questão e estaria livre. Apesar de matemática não ser seu forte, ele era razoavelmente bom; nunca havia ficado com uma nota baixa. Mas era em artes que Christopher se destacava muito mais que os outros. Enquanto o restante da turma se destacava nas demais matérias que estudavam.

Quando finalmente terminou, guardou todo o material e olhou que horas eram no despertador: nove e meia da noite. Suas pálpebras estavam começando a ficar pesadas. Ele teria um longo dia pela frente; na manhã seguinte, dessa vez, tudo seria diferente. Antes de se deitar, um dos desenhos que estava pregado na parede se desprendeu e caiu. Ele o pegou e foi em busca de uma fita adesiva que possuía guardada. Ao pegá-la, grudou o desenho novamente perto da janela. Perto dela, ele viu a casa da família de Rafael; apenas o quarto dele estava iluminado. Foi então que avistou um carro cinza estacionando em frente à casa, dele saiu um homem que ele reconheceu na hora ser o pai de Rafael, trazia consigo uma maleta e um jaleco branco nas mãos, talvez fosse médico ou algo do tipo. Voltando ao seu quarto, ele começou a verificar se nenhum outro desenho estava prestes a cair também; nenhum, no momento, aparentava estar propício.

Ele guardou a fita e foi se deitar, pegou o edredom, cobriu-se com ele na cama e desligou o abajur, esperando pegar no sonho. Deitado de costas, ele olhou seu quadro das Cataratas do Iguaçu, o quadro que fizera para sua avó em seu aniversário do ano anterior. Foi então que uma ideia surgiu em sua cabeça.

- É isso! – Exclamou ele, para si mesmo. Ele jogou o edredom para o lado, calçou seus chinelos e foi até o pequeno cômodo debaixo da escada. Desceu silenciosamente para não acordar seus pais que àquela altura já deveriam estar dormindo. Ele pegou a chave da porta e a abriu, acendeu a luz para ver melhor e pegou cuidadosamente a última tela de pintura que ele guardara, desligou a luz e trancou o cômodo novamente, voltando para o seu quarto.

Ao acender a luz, pegou um pincel e seu livro de geografia, ele folheou até uma página que continha uma das paisagens do Rio de Janeiro. Com o lápis ele ia dando forma ao desenho inicial e aos poucos começava a ficar cada vez melhor.

- Rafael, eu te devo essa – disse a si próprio, enquanto desenhava cada detalhe da imagem na tela. Ficou a se dedicar em seu novo quadro por mais uma hora, até o sono começar a tomar conta dele e então decidiu dormir. No dia seguinte, ele continuaria.

- Vai demorar muito aí, Christopher? – Disse sua mãe, esperando do outro lado da porta do banheiro principal. Seu pai ocupava a suíte.

- Já estou saindo – respondeu ele, colocou seu roupão e limpou o espelho embaçado pelo vapor d'água, saiu do banheiro, dando vez à sua mãe, que entrou em seguida.

Ele foi para seu quarto e começou a trocar de roupa. Dessa vez, a roupa era diferente, mas o casaco era o mesmo. Ele pensou em usar seus sapatos pretos, porém, acabou optando pelo seu tênis All-Star. Ao descer à cozinha, tomou seu café da manhã silenciosamente. Seu pai conversava com sua mãe. Terminando de comer, pegou sua mochila e foi embora. Ele pegou seu MP3 e deixou a música invadir seus ouvidos enquanto caminhava. Era mais um dia comum na cidade, com pessoas caminhando para todos os lados e veículos trafegando, a mesma rotina de sempre. Antes de conseguir dobrar à esquina, ele escutou alguma coisa, ou melhor, alguém chamando por ele..

- Christopher, espere aí! – ele escutou, graças ao volume da música não tão alto e que o possibilitou ouvir. Ele olhou para trás e seu coração disparou ao ver Rafael vindo em sua direção.

- Rafael! E aí, tudo bem?

- Estou, sim, só que um pouco nervoso. Nunca estudei em uma escola de outro país.

Um Amor Em Buenos Aires - LIVRO COMPLETO NO SITE DA EDITORA UICLAPWhere stories live. Discover now