23: De Volta Dos Mortos

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     Ao desembarcar no aeroporto, como esperado, foi muito tumultuado. Centenas de repórteres e fãs faziam filas para conseguir atenção do bilionário. Com certeza as inúmeras perguntas se fossem feitas ali, não o permitiriam sair tão cedo. Com ajuda de Pedro e alguns seguranças foram o mais rápido possível até o carro em frente a entrada do aeroporto. Durante o trajeto até a mansão Lancaster, os amigos conversaram sobre tudo o que aconteceu na empresa, os movimentos, as quedas e subidas nos valores dos produtos em geral de cada loja. Como o moreno já sabia de tudo o que se passava, ficou evidente algumas omissões do que realmente era importante. Por exemplo, Pedro não disse nada sobre a fornecedora de comida está sendo processada por uma mãe furiosa após quase ver o filho morrer logo depois de comer um doce estragado, muito menos falou do erro de fabricação que por pouco não ocasionou a morte de um corredor de pista. Pietro só não entendia os motivos para ele estar fazendo isso. Confiava cegamente no amigo, tanto que o deixou como responsável principal por tudo em Sidney antes de viajar.

      O trajeto até a casa não demorou muito, o conversível ia pelas estradas em mais de cento e vinte quilômetros na tentativa de despistar os paparazzis atrás. Ao chegar precisou ir pela entrada dos fundos, uma passagem que nenhuma pessoa fora da família conhecia, para muitos era simplesmente um muro de pedra coberto por plantas  mas por detrás havia o portão. Passando pela cozinha e indo direto para sala, paralisou. Seus olhos claros como o céu em dia sem nuvem, notaram as mudanças feitas: O contraste preto dos móveis e das paredes não era mais visto como antigamente, no lugar e deixando o ambiente bastante iluminado três grandes janelas. Não que tenha ficado feio, muito pelo contrário, porém, se a sala estava decorada do jeito antigo foi porque Lancaster havia pedido, ou seja, apesar de deixar a mansão nas mãos de Pedro, isso não lhe dava o direito de mudar nada dali. Conversaria com Wich outrora e também fom um bendito arquiteto que pudesse redesenhar, reformular, fazendo as adaptações necessárias para que o resto da casa entre em harmonia com a sala. De verdade, odiava gastar dinheiro em casa se não fosse necessário. Ainda naquele cômodo, a fileira de funcionários o esperavam. De formal gentil e sútil cumprimentou eles reconhecendo as áreas em que trabalhavam, alguns da cozinha, outros da limpeza e da parte externa da casa (os jardineiros e seguranças). Após isso, os dispensou e rapidamente sentou na sala de estar para esperar por Fernando. Ele e o detetive conversaram por telefone enquanto estava no carro, o investigador precisar conversar urgentemente e pessoalmente. Pedro já não se encontrava mais no recinto, a pedido foi embora e prometeu voltar mais tarde.

     Por falar em mudanças, Nina não quis retornar alegando que estava tudo bem se o marido se ausentasse, resolvesse tudo e voltasse para ela em alguns dias ou ele iria perder o direito de ver o filho. Se o assustou? Talvez. Acontece que aquela não seria a primeira ameaça. Semanas atrás, Pietro teria que viajar para uma cidade vizinha de Sicília para ver alguns documentos que estavam faltando em relação a joga filial horas antes do embarque, a doida surtou e o ameaçou, implorando que não fosse ou ela pegaria o pequeno Liam e iria embora como da última vez no mês anterior. A verdade era que Nina aos poucos ultrapassava os limites de sanidade, impedia quaisquer movimentos do empresário. Na penúltima vez, querendo não correr o risco, ele pediu ao meu irmão, Arthur, ir em seu lugar, bom, graças a Deus não foi em vão aquela decisão. Horas mais tarde, Nina saiu para fazer compras (novamente), Pietro e Liam ficaram sozinhos e enquanto o pai tomava banho, o pequeno herdeiro acabou tendo uma crise convulsiva. Tudo ocorreu bem em seguida, mas ainda assim após irem no hospital, o pediatra passou algumas recomendações caso voltasse a acontecer. Perguntou se alguém da família tinha isso pois geralmente era passado de geração em geração. Ao menos da parte Lancaster não, Nina que ficou um tanto quanto nervosa na hora de responder, e só ali diante a resposta dela, ele percebeu não conhecer muito da família Colt, alguém do lado de lá tinha. Por fim, seguiram de volta para casa e a morena pegou no sono rapidamente, parecia nem estar preocupada com a situação do filho.

[...]

     Alguns minutos depois de ter chegado em casa e passado incontáveis segundos esperando Fernando, recebeu a mensagem sobre o atraso dele e que por hora estava livre. Pietro aproveitou a deixa para subir ao quarto e tomar um banho quente, demorado, relaxado. Quando saiu do banheiro, já estava vestido trajando apenas uma bermuda fresca, fazia calor e ali agradeceu aos céus, sentia saudades do calor constante. Passeava pelos cômodos da mansão até chegar aonde desejava: Em seu escritório. Mas não era um daqueles convencionais, aquele possuía alguns instrumentos como o grande piano branco. Desde o casamento não sentava para tocar. Aconchegou-se no banquinho de madeira com almofada e levantou a tapa que cobria as teclas. Fez o famoso dó, ré, mi, dá, só, lá, sí, dó até puxar uma composição de notas dando início a cantiga. Quando mal percebeu, já estava cantando também.

    ─── [...] It's a quarter after one, I'm all alone and I need you now... And I said I wouldn't call, But I'm a little drunk and I need you now And I don't know how I can do without... - Fez uma parada antes de prosseguir com os últimos versos que se recordava. ─── I just need you now. I just need you now... Oh baby I need you now

      Era a música favorita de irmã falecida. Ela sempre tocava para ele quando estavam naquele lugar. Era... Era como se ainda pudesse sentir a presença dela. Como se ela estivesse ali naquele exato momento. Sentiu quando algumas lágrimas involuntárias correram por seu rosto em sinal de estar chorando. Foi quando ouviu algumas palmas e as tratou de enxugar. Quando se tornou possível olhou na direção em que o sonho vinha e ergueu a sobrancelha diante a visão em sua frente. Diferente da última vez que a viu, ela estava com cabelos longos e loiros, uma maquiagem pesada nos olhos e a boca levemente tingida de rosa, cordões, pulseiras e brincos se destacavam diante ao vestido preto, simples e tubinho. A mulher ali na porta o olhava com um enorme sorrio no rosto. "Não é possível! Eu vi! Eu vi o corpo dela no caixão! Vi seu rosto pálido e marcado pelos machucados. Vimos o caixão ser enterrado com o seu corpo vestido", disse a si mesmo, "isso é um sonho daqueles parecido com pesadelos". Ou uma alucinação.

    ─── Olá irmãozinho. Podemos conversar? - Perguntava se aproximando como se estivesse com ele esses anos todos.

      Lancaster levantou-se rapidamente do local aonde estava dando uma volta no piano e colocando-os longe um do outro. Seu coração subia, descia freneticamente junto a respiração acelerada. Houve um misto de emoções inexplicáveis tão forte que o fez desmaiar e a última lembrança foi a voz de Isadora pedindo por ajuda. E ali ele teve a certeza: Ela estava viva.

N/AWoW!!! Isadora estava viva esse tempo todo

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WoW!!! Isadora estava viva esse tempo todo.

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