- Sim sr. Salinas, mas ela parecia está muito confusa, então resolvemos deixá-la um pouco sozinha no quarto.

- Eu posso vê-la? Por favor doutor, estou há duas semanas sem vê-la, sem ouvir sua voz, eu preciso vê-la - Jorge suplicou diante do médico a sua frente, que não teve como dizer não ao desespero daquele homem.

- O senhor não vai poder demorar muito - disse o médico, enquanto eles caminhavam até o quarto onde Silvia se encontrava.

Ela já estava conseguindo ver as coisas claramente, mas sua mente estava confusa, pois ela não tinha mais memoria ou lembranças de nada, por mais que ela se esforçasse, não conseguia lembrar. Viu quando os dois homens entram no quarto, ela só não consegui entender direito o que eles falavam, mais reconheceu a voz de um deles, era o mesmo que tinha falado com ela hoje cedo, agora o outro homem, ela não fazia a menor ideia de quem era. O homem alto, de cabelos negros, se aproximou de sua cama, sentando ao seu lado e pegando em sua mão, ela o encarou, observando seus olhos cor de mel.

- Silvia?- ele a chamou, esperançoso, queria voltar a escutar a voz de sua esposa, talvez isso fosse o que ele mais queria nas ultimas semanas - amor, ainda bem que você resolveu acorda - ele falou sorridente - Silvia, fala comigo - ele implorou, o silêncio dela estava o matando.

- Quem...quem é você?...

•••

Quando diagnosticaram que a Silvia tinha uma amnésia, Jorge ficou confuso, tinha medo, e estava em pedaços porque a mulher que ele amava não fazia a menor ideia de quem ele era. Já Sílvia ficava incomodada, sempre tinha muitas pessoas ao seu redor, porém o que mais incomodava ela, era o homem de olhos cor de mel, ela não gostava da forma como ele à olhava, as vezes tinha vontade de mandar ele ir embora, e por mais que falassem que ele era seu marido, ela não o via como tal, ela via ele como um estanho.

Sua mãe tinha vindo lhe visitar, e trouxe vários álbuns fotográficos para que ela pudesse recordar de algo, mas foi um fracasso, pois quando ela via as fotos, não vinha nada em sua memoria.

Mesmo assim a sua mãe havia falado muito sobre sua vida. Ela descobriu que estava casada há cinco anos, e não tinha filhos, seu marido, o Jorge, era um renomado piloto de avião, e pelo que sua mãe le falou, eles se amavam e sempre foram muito felizes . Sua mãe também havia falado que ela era filha única.

Passou uma semana desde que a Silvia acordou, e não havia acontecido nenhum progresso em relação a sua amnésia, hoje seria o dia em que ela receberia alta, o Jorge havia mandado três vestidos para que ela escolhesse, e ela escolheu o mais simples. Quando ele chegou para buscá-la ficou encantado com ela, estava linda como sempre, não aparentava ter sofrido um acidente, mas algo estava errado, ela não era a sua Sílvia.

- Vamos?- ele perguntou quando aproximou-se dela, que estava distraída observando o grande jardim do hospital.

- Claro - ela respondeu quase em um sussurro, não sabia o porque mais se sentia desconfortável na presença dele.

Eles caminharam juntos até a saída do hospital, que estava cheia de fotógrafos, então Jorge quis poupar a esposa e pediu para que seu motorista fosse para os fundos do hospital, quando saíram o motorista os recebeu com um sorriso no rosto.

- É bom vê-la melhor sra. Salinas - ele comentou enquanto abria a porta do carro para que a sua patroa entrasse.

Ela permaneceu calada e deu apenas um rápido e falso sorriso, não gostava muito de conversar, principalmente quando estava perto do marido.

- Sabe porque tem tantos fotógrafos na frente do hospital?- Jorge perguntou antes de ajudar a esposa a colocar o cinto de segurança.

- Parece que a namorada de um cantor esta internada ai, ela também foi atropelada - ele falou, e logo percebeu o desconforto dos seus patrões - desculpe.

- Sem problemas Luan - Jorge falou antes de volta-se para a esposa, que estava calada olhando a chuva cair do lado de fora do carro - esta tudo bem?

- Sim - ela respondeu mesmo sabendo que não estava tudo bem, quando soube que iria receber alta, não ficou tão feliz, isso significava que ela passaria mais tempo ao lado dele.

O resto do caminho foi todo em total silêncio, quando chegaram a imensa casa branca, Silvia esperou que ele fosse na sua frente, para ela aquilo era algo novo.

- Que bom revê-la senhora - a governanta abriu um imenso sorriso ao rever sua patroa.

Silvia se esforçou tentando arrancar alguma lembrança do fundo da sua memória, mas não vinha nada, sorriu para a mulher de cabelos grisalhos. Jorge colocou a mão e sua cintura, mas logo a retirou quando percebeu o desconforto da esposa.

- Você não quer subir, tentar descansar um pouco antes do jantar?

- Sim, adoraria - ela falou e esperou que ele a ajudasse falando onde ficava o quarto, mas ele tinha uma grande esperança de que a esposa lembrasse onde eles dormiam, porém essa esperança logo morreu ao percebe a expressão confusa em seu rosto.

Ele ajudou ela a subir. Quando ela entrou no quarto, não se deu ao trabalho de observar o lugar, apenas tirou os seus sapatos altos que estava a matando desde que os colocou, e se deitou na grande cama. Jorge saiu do quarto indo direto para o seu escritório.

O Jantar foi em total silêncio, Jorge abriu a boca varias vezes, mas as palavras não saiam, Silvia não era a única que estava desconfortável com essa situação. A castanha subiu primeiro para o quarto, na esperança de consegui dormir antes que seu marido pudesse subir também.

Botou uma de suas camisolas brancas de renda, ela procurou a mais simples no meio de tantas outras provocativas. Deitou-se na cama, e fechou os olhos, por um momento achou que estivesse dormindo, mas ainda estava acordada quando Jorge entrou no quarto.

Ele observou a esposa encolhida na cama, suspirou fundo antes de entrar no banheiro, tomou um banho, e vestiu seu pijama, deitando ao lado da esposa, virou-se para ela, colocando a mão em seu quadril como era de costume.

- Silvia?...Silvia?

Ela apertou ainda mais os olhos, queria que ele tirasse a mão dela, enquanto ele queria apenas dar um beijo de boa noite, como sempre fez.

- Silvia?- dessa fez falou mais baixo, antes jogar seu corpo de vez na cama.

Ele sabia que ela estava acordada, e isso fez ele se sentir um idiota, ele queria sua esposa de volta, queria a sua Sílvia de volta. E tudo que ela queria, era que ele saísse de perto dela.










Memory • Parte IWhere stories live. Discover now