O Amor É Azul

Prólogo

Deitada sobre a neve congelante ela resfolegava seus últimos suspiros. A temperatura estava abaixo dos vinte graus e a garota apenas vestia um casaco florido, ensopado, que ia até os seus joelhos. Todos os seus dedos estavam dormentes, e lentamente seus órgãos começavam a parar de funcionar. Poeticamente; a garota permanecia na ponta do abismo dançando uma mórbida sinfonia com a sua própria morte.

Ao seu lado ele tentava a proteger de inúmeras formas, mas era tudo em vão. Assumiu sua verdadeira forma e se deitou ao chão para tentar aquece-la. No entanto, ela estava caminhando cegamente para a morte. Os pequeninos flocos de neve caíam sobre seu cabelo castanho claro - em contraste com sua pele pálida -, criando uma bonita visão. Bonita e dolorosa. Ele estava desesperado. Seus batimentos cardíacos estavam tão acelerados, enquanto que os dela mal a mantiam viva.

- Não feche os olhos! - Ele implorou. Quando ela começava a dar indícios de que iria se entregar. - Por favor... - uma grossa lágrima caiu de seu olho, - por mim. - Ele choramingou. - Por nós.

Por todos aqueles minutos que foram excruciantes o vento gelado velou o amor dos dois, se tornando testemunha daquela dor incomensurável.

- Eu te amo. - Ela disse juntando todas as forças que restavam em seu corpo.

- Eu sempre vou te amar. - Ele respondeu, sincero e desolado. A dor que ele sentia em seu peito era sufocante e destrutível. Com muito esforço ele podia ser nocauteado pelo seu coração e ser afogado pela sua dor.

Ela sorriu fraco. Quase imperceptivelmente, mas ele notou. Sua respiração foi se tornando cada vez mais fraca, até se tornar nula. Então, seu coração parou de bater e todos os seus órgãos também foram parando, um por um. Naquele campo com os cravos paralisados feito estátuas, com as copas das árvores cobertas por um vasto manto branco, com o lago completamente congelado e com as montanhas tocando o céu leitoso daquela tarde, ela morreu e ele chorou baixinho.