Era uma vez um menino maluquinho.
Ele tinha o olho maior que a barriga.
Tinha fogo no rabo.
Tinha vento nos pés.
Umas pernas enormes (que davam para abraçar o mundo)
E macaquinhos no sótão (embora nem soubesse o que significava macaquinho no sótão)
Ele era um menino impossível!
Ele era muito sabido ele sabia de tudo a única coisa que ele não sabia era como ficar quieto.
Seu canto
Seu riso
Seu som
Nunca estavam onde ele estava.
Se ele quebrava um vaso aqui
Logo já estava lá
Ás vezes cantava lá
E logo estava aqui.
Pra uns, era um uirapuru
Pra outros, era saci.
Na turma em que ele andava ele era
O menorzinho
O mais espertinho
O mais bonitinho
O mais alegrinho
O mais
Maluquinho.
Era tantas coisas
Terminadas com inho
Que os colegas não entendiam
Como é que ele podia ser
Um companheirão.
Se ele perdia um caderno no colégio
(e ele perdia um caderno todo dia)
Era fácil encontrar seu dono
Seu caderno era
Um dever e um desenho
Uma lição e um versinho
Um mapa e um passarinho
"Esse caderno só pode ser do menino maluquinho"
A melhor coisa do mundo
Na casa do menino maluquinho
Era quando ele voltava da escola
A pasta e os livros
Chegavam sempre primeiro
Voando na frente.
Depois
Entrava o menino
Com seu pé de vento
E a casa ventava
Os quartos cantavam
E tudo enchia
De som e alegria.
E a cozinheira dizia: "Chegou o maluquinho!"
E o maluquinho: Tou com fome! Me dá leite! Cadê a minha bicicleta? Viva a Maria!
Um dia, num fim de ano
O menino maluquinho
Chegou em casa com uma bomba: Mamãe, tou aí com uma bomba!
"Meu neto é um subversivo!"
Gritou o avô
"Ele vai matar o meu gato!"