24. Traição

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— Você não tem limites? — Disse ele, e logo depois se aproximou do homem. — Deixa eu te ajudar. — O homem estava com a mão elevada ao rosto, tentando estancar o sangue. Ele olhou rapidamente para Brian e lançou um espinho na direção dele com a mão livre. Brian deu um salto certeiro, o espinho passou colado por debaixo de sua bota, e veio em minha direção. Fiz um escudo de gelo, me protegendo. O espinho ficou encravado no meio do escudo, o joguei contra o chão, se quebrando em pedaços grandes. — Deixa eu te ajudar. — Brian insistiu.

— Eu vou matar essa garota. — O homem passou por Brian e veio correndo em minha direção, levantou o seu braço e fechou o punho. Pude ver encrustados em seus dedos pequenos espinhos. Congelei o meu braço e o ergui me protegendo do provável soco. Senti os espinhos perfurarem a camada de gelo. Cambaleei para trás, e esfreguei o meu braço atingido.

O homem veio novamente até mim, mas Brian o segurou, prendendo seus braços para trás. O homem se debatia descontroladamente, muitos espinhos surgindo em várias partes do seu corpo.

— Se você não se controlar e guardar os espinhos, eu vou entrar em chamas de novo, e infelizmente, vou ter que te queimar. Você não está escutando as sirenes. As Forças Especiais estão chegando. O que você prefere? Deixar esse assalto de lado e vim com a gente, ou continuar o assalto e ter que lidar logo em seguida com as Forças Especiais?

Qualquer pessoa sensata, não iria querer enfrentar as Forças Especiais. O Estrago já estava feito, mas nada comparado ao tamanho do corte que eu havia feito no homem, Marc para ser mais precisa. Seguimos para um prédio, e de longe vimos as Forças Especiais se aproximarem do local. Marc gemia de dor, e pediu que Brian o levasse logo, para onde quer que seja.

O Mascarado se despediu de mim, enquanto levava o homem em sua prancha.

— Eu ainda vou deixar uma bela marca em seu rosto. Isso é uma promessa. — Mac me disse. Dei de ombro e os observei desaparecerem na noite.

A única coisa que me preocupava no momento era Brian na companhia desse lunático. Eu disse que eu poderia ir com ele, mas recusou a minha presença. Motivo: Eu nunca pensava antes de agir. Isso de tudo não era uma mentira, mas eu o podia o proteger caso algo desse errado com Marc.

Dois dias depois

Meus encontros com Brian estavam se tornando mais comum do que eu previ. Já era a segunda vez que nos veríamos naquela semana.

— Fiquei preocupada com você. — O abracei instintivamente, o soltando tão rapidamente quanto foi o abraço. Mais uma vantagem de se usar mascara, seu rosto coberto evitava de mostrar o rubor. — Por que você não me respondeu quando te chamei?

— Não estava disponível.

— Ocupado com a namorada? — Tentei arrancar alguma coisa dele.

— Eu não tenho namorada, Sara.

No mesmo instante um carro do corpo de bombeiros passou com as sirenes ligadas embaixo dos prédios onde estávamos.

— Acho que isso é trabalho para nós dois.

— Quem você acha que apaga o fogo primeiro? — Eu o desafiei, e Brian me repreendeu pela minha falta de seriedade.

Duas semanas depois

Salvamos um banco em uma madrugada de ser assaltada por dois mutantes que tinham a habilidade de atravessar objetos sólidos. Na verdade, os detemos por algum tempo até as Forças Especiais chegarem e os capturar. Eles estavam mais preparados do que nós dois para esse tipo de mutante com esse poder especifico.

3 meses depois

Encontramo-nos várias vezes durante esse período de tempo, sempre sendo interrompidos por algum pedido de socorro. Hoje, diferente dos outros dias, parecia está tudo calmo e em perfeita sincronia.

Sentados sobre a cobertura de um prédio, observamos o vai e vem dos carros. A luz da cidade deixava a noite mais bela e enigmática. Ainda não havia conseguido tirar nada da nova vida de Brian. Ele estava irredutível no quesito em não falar da sua vida particular, mas isso não significava que eu iria desistir facilmente.

— O que você vai fazer depois daqui? — Perguntei.

— Dormir. — Escutei a risada de Brian abafada pela máscara.

— Eu estou falando sério.

— Eu também, Sara.

— Você poderia me falar um pouco mais de você.

— Não há nada de interessante na minha vida que possa ser dito.

— Você é irredutível. Nós já nos vimos quando éramos crianças. Não há necessidade de ficar nos escondendo um do outro. — Brian fitou o chão.

— Então por que não seja você, a primeira a tirar a máscara? — Brian colocou sua mão sobre a minha. Tirei a minha mão da dele e a repousei sobre o meu colo. — Do que você tem medo, Sara?

— Em relação ao que você está falando exatamente?

— O medo que você demonstra ter em se apaixonar por mim. — Me coloquei de pé. Minha mente estava a mil por horas. Como Brian pode ter se tornado um cara tão convencido?

— Não seja ridículo! Isso jamais passou pela minha cabeça.

— Então por que tirou a mão?

— Isso é muito íntimo. Acho que só deve ser feito por namorados. — Se Brian pudesse me ver agora, poderia perceber na minha face o quanto eu estava nervosa diante desse confronto.

— Amigos também seguram na mão um do outro. — Brian se pós de pé e caminhou até mim. E eu implorava mentalmente para que ele não chegasse mais perto.

— Por que você está fazendo isso?

— Eu não estou fazendo nada, Sara.

O meu corpo já estava pressionado contra o de Brian. Ele tocou em minha face, e me olhou nos olhos enigmaticamente, parecia que ele podia me ver através da máscara. Não sei exatamente o que estava acontecendo comigo, mas eram muitos sentimentos se embaralhando no meu interior.

Merda! Brian é meu amigo. John é meu namorado. Mas se Brian fosse meu namorado, bem, não haveria necessidade de eu ter que esconder nada dele. Eu poderia ser eu mesma o tempo todo. Poderia usar os meus poderes livremente. Poderia tocá-lo sem ficar me preocupando se eu iria ou não o machucar.

— Fecha os olhos, Sara! E não abra de maneira alguma. — Não foi um pedido, mas sim uma ordem.

Como uma menina obediente eu fiz o que Brian me pediu. Ele abaixou a cabeça, senti quando a sua máscara foi recolhendo até a boca, fiz o mesmo, senti o seu hálito quente contra o meu gelado. Nossa boca estava exposta, nuas, para que qualquer um dos dois que quisesse descobrir algo através dela o fizesse, mas estávamos proibidos de abrir os olhos.

Senti os lábios de Brian tocar o meu, enlacei o seu pescoço e me permitir ser beijada por ele. Os seus lábios eram quentes, os meus gelados, e um misto de gelo e fogo era sentindo ali. Eu estava livre para agir naturalmente. Eu não queria soltá-lo jamais, mas um arrependimento tomou conta de mim. O que eu estava fazendo era errado.

Soltei o lentamente e ele fez o mesmo. Quando abrimos os olhos, a parte do nosso rosto exposto já estavam cobertas.

E eu fugi, como uma garotinha assustada.

Deslizei sobre o gelo até chegar à calçada sem olhar para trás. Deixei Brian só, não queria tocar no assunto, e o mais sensato a se fazer era fugir dele, nem que eu tenha que fazer isso para sempre.

Sopro Congelante (Completa)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora