- Tenha cuidado - Christopher alertou-o.

- Obrigado, pode deixar – agradeceu ele, voltando junto aos seus amigos.

Ele continuou a andar até finalmente chegar a sua casa, do lado de fora, viu sua mãe colocando o lixo na lixeira e os dois entraram. Seu pai já estava sentado à mesa tomando café enquanto lia o jornal, sua mãe lavou as mãos, por fim todos se juntaram para tomar café.

Christopher tomou um pouco de café e começou a comer sua Media luna, já sua mãe preparava um queijo quente com o pão que ele comprou, ela colocou uma pitada de orégano e umas fatias de tomate como de costume, pois para ela o sabor lhe lembrava a de uma pizza, seu pai tomava mais um pouco de café e não desgrudava os olhos do jornal.

- As coisas neste país estão ficando cada vez mais difíceis – comentou – o governo pretende novamente aumentar alguns impostos, não vai ser nada bom. – Christopher não entendia muito bem de economia, mas não era preciso ser um economista para saber que aquilo não era nada animador para a fábrica para qual o pai dele trabalhava. A empresa a qual seu pai era sócio não era grande, mas medidas como essa impactavam negativamente empresas menores. Seu pai tentava fazer com que a receita sempre fosse maior que as despesas, sempre visando lucro e garantias mínimas aos funcionários. Christopher concentrou-se a comer de volta enquanto planejava o que fazer naquele dia. Provavelmente sua mãe pediria a ele que a ajudasse nas tarefas em casa.

- Daqui a duas semanas será aniversário da mamãe – disse a mãe de Christopher – estou pensando no que fazer para ela.

- Que tal uma torta ou um bolo alfajor? – sugeriu o Pai de Christopher.

- Dessa vez, não. Sempre faço para ela, mas dessa vez gostaria de fazer algo diferente.

Durante o café, os pais de Christopher foram conversando enquanto ele os escutava. Quando terminou seu café ele pegou o prato e a xícara e os lavou. Decidiu ver um pouco de televisão, mas antes que Christopher conseguisse se sentar na poltrona da sala sua mãe o chamou novamente.

- Chris – disse sua mãe – antes de qualquer coisa, eu preciso que hoje você varra aquelas folhas do jardim da frente e do quintal.

- Tudo bem – disse ele, levantando e fez uma careta de "Tinha-que-ser-agora?"

Ele foi para o quintal onde ficavam as vassouras e outros utensílios de limpeza, pegou a vassoura para jardim e começou a varrer as folhas marrom-alaranjadas que caiam e cobriam ao chão. O jardim não era problema, mas o quintal, sim, devido à árvore do vizinho de trás. Depois de cuidar do jardim da frente, ele juntou as folhas do quintal, colocou-as em sacos de lixo e jogou fora. Enquanto terminava seu trabalho olhou para a casa em frente, que agora pertencia à nova família que se mudaria, uma espécie de arrepio e uma sensação estranha percorreram o seu corpo. Ele não sabia o que era ou o que poderia ser. Deixou de olhar a residência, ainda estranhando aquela situação, e voltou a entrar em sua casa.

- Terminei – disse ele, entrando na cozinha novamente, sua mãe estava preparando o almoço.

- Já? Tudo bem, está livre agora – disse sua a mãe, e ela voltou ao que estava fazendo.

Ele olhou para o relógio, eram quase dez horas da manhã. Ainda era muito cedo para ele ir à praça, e não queria sair antes do almoço, então resolveu ficar em casa e esperar mais um pouco. Subindo para seu quarto, decidiu escutar um pouco de música para passar o tempo. Pegou sua caixa de som portátil, ligou-a e a primeira música a tocar foi "As Quatro Estações", de Antônio Vivaldi. A primeira parte era a primavera, o ritmo dos violinos inspirava ideias para novos desenhos. Às vezes, Christopher fazia sua própria arte, não seguia nenhum padrão, pintava e desenhava livremente, exprimindo seus sentimentos através da pintura, usando as cores como bem entendia. Ao terminar a primavera, a próxima música foi o verão, com uma melodia inicialmente mais calma do que a da primavera, que já começava mais animada. Foi então que ele viu uma maleta que continha os materiais de pintura que sua avó lhe dera de presente. Pensou nela, a única, juntamente com Beatriz, que verdadeiramente apoiava seu sonho de ser artista. Ele se levantou da cama e resolveu pegá-la para ver a quantidade de materiais que ainda tinha; tubos de tinta, lápis e gizes das mais variadas cores estavam lá, com os mais variados tons de vermelho, amarelo, verde e, sua cor favorita, azul. Deixando-se levar pela música, decidiu pôr a mão na massa e começou a colorir o desenho da estátua que fizera anteriormente. Sentou-se à escrivaninha e pegou algumas coisas para usar. Com o lápis bem apontado, começou a pintar o contorno do manto da estátua, preenchendo os espaços em branco e dando vida ao desenho através das cores. Depois do verão, veio o outono, e com o ritmo da música, ele usava cores mais escuras para realçar os detalhes do rosto e outros membros da escultura. Antes da playlist tocar o inverno, decidiu pular a música e colocar o álbum "19" para tocar, começando com "Hometown Glory".

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