Capítulo 1

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               Ninguém conseguiria imaginar que seu relacionamento terminaria quando estivesse completamente apaixonada. Que a pessoa que sempre fizesse tudo para ser feliz, destruísse tudo em você com apenas algumas palavras, sem importar com seus sentimentos. Tudo que fiz e senti por ele foi pela primeira vez. Pensava que ficaríamos juntos para sempre. Não adivinhava que chegaria o dia que tudo acabaria daquela forma. O amor é tão complicado e ninguém entender. Até mesmo quem já conseguiu passar dessa fase. Já se passaram dois anos que não temos mais contato e mesmo assim, não consegui esquecê-lo. Não se pode terminar um namoro por telefone. Para falar a verdade, provavelmente ele nunca sentiu nada por mim. Luan foi alguém que marcou muito minha vida e seria difícil apagá-lo. Ainda mais por causa do par de brincos em forma de borboletas que me dera em nosso primeiro encontro. Não consigo me desfazer deles e ainda uso praticamente todos os dias. Já faz parte de mim.

               Às férias acabou e tive de voltar para a realidade. Não estava gostando nenhum pouco disso. Mas precisava iniciar uma nova vida. Esquecer-se do passado e tentar seguir em frente. Não queria mais ser influenciada por alguém que jogou tudo que sentia fora.

               – Bom dia Elena! Como foram suas férias? – Aline perguntou.

               – Bom dia Aline! Sabe como é né... Ainda estou viva! – Eu disse meio desanimada.

               Aline é minha melhor amiga e sabe tudo que aconteceu comigo desde sempre. Às vezes ela tenta me animar, apesar de não dar muito certo, mas vale a intenção. Ela tem um carisma e beleza sem igual. Morena e com seus olhos verdes sempre conseguiu fazer qualquer garoto morrer de amores por ela. E seu maior passatempo é comer.

               – O professor desse horário faltou hoje, então estamos com uma aula vaga. O que achar de passar rapidinho na lanchonete parar tirar esse baixo astral? – Pergunta Aline sorrindo.

               – Aline, você só pensa em comer. Não sei como não engorda.

               – Minha mãe sempre disse que puxei ao papai, uma maquina de comer. Ela já me alertou sobre os cuidados que preciso ter, pois depois dos vinte anos tudo muda. – Ela sorriu.

               A lanchonete é muito famosa por causa dos seus sanduíches especiais. Tanto que até antigos alunos voltam à escola apenas para comer. Apesar de não gostar muito, sempre acompanho minha amiga em suas aventuras alimentícias.

               – Cuidado Aline, lembre-se do que sua mãe disse.

               – Não enche! – Ela me ignorou.

               Sempre me pego pensando sobre tudo que tivera acontecido no passado e até pareço uma maluca por causa do silêncio que deixo pairar sobre mim do nada. Se relacionar com alguém é complicado demais e pode acabar com qualquer um.

               – Estava pensando... Esse final de semana vai ter uma festa para os antigos alunos da escola que estudamos e o principal requisito seria chegar acompanhado. Você tem alguém para festa? – Aline perguntou.

               – Não estou com cabeça para esse tipo de coisa... E mesmo se quisesse, não tenho ninguém para me acompanhar. – Dei de ombros.

               – Acho que já passou da hora de você conseguir um namorado, Elena. Não pode viver no passado para sempre. Você é muito bonita para acabar assim.

               Para ser sincera, tenho medo de me envolver com outra pessoa depois de tudo que aconteceu. Se me apaixonar por alguém e tudo acontecer novamente, não sei se conseguiria resistir.

               – Não é simples assim... – Eu disse pensativa.

              Nunca consegui me descrever, mas poderia usar as palavras de mamãe. Sou uma loira magrela dos olhos verdes e com uma altura abaixo da média das meninas normais. Números não vêm ao caso, mas como ela diz, pareço com uma boneca. Não sei se quis dizer no bom sentido. Ah, deixa pra lá.

               – O sinal tocou! Precisamos nos dirigir ao auditório agora ou perderemos a palestra. – Aline disse puxando-me pelo braço.

               O pior momento da aula é quando o Diretor nos obriga a ficar um horário inteiro escutando a programação escolar daquele mês. Acho que é desnecessário, mas não podemos fazer nada quanto a isso.

               – Vamos sentar lá atrás, Aline. Assim ninguém vai nos perturbar e poderemos dormir tranquilamente porque o tanto que ele vai falar, ficaremos sonolentas. – Eu disse sorrindo.

               Não sou muito sociável, então prefiro ficar quieta nos lugares onde há pouca gente. Assim evito futuros conflitos. Logo começou a ladainha do Diretor.

               – Bom dia Elena! Posso sentar aqui?

               Nesse momento perdi a força do corpo. Não imaginava que algo assim poderia acontecer. Encontrar Davi e daquela maneira era algo que não esperava. Fiquei sem reação e não consegui pronunciar uma palavra sequer.

               – Isso foi um não? – Davi disse enquanto começou a sair dali.

               Segurei sua mão.

               – Me desculpe Davi. Ando meio voada, mas pode sentar sim.

               Davi é um gato! Já presenciei muitas garotas se derreterem de amores por ele. Mas nunca o vi com alguém. Estudamos juntos e ele até já se declarou para mim. Mas como estava com Luan e não o trocaria jamais, tive de negar seu pedido. Porém, pensando bem, talvez eu devesse ter ficado com Davi, assim não teria acabado daquela maneira. De qualquer forma já é passado e ele nunca iria querer algo comigo.

               Conversamos sobre muitos assuntos e como ele acabara na mesma escola que eu. Aline parecia muito admirada com Davi e seu jeito falar. Seus olhos brilhavam enquanto prestava atenção em tudo que ele dizia.

               – Estava pensando aqui... Esse final de semana terá uma festa para os antigos alunos da escola que estudamos e apenas casais podem entrar dessa vez. Sei que foi meio repentino e que faz algum tempo que não nos falamos, mas você gostaria de ir comigo à festa? – Davi disse sorrindo para mim.

               Era imaginação minha ou ele estava me convidando para um encontro? Não! Provavelmente naquele momento ele não tinha uma escolha melhor. Talvez ele tivesse namorada, mas por algum motivo que não sei, ela não poderia acompanhá-lo.

               – Sim! Ela vai com certeza! – Aline tomou minha frente.

               – Aline! – Eu disse olhando para ela com olhos assassinos.

               Aline como boa samaritana sempre tentando me ajudar, mas às vezes esquece a vergonha que o posso passar por causa de sua língua afiada.

               – Gostaria muito que fosse comigo, mas se já tiver alguém para ir junto vou entender perfeitamente. – Disse Davi.

               – Não tenho ninguém para me acompanhar, então posso ir com você, se desejar.

               Quem imaginaria que na palestra mais chata do Diretor, poderia acontecer algo bom. Nesse momento um silêncio tomou todo o espaço e nossos olhares se cruzaram por alguns instantes até que fomos interrompidos.

               – IUPIIII! – Grita Aline de tanta felicidade – Agora não há desculpa para não ir à festa, Elena.

               Naquele instante senti tanta vergonha que o melhor seria enterrar minha cabeça no chão e morrer ali mesmo. A vontade era de esganar Aline por causa de tudo que estava me fazendo passar. Mas mesmo assim não foi de todo ruim, pois seria o início para esquecer meu passado. Algo que queria me livrar o mais rápido possível.

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⏰ Last updated: Oct 09, 2016 ⏰

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O Efeito da MentiraWhere stories live. Discover now