Representante das fadas - Capítulo 1

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Era fim de tarde, e a floresta estava mais escura do que o normal. Mas não era algo ruim, considerando o fato de que eu não queria ser encontrada.
Quando cheguei o sol ainda tinha um brilho incandescente sobre a neve nas árvores, mas rapidamente a luz do dia se dissipou fazendo com que a floresta mergulhasse na escuridão. O que poderia fazer com alguns temessem estar ali sem a presença de nenhuma outro senão a própria, porém nunca tive medo de escuro e estar sozinha era uma sensação que eu conhecia bem. Além do mais, não desejava que ninguém ficasse me observando praticar feitiços, que em sua maioria davam errados.
Estava quase na hora do jantar, o que também colaborou para que eu não me apressasse a voltar, já que não estava disposta a passar longas e entediantes horas, colocando colheres de comida na boca e olhando as caras sérias dos outros presentes.
No entanto, não tive sucesso, já que logo ouvi sons de passos acompanhado de trotes vindo em minha direção, e tão rápida quanto foi o escurecer na floresta, peguei a varinha que se encontrava no bolso da minha capa, ainda que achasse pouco provável alguém em sã consciência atacar a princesa dos bruxos.

- Você é muito desconfiada.- disse o dono da voz com um jeito brincalhão, que logo identifiquei como meu irmão, ele segurava a rédea do cavalo com uma mãe e com a outra produzia uma esfera flutuante luminosa.

- Não entro no meio de uma floresta esperando encontrar alguém.- respondo ironicamente mas sorrindo.- o que veio fazer aqui?

- Nossa mãe mandou vir te procurar, disse que não poderia ficar faltando nos jantares.- falou por fim, embora eu soubesse que ele estava mentindo. Minha mãe não se importava assim com a minha presença.

- Huhum sei, a rainha não se preocupa que eu compareça para jantares familiares. Fale a verdade, quem é o convidado ilustre que veio nos visitar?- falei cruzando os braços e levantando uma sobrancelha.

- Um representante do reino das fadas.- respondeu sem arrodeio, e eu arregalei os olhos. Afinal de contas, o que um representante das fadas fazia aqui? Eles só costumavam vir para reestabelecer trocas comerciais, o único tipo de contato que tínhamos. Mas as negociações desta estação já haviam sido resolvidas há alguns meses.

- Do que se trata?- perguntei depois de pensar bastante e não ter ideia do que estava acontecendo.

- Não sei... ouvi nossa mãe e Morgana falando sério, mas não entendi o assunto. E quando perguntei a ela o que estava acontecendo, virou a cara e saiu andando.- falou balançando a cabeça e revirando os olhos castanhos que estavam iluminados pela esfera.

- Você deveria tirar algum proveito de Morgana, vocês são gêmeos! Deveria chantagear ela ou alguma coisa do tipo.- falei como se fosse óbvio.

- Chantagear? A Morgana?- disse rindo.- impossível, mais fácil chantagear você, que é minha irmã gêmea de verdade.

- Irmã gêmea que nasceu dois anos depois.

- Isso, e como seu irmão gêmeo mais velho, digo que me importo que apareça para jantar, você deixa as refeições mais animadas.- disse largando a rédea do seu cavalo e pegando a do meu, que estava amarrado numa árvore, me entregando fazendo sinal para que voltássemos para casa.

•••

Assim que passamos pelas grandes portas do castelo e adentramos o grande salão de entrada, ouvimos a voz autoritária de Morgana soltando ordens para os empregados.

- Eu já não falei para trocarem esse vasos! Olhem, essas flores já estão murchas!- gritava para duas empregadas que assentiam de cabeça baixa.

- Aí está você! Aonde estava? Ah não quero saber, vá se trocar! Olhe essa roupa e...- falou nervosa quando notou minha presença, tratando logo de me analisar da cabeça aos pés, e quando seu olhar parou em minha varinha um sorriso malicioso se formou em seus lábios.

Azeirote - O reencontro dos reinos ( EM REVISÃO )Where stories live. Discover now