Capítulo 1 - Um mundo em que não irá mais sair

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Levou quase um mês para chegar até a vila que Aaminah lhe indicara. Apesar de não esperar por aquilo, a anciã lhe informou sobre o caminho que ele poderia seguir sem problemas e lhe deu um nome: Naile. Era ele quem deveria procurar.

Erik respirou fundo e encarou o lugar a sua volta. Era praticamente um vilarejo, com poucas casas e ruas de chão batido. Ali não nevava ainda, mas era possível sentir o vento gelado vindo por suas costas. Não tardaria a escurecer, e com a noite viria o frio intenso.

Ao se aproximar da vila, procurou algum lugar onde pudesse passar a noite; no dia seguinte iria procurar por Naile.

Já estava no final da rua de chão quando viu uma placa do que parecia ser um bar ou algo que funcionava como tal. Teria que entrar e perguntar onde poderia se hospedar. Porém, ao levantar a mão para bater na porta, um homem a abriu, encarando-o com certo receio. Ele era negro, alto, com olhos tão escuros que não pareciam normais. Porém antes que pudesse dizer algo em sua defesa, o homem olhou para a rua em volta, apreensivo. A atitude era contrária a reação que ele esperava como certa. Ao conferir que não havia ninguém os observando, o homem negro puxou-o para dentro com rapidez e trancou a porta.

- Está se arriscando com essas roupas. – o homem lhe disse, fechando as cortinas das janelas para diminuir a iluminação.

- Desculpe?

O homem rolou os olhos e apontou para as escadas.

- Venha. Vou lhe dar algo para comer, um quarto e roupas novas. Assim, podemos conversar tranquilamente.

Erik assentiu, não compreendendo totalmente o que via. Sua Intueri lhe dizia para seguir aquele homem. Portanto, subiu as escadas.

O quarto era simples: apenas uma cama, com uma pequena cômoda do lado direito. Em cima dela, o homem depositou uma bandeja com uma sopa quente que trouxera junto. Com fome, o viajante atacou a comida assim que o homem lhe indicou que poderia comer. E, quando terminou, encarou-o desconfiado.

- Ainda não compreendi todo esse alarde.

- Suas roupas. – o homem apontou simplesmente – São de algodão cru. Quem, nesse mundo, usa esse tipo de roupas, lhe pergunto?

Erik quase bateu em si mesmo. As roupas.

- Os Rebeldes. – resmungou, contrariado.

- Sim. Portanto, é um deles. Se, por algum acaso um Oculto estivesse por aqui, imagina o que eu teria que fazer com você?

- Obrigado. – murmurou, constrangido – Estou lhe incomodando e você só quis me ajudar.

- Tudo bem. – o homem sorriu – Ninguém o viu e está a salvo. Meu nome é Naile. Sou considerado o chefe dessa vila.

- Naile! – Erik sorriu, puxando sua mochila e tirando dela uma carta, entregando para ele – Me chamo Erik Otto. Venho da Base Anciã.

Naile pegou a carta e abriu-a, lendo-a em segundos. Sua expressão ficou séria e ele encarou Erik profundamente.

- Aaminah pediu que viesse até mim... Para que exatamente?

Respirou fundo e sentiu sua Intueri agir. Como explicar para aquele homem o que queria?

- Eu preciso entrar na casa dos Moringan.

- Isso é impossível! – Naile deu uma risada, colocando a carta de lado – Aquele lugar é quase uma fortaleza.

- Sim, eu sei. – Erik suspirou e encarou-o de forma séria – Mas há uma maneira de entrar: sendo servente.

Naile ficou estático, com a boca entreaberta. Erik sentiu no mesmo momento que o homem teria como ajudá-lo.

DestinoWhere stories live. Discover now