Valentina

Capítulo 02: Quando o Ciúme me domina

Eu joguei tudo o que via na minha frente. Meu pai nunca me bateu e isso foi algo que me feriu dentro do coração. Peguei um retrato nosso e o joguei conta a parede, fiquei vendo-o se espatifar em cacos. Desci as escadas e fui em direção ao a meu cavalo. O animal me acalmava, era como se ele me tirasse deste lugar de caos e me levasse para um lugar que só me transmitisse calma.

Passei pelo rancho e vi Valentina ao lado de seu pai. Eu não estava com cabeça para nada e a única coisa que queria naquele momento era ficar sozinho, senti as lagrimas correrem de ódio por tudo aquilo que estava acontecendo. Fiz meu cavalo correr mais rápido e atravessar a floresta que se encontrava em minha frente, as árvores da floresta eram grandes com seus galhos pontudos, se eu não tomasse cuidado poderia facilmente ser derrubado por elas.

Meus olhos passaram rapidamente pelo riacho onde Valentina e eu nos encontrávamos. É um lugar lindo que se tornou especial e será pelo resto de minha vida, mas naquele momento eu queria outro lugar, um lugar onde ninguém me encontrasse pelo menos por um tempo. Passei pela porteira e fui em busca do lugar em que nem mesmo eu sabia que existia. Um lugar no qual me recostei e visito até hoje.

No meu lugar, ou melhor, no meu refúgio, tem uma arvore rústica com vários galhos grossos, nos quais posso perfeitamente subir sem que eles se quebrem. Mesmo estando chateado, olhei a bela vista e vi o quão linda é a natureza, suas árvores e animais que estão ao redor. Olhando mais adiante eu podia ver uma cachoeira só que um pouco escondida, talvez desse trabalho para chegar até lá, mas seria o ponto mais alto do dia, já que era minha primeira vez naquele lugar.

Amarro meu cavalo e segui em direção ao lugar tão esperado, o caminho foi árduo e quase não encontrei lugares firmes para pisar já que tinha bastante lama. Além disso a proximidade das árvores também atrapalhava. Enfim cheguei no lugar esperado e vi o belo cenário como se fosse a cena de um filme, só que foi real e tudo o que eu queria era ficar ali para sempre e nunca mais sair. Pulei na água e senti sua temperatura gélida de que tanto gostava, fui até o fundo e consegui ver cada ser vivo ali presente com a água cristalina. Não tinha nada que pudesse melhorar, era como se eu estivesse em um paraíso, um lugar que realmente havia pedido para não ser encontrado.

Fiquei lá por horas, o dia já estava a cair e tudo o que eu pensava era que se eu pudesse com certeza moraria ali. Saí da enorme cachoeira e vi o quanto ela é ainda mais bela, esperei um pouco sentado na pedra e pensei nos meus próximos passos, não queria mais brigar com Valentina, nem mesmo com meu pai, eu odiava brigas e não queria mais ter que passar por essas coisas.

Estava caminhando para onde estava meu cavalo, quando cheguei vi Camila ao seu lado o acariciando como se já tivesse intimidade.

- O que está fazendo aqui Camila? – Perguntei.

- Eu sempre venho aqui quando quero pensar, mas e você o que está fazendo aqui? – Ela perguntou se sentando próxima a uma pedra.

- Vim para pensar também, é a primeira vez que venho aqui, é lindo. – Digo também me sentando.

- Isso é verdade, é o meu lugar favorito em todo esse lugar, aqui eu me esqueço de tudo e de todos. Ainda aproveito essa água maravilhosamente gelada – Disse Camila rindo.

- Isso é verdade essa água é muito boa, sem falar que é limpinha ao contrario dos rios que tem aqui por perto. – Digo a fazendo rir.

- Porque está rindo? – Perguntei.

- É que você fica fofo quando está falando. – Disse ela rindo.

- Ah...Entendi – Eu respondi meio sem graça.

Camila era da mesma serie que eu só que diferente de mim ela estuda em uma escola publica. Mesmo assim ela se esforça para ter uma boa qualidade de estudo. Camila mora em uma fazenda próxima a de meu pai então certas vezes nos encontramos. A conheci em um certo dia ela se perdeu e me pediu informação, bom pelo menos foi o que ela me disse.

- Eu tenho que ir, até mais ver! – Eu disse subindo no meu cavalo.

- Ramon meu aniversario é na sexta, por acaso você vai? – Perguntou ela me pegando de surpresa.

- Vou sim – Respondi sem graça.

- Ainda bem, vai ser muito legal! – Ela disse se despedindo.

Camila era uma menina pura, ela ao contrario das outras meninas não era maliciosa, só que meu coração pertencia a Valentina, ela era o amor da minha vida e eu jamais a trocaria.

Voltei para casa com o vento batendo em meu peito nu, já que estava sem camisa, o friozinho do fim de tarde era algo que sempre me fazia bem. Passei perto da árvore de amora que me traz boas recordações, aproveito para pegar algumas frutas, O pé já estava velho, porem bem conservado, meu pai sempre preservou as arvores da fazenda e nunca deixou elas morrerem sempre fez o possível para salvar até mesmo aquelas que estavam doentes.

Olhei para o lado e vi Valentina e Felipe vindo um ao lado do outro conversando como se fossem íntimos. Meu sangue ferveu, mas não iria brigar com ela por causa desse idiota, parei e respirei por alguns minutos de olhos fechados até que abri meus olhos e vi Felipe a abraçando. Aquilo foi a gota d'água, não iria aturar aquilo bem na minha cara, parti para cima dele e o enchi de socos. Valentina tentava me tirar de cima dele, mas eu estava cheio de ódio e consumido pelo ciúmes, não tinha nada que me tirasse dali. Saí de cima dele apenas depois que vi o sangue começar a espirrar em mim, sua boca e nariz estavam sangrando e seus olhos estavam feridos. Ele teve o que mereceu e não adiantava se fingir de santo, pois eu sabia que não era.

Peguei Valentina pelo braço, mesmo a contra gosto em deixar ele lá caído no chão todo machucado, a levo para sua casa.

- Você passou dos limites Ramon! Eu não sei se devemos continuar juntos! – Dizia ela me olhando.

- Valentina ele está tentando nos separar esse é o plano dele desde o começo, ou você acha que eu faço isso com todo mundo? Você me conhece sabe que não sou de fazer essas coisas só que ele te abraçou... Caramba isso não é normal. – Digo impaciente.

- Ramon pare! Por favor. Você não esta vendo que está fazendo um papel ridículo? Você quase matou Felipe e ainda não me deixou ficar lá, você tem que descansar e esfriar a cabeça porque desse jeito não vai dar. – Valentina disse entrando em casa.

Ela não sabia, mas Felipe não era boa peça vi isso logo quando ele a abraçou e não vou deixar que ele destrua minha relação com Valentina.

Peguei meu cavalo e segui para minha casa. O dia foi longo, meu corpo ainda estava molhado e agora com vestígios de sangue. Joguei minha camisa no sexto de roupas sujas e segui para o chuveiro. Geralmente as pessoas gostam dos banhos quentes, porém eu gosto do banho gelado, não por ele esfriar a cabeça, mas porque ele é revigorante.

Deitei por uns minutos em minha cama e então escutei uma gritaria no andar de baixo, ao que me parecia era meu pai e minha mãe que estavam brigando novamente. Olhei pela janela e então escutei um barulho alto e forte que me fez correr até a sala de nossa casa, desci correndo as escadas e me deparei com um cara que conversava com meu pai e jogava tudo que via pela frente.

Ele olhou para mim com uma cara de ódio e então veio em minha direção, corri o mais rápido que pude, pulei pelo balcão da cozinha enquanto ele tacava pratos panelas e até mesmo o vaso de plantas em minha direção, consegui me jogar no chão a tempo de me esquivar de uma faca. Corri em direção as escadas e então ele pulou me fazendo cair e segurou minha perna direita. Eu tentei me soltar, mas ele era mais forte. Meu pai pegou um bastão de madeira e o acertou bem nas costas, foi o que me deu tempo para correr.

Subi as escadas correndo, entrei em meu quarto e tranquei a porta. Senti que alguém chutava a porta, o que me fez cogitar que a única forma de sair dali era pela janela. Olhei para a porta cada vez mais sendo forçada e embora eu fosse forte não aguentaria sozinho com aquele cara, muito menos sem saber o por quê de todo aquele alvoroço. A minha porta estava sendo quebrada e sem pensar duas vezes me arrisquei a pular pela janela.