Capítulo 2 de 5

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Ulisses já tem todo o plano construído em seu subconsciente. Mas ele não sabe.
Televisão ligada, Chirac cumprimenta Bush. Os franceses, revoltados com a visita de George W Bush durante as comemorações, saem às ruas com cartazes. Em alguns dos cartazes aparece a foto do presidente americano com o bigode de Adolf Hitler.
O idealista, ao ver cena pela visão periférica, sente um estalo neural:
- Um jogo! – Exclama animado.
Procura em sua gaveta um CD, instala um software. Sua mente fervilha, tenta escrever as idéias que aparecem, mas elas se cruzam rapidamente. Num bloco de papel desenha o roteiro com tanta intensidade que a ponta da lapiseira quebra várias vezes.
Esquemas sobre esquemas são produzidos. Abandona o computador reclamando que é muito lento. Corre a estante e abre um imenso Atlas geográfico.
Localiza o Texas, volta ao computador e procura na enciclopédia virtual sobre Saturno V. Foguete abandonado, Texas, enferrujado, verbetes atrás de verbetes e não encontra a informação desejada.
Liga para seu amigo Ícaro:
- Ícaro... não és o Ícaro??? Não me faças perder tempo, quero falar com o Ícaro... é, é, o Ícaro... sou o Ulisses!!!
O artista demora a atender ao telefone, Ulisses está impaciente, procura meio a centenas de CDs que possui uma gravação de reportagens de revistas. Segura o telefone com o ombro enquanto insere o CD e escreve os mesmo verbetes sobre Saturno V. Enfim encontra.
Enfim o artista pergunta no fone o que Ulisses deseja.
- Eu desejo simuladores de vôos de ônibus espaciais, informações sobre onde estão os módulos de pouso, contatos com os russos que tu possuis. E número da Tereza.
Ícaro demora um pouco para assimilar os pedidos de Ulisses, e quando assimila, pergunta:
- Por que?
- Nós vamos montar um bar na Lua.
...
- O que foi Ícaro?
- Eu não acredito...
- Já era esperado, bom, vou convencê-lo. O mundo está sendo destruído, mas se a mesma humanidade que a destrói não faz nada para sobreviver a esta destruição ela está se destruindo, certo?!
- Autofagia??
- Suicídio coletivo. Queimamos petróleo e acabamos com a atmosfera, indústrias, automóveis, caminhões produzindo monóxido de carbono.
- Monóxido? – A voz de Ícaro revela o quanto está feliz em corrigir o seu amigo. – queimar hidrocarbonetos produz dióxido de carbono.
- A queima é por explosão, e por isso incompleta. Compostos iônicos são liberados infectando outras matérias, são duas valências meu amigo. Basta o Enxofre e temos a chuva ácida. Nesse passo a Terra vai se tornar numa segunda Vênus.
- O inferno de Dante. Mas no que vai ajudar um bar na Lua.
- Simples, vamos pegar emprestados os ônibus espaciais dos EUA's, isto os forçará a desenvolver os aviões orbitais, a não ser que peçam ajuda dos russos para trazê-los de volta. Com esses aviões orbitais o custo por quilo no espaço vai abaixar de cinco mil dólares para cem dólares. Vai ser bem mais fácil ir ao espaço. Não lua não há nada mais para ser explorado, mas a partir do momento que tivermos uma base auto-suficiente lá eles terão motivos para visitá-la. Quem sabe resolvam ir a Marte. Talvez este novo ímpeto mude a visão entediada da humanidade e a faça abandonar esta caminhada decadente para a autodestruição. Quanto a nós, montaremos colônias, viveremos mais sobre uma gravidade menor que a da terra, e, seremos lucrativos recebendo cardíacos milionários que queiram viver mais. No princípio seremos uma base pequena auto-suficiente com o projeto Marte também "emprestado" da Nasa.
- Certo, mas isto não me convence.
- Que sejamos capazes de ir à Lua? Sabes que próximo ao pólo existe um poço com água congelada, possivelmente proveniente de um choque com um cometa? Existe tecnologia disponível, temos os contatos.
- Não é isso Ulisses, eu não acredito que consigas falar com a Tereza.

LunabarWhere stories live. Discover now