- Sucio, cierra la boca! – Traduziu Helena: Imundo, cala sua boca!  Novamente ouviu os mesmos passos voltarem de onde vieram, seria silencio total, se Rubens não estivesse soluçando novamente, e chamando sua mãe baixinho, mas era suficiente para Helena ouvir.

- Mãe! Mãe! Não quero morrer! Me tira daqui!

Helena, ao mesmo tempo em que sentiu medo, também sentiu pena.

Passou alguns minutos, olhou lá fora o céu já estava cinza, e não negro, o desespero começou invadir sua alma. Nem escutou nada até que alguém já entrava em sua cela, ela estava entorpecida, anestesiada, a cabeça girando, parecia que ia desmaiar, saiu uma frase de sua boca – Não, por favor! Muito fraco, que nem ela conseguiu ouvir. Repetiu de novo com lagrimas caindo ao chão – Não, por favor! Novamente inaudível.

Foi arrastava pelo corredor a fora, pois não tinha pernas para andar, chegou a um pátio, tinham dois caminhões militares, pegaram-na e jogaram para cima pra dentro da caçamba de um dos caminhões, uma mão forte a segurou, e colocou-a sentada em um banco algemando-a em uma barra de ferro. Olhou para outros ocupantes do caminhão, cinco soldados e mais três pessoas, não conheceu ninguém.

Onde será que enfiaram Rubens? – Pensou ela consigo mesma.

Olhou para a traseira aberta do caminhão, não viu nada, ouviu alguém pro lado de fora gritando algumas ordens, não conseguiu similar nada, não estava com cabeça para isso, alguns segundos depois, o caminhão estremeceu-se todo, e começou a andar, ainda não tinha amanhecido completamente, mas da onde estava, olhando para o horizonte, dentre as montanhas via-se o alaranjado do sol nascendo, uma paisagem linda se não fosse a circunstancia, o caminhão rodou entre solavancos e outros por alguns minutos, ou horas, Helena não saberia dizer, até que parou.

Os soldados começaram a tirar as algemas e descer as outras três pessoas para fora do caminhão com as mãos atadas para trás, assim como ela.

Fora do caminhão, olhou a sua volta, estavam em uma clareira de uma floresta, tinha mais dois caminhões além do que ela veio e alguns jipes militares. Os soldados começaram a empurrar os presos em fila indiana, até o meio da clareira, Helena teve um choque quando olhou a sua esquerda, viu três troncos de madeiras fincados ao chão e atrás destes troncos a distancia de um metro um buraco enorme cavado, e o monte de terra ao lado do buraco.

Meus Deus! Isto é uma cova! – Começou a orar em pensamento.

Pai Nosso que estás no céu...

Sua oração foi interrompida com uma coronhada de fuzil em suas costas. Tinha parado de andar de pânico.

- No pares! – Gritou o soldado após bater em suas costas.

Passaram pelos troncos, e uns cinco metros adiante, viraram os quatro de frente para os troncos, os soldados chutaram os joelhos por trás para fazê-los dobrar, sendo assim todos os quatros caíram de joelhos ao chão.

- De rodillas! – Gritou o soldado pra ela.

Helena pensou consigo mesma: Estes soldados tem o péssimo hábito de fazer primeiro, depois mandar! O Soldado fizera igual à coronhada em suas costas, primeiro bateu, depois falou pra andar, mesma coisa agora.

Até este momento ainda não tinha notado, Helena olhou para seu lado direito, tinha mais um grupo de joelhos no chão, contou, ao todo eram nove pessoas, e dentre elas estava Rubens. De certo vieram em outro caminhão.

E viu que assim que caíram de joelhos, alguns soldados selecionaram três homens, no grupo todo com ela era três mulheres e seis homens, levaram os três para os troncos, amarram cada um em um tronco em pé. Os homens amarrados estavam serenos, não demostravam nenhuma emoção.

Um comandante com uma espada prateada posicionou a uns quatro metros de frente onde os presos estavam, e vieram três soldados portando fuzis, posicionaram ao lado do comandante.

Este levantou a espada para o alto, quando ele levantou a espada, os três soldados ao lado dele, apontaram os fuzis em direção dos presos, foi um minuto eterno, até que a espada desceu cortando o ar, ao mesmo tempo o comandante gritou ordenando.

- Fuego!

As três armas cuspiram fogo. Helena, viu a cena em câmera lenta, na ponta da arma saindo uma pequena chama de fogo de cada fuzil, um barulho seco unificado dos três disparos e por fim os corpos tombando um para cada lado sem vida.

As mulheres ao seu lado eram fortes, todas elas firmes, com a mesma serenidade dos homens executados, destemidas, eram verdadeiras guerreiras, Helena, também era forte, mas cada uma a sua maneira, ela não estava preparada pra isto, seu corpo tremia todo, seu queixo batia, de medo, de pavor, de angustia.

Olhou novamente para os três corpos sem vida, outros soldados agora desamarravam seus braços, após terminarem, arrastaram para a vala que estava a um metros deles, jogaram os corpos na vala como se joga um saco de lixo na lixeira.

Desta vez, mais três homens, os únicos presos homens que sobraram, foram levados e amarrados no tronco. Da onde estava, amarrado, Rubens procurou os olhos de Helena, buscando algum conforto, Helena retribuiu, olhou no olho dele, sem esperanças, era o fim, Helena estremeceu. Helena viu que o medo dele era tanto, que suas calças estavam ficando mais escuras, próximo a genitália, Rubens mijara nas calças de medo e pavor.

Ele começou a chorar, um choro incontido.

- Não, Não, Não! Por favor! Não! Não quero morrer! – Gritava ele.

Meio aos berros dele ouviu-se novamente o comandante.

- Fuego!

Helena fechou-se os olhos, apenas para ouvir o silencio após os disparos.

Rubens também estava morto, ela preferiu não olhar para os soldados jogarem eles na vala.

Ficou de olhos fechados até que sentiu alguém com as mãos fortes nos seus ombros e braços, foi quando o soldado a colocou de pé, foi como se as pernas dela tivessem molas, da mesma forma que o soldado levantou-a, ela desceu desmaiada. Suas vistas no inicio pareciam que estavam com um monte de pingos preto vindo ao encontro de sua visão, logo depois escureceu tudo.

Quando recobrou a consciência, foi um tapa na cara que um dos soldados aplicou, para acorda-la.

Ela já estava amarrada no tronco, desespero total. Não conseguia manter-se em pé, os joelhos insistiam em dobrar, outro tapa na cara, este doeu mais, até que amarraram os joelhos entrelaçando com o troco, para ele continuasse em pé.

As vistas estavam turvas ainda, mas viu o brilho da espada levantar ao encontro do sol.

Fechou os olhos, estava desmaiando novamente, a única coisa que ela ouviu bem longe no seu consciente foi disparos dos fuzis.

Fronteira da CaveiraWhere stories live. Discover now