Quando cheguei eles já eram ricos, não precisavam ter dividido comigo cada centavo como fizeram, mas eles fizeram isso e pago com meu esforço. Os irmãos Stefanos nunca vão se arrepender de terem me salvado.

Não é fácil me reunir com a família, com aquele monte de crianças correndo e me lembrando o passado, se posso fugir disso eu fujo, mesmo que eles não entendam muito bem. Amo toda essa enorme família que tenho, com cunhadas e sobrinhos, apenas não sou como eles, gosto de me isolar, não me encaixo como os outros. Me esforço, mas as vezes preciso me esconder um pouco de tudo para não abrir as feridas.

Suspiro, balanço a cabeça quando o passado começa a me dominar e as lembranças perigosas querem surgir. Reúno os documentos e sigo para minha reunião.

É claro que demora muito mais do que o planejado, é noite quando volto para minha sala com mais uma pilha de coisas para fazer. Simon entra junto comigo.

─Vai ficar até mais tarde pelo visto. – Ele diz olhando minha mesa repleta de coisas pela metade.

─Vou. Nada de drinks no final do expediente hoje.

─Tudo bem. Você nunca foi bom nessa coisa de aproveitar a vida.

─Você podia ser um Stefanos de tanto que se mete na minha vida. – Resmungo com ele que ri despreocupado e se senta.

─Sua governanta ligou.

─A senhora Kalais? – Encaro Simon, ela nunca liga, a mulher morre antes de me incomodar, vive na mesma casa que eu e posso passar dias sem notar sua existência de tão discreta que é. – O que ela queria?

─Disse que vai espera-lo hoje, tem um assunto importante.

─Problemas aposto.

─Acho engraçado como ela é formal, podia só espera-lo e conversar, mas ela liga para avisar. Nem parece aquele povo divertido que trabalha na casa do seu irmão Leon.

─Ela é mesmo muito formal, gosto muito disso, meu apartamento é meu santuário. Gosto do silencio e da solidão que só encontro lá, mas de fato ela exagera.

─Ah! Sua cunhada ligou. Quer saber se vai para Kirus no fim de semana, disse que todos estão lá.

─Lissa? – Pergunto e ele afirma. – Eles esquecem que entre esse prédio e a ilha de Kirus tem um oceano, se me querem perto toda hora porque não se mudam para o outro lado do Central Park?

─Aí sim você reclamaria. ─ Um arrepio percorre meu corpo, nunca mais teria um dia de paz.

─Provavelmente. Eu ligo antes de ir embora e aviso que não vou.

─Nesse caso acho que acabamos por hoje.

─Pode ir Simon, antes de ir deixo esses papéis assinados na sua mesa. De manhã vou estar na associação.

─Obrigado. Te vejo amanhã. Se precisar de qualquer coisa na associação me avisa.

─Você trabalha para a empresa Simon, não tem que fazer isso e sabe que não vou pedir.

─Você é tão certinho que irrita. Fico me lembrando de quando queria copiar seus trabalhos e não deixava. Cara chato. Não quero ganhar nada para te ajudar na associação, também posso fazer trabalho voluntário as vezes.

─Sabe onde fica. É só ir lá e se oferecer para ajudar. Tem sempre alguém precisando.

─Qualquer dia faço isso. Tenho que ir, marquei uns drinks com duas gatas, mas claro que vai me deixar na mão, isso é bem ruim, vou chegar lá sem o último Sefanos solteiro e vou me dar mal. Que adianta ter um amigo milionário se não serve nem para me ajudar a pegar mulher?

Paixões Gregas - Sempre te amei (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora