Capítulo 5

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Quando a noite chegou, a tempestade havia finalmente cessado. No telejornal, Christopher via o repórter falar sobre os estragos da chuva. Na periferia da cidade, casas haviam sido destelhadas, árvores haviam caído, algumas em cima de carros, algumas pessoas ficaram levemente feridas, mas não houve mortes. No bairro de Christopher, além de úmido, estava tudo mais frio, ele saiu para jogar alguns sacos de lixo fora, quando ele viu Rafael sair de sua casa. Eles se olharam por um segundo e ele veio em sua direção para cumprimentá-lo.

- Oi – disse Rafael – chuva forte, não?

- Sim, um verdadeiro dilúvio. Tudo começou tão rápido - respondeu, apertando sua mão - chovia assim onde você morava, no Brasil?

- Sim, às vezes, depois de algum tempo sem chuva, ficava pior. Tinha partes de São Paulo que ficavam alagadas, isso o que aconteceu com o subúrbio daqui foi a mesma coisa.

- Nossa – disse Christopher – o vento foi tão forte quase levou nosso varal!

- Pior foi comigo – disse Rafael, com desânimo – eu corri para pegar as roupas que minha mãe tinha estendido, resgatamos a maior parte das roupas no varal, mas não consegui pegar uma camiseta do Batman que infelizmente não estava presa aos pregadores de roupa. Agora, já era.

- Espera aí, você disse uma camiseta do Batman? – falou Christopher, incrédulo sem conseguir acreditar.

- Sim, por quê?

- Por acaso ela é preta, com o símbolo dele no meio do peito?

- Sim... – agora ele levantava uma sobrancelha, meio desconfiado.

- Cara, essa camiseta voou para o quintal da nossa casa – explicou – ela ficou presa na nossa árvore, bem na hora que eu já havia tirado tudo do varal. Fiquei surpreso como tudo aconteceu, por sorte eu vi e consegui tirá-la, eu a guardei comigo.

- Caramba, Sério?! – exclamou Rafael, agora ele abria um grande sorriso – Poxa, Christopher, obrigado! Que alívio... Pensei que tivesse perdido-a de vez.

- Que é isso... – disse, um pouco sem jeito – quer pegá-la de volta? Vem comigo, ou se quiser, pode esperar aqui que eu pego para você.

- Claro, se não for incômodo – e os dois entraram, já no hall de entrada eles subiram as escadas que davam acesso ao segundo andar. Christopher não tinha palavras suficientes para descrever o que sentia, mas era um grande entusiasmo dentro de si por outra vez estar com Rafael, dessa vez, em sua casa. Quando chegaram ao seu quarto, Rafael se surpreendeu com os quadros e desenhos feitos por Christopher.

- Nossa! Foi você quem desenhou isso tudo? – perguntou ele, maravilhado.

- Sim, eu desenho muito, na maioria das vezes eu gosto de desenhar os monumentos daqui cidade, outras vezes eu gosto de desenhar alguns personagens de quadrinhos e faço outros desenhos.

- Você desenha muito, muito bem! – ele chegou para ver um quadro que mostrava as Cataratas do Iguaçu – é realmente muito bonito.

- Obrigado, eu fiz outro desse para a minha avó, ela adora os quadros que eu faço. – Disse ele, enquanto Rafael olhava seu quarto – só que dessa vez eu estou meio sem ideias.

- O que você pensa em fazer na Universidade? – perguntou Rafael.

- Quero fazer artes, mas meu pai não acha uma boa ideia, diz que isso não dá dinheiro. Só minha avó e uma amiga minha apoiam a minha decisão.

- Como é?! – Disse Rafael, deixando de olhar para o quadro e olhou para ele, encarou com os mesmos límpidos olhos azuis, aqueles mesmos olhos que o atraíam – Christopher, você realmente devia investir nisso, você é muito bom mesmo! Eu nunca vi uma pessoa que tivesse tamanha habilidade como a sua.

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