É um grosseirão!

— Para mim tanto faz se você quer correr nu pelo mato, ou sei lá que outras coisas vocês selvagens fazem por aqui , mas enquanto estiver na minha presença eu peço que use roupas!

Ele dá uma risada.

— A porta da rua é a serventia da casa Doutora. — Seu tom é sarcástico e desperta meus instintos assassinos.

Se tem uma coisa que me ferve o sangue é lidar com gente ignorante, e o cowboy peladão na minha frente era o rei dos idiotas.

— Essa casa também é minha. — Revido irritada. — Na verdade metade dessa fazenda é minha. Eu não vou embora enquanto não chegarmos em um acordo.

Henrique agarra meus pulsos e eu arregalo os olhos assustada.

— Então parece que você veio pra ficar. Porque a minha decisão já está tomada. — Ele rosna com ficando a centímetros de distância.

Engulo minha indignação e me solto.

— É o que vamos ver!

Eu vou te dobrar peão teimoso!

Eu me viro e retruco.

— Eu se fosse você teria medo de andar nu, afinal de contas, com a quantidade de galinhas correndo solta por aí... elas podem confundir essa sua coisinha aí no meio das pernas com uma minhoca.

Ouço a porta bater com violência. Sufoco a risada. O equipamento do peão não tinha nada de pequeno, o cara estava muito bem servido, mas ele não precisa saber disso. Pelo visto eu teria uma luta feia com esse peão. A imagem do corpo nu de Henrique me veio a mente mais uma vez, peguei o papel na bolsa e voltei a me abanar.

Voltei para a sala e sentei me no sofá coberto por uma manta cafona que parecia ter sido tricotada com restos de vários tecidos multicoloridos. Analiso tudo enrugando o nariz em uma careta de nojo, e então me sento. Preciso conversar com Matt. Digito furiosamente as últimas notícias.

Eu>> O cara é um bruto, acho que convencer essa criatura vai ser um pouco mais difícil do que eu imaginava.

Matt>> por que? Ele não te tratou mal, não é?

Eu>> me deixou falando sozinha e depois ficou andando pelado na minha frente.

Uma pausa de meio minuto e a mensagem de Matt já tem outro tom.

Matt>> É bem dotado? Se tiver a oportunidade tira uma foto. :)

Reviro os olhos e volto a digitar rapidamente.

Eu>> Isso não importa, o cara é um verdadeiro homem das cavernas, só faltou bater no peito como um brucutu marcando seu território. Ele me faz lembrar o Nick Batman, se isso responde sua pergunta.

O cacarejo de uma galinha voando sobre o sofá me fez saltar como a agilidade de uma ginasta.

Uma menina veio na direção da galinha em fuga, que batia as asas em desespero.

— Vem cá. — Ela dá o "bote" e pega o animal com rapidez, algo me diz que ela já está acostumada a fazer esse tipo de coisa. Minha santa Prada! O que eram os pés daquela garota? Estavam imundos, a roupa puída e seu corpo parecia já ter sido usada umas mil vezes.

— O que você vai fazer com ela? — Pergunto.

— O almoço. — explica como se aquilo fosse óbvio.

A garota de cabelos escorridos na altura dos ombros, dá uma olhada para o chão e eu faço o mesmo.

Ah merda.

Bruto ***Degustação***Where stories live. Discover now