Ela forçou seu próprio corpo para trás e sem conseguir apoio por causa da perna dela, Lucas se desequilibrou e os dois caíram. Não devia ter subestimado a garota, pensou, receoso de ter que cuidar dela da mesma forma que já cuidou de outros.

Sophie se recuperou da queda e levantou rápido, mas não o suficiente. Lucas agarrou o tornozelo dela e dessa vez a garota sentiu dor por ter caído em cima de seu próprio braço. Antes de conseguir pensar em algo mais além da dor, ele já estava sentado em cima dela, prendendo seus braços na lateral do corpo e colocando todo o seu peso.

Por mais que sentisse medo dele e dor, no momento em que Lucas pegou a chave, Sophie percebeu o receio e o cuidado que ele teve ao tocá-la, apenas pegando a chave, diferente da ideia que quis passar antes.

Ele balança a chave e comemorou. Sophie tinha certeza de que no momento em que Lucas passasse pela porta, nunca mais saberia o que ele queria ali, provavelmente nem o veria mais.

A verdade é que se ele a quisesse machucada, já teria feito e isso só a deixou hesitante em usar seu último recurso para pegar a chave de volta e fazê-lo falar.

— Desculpa! – Ela mordeu o lábio, em antecipação ao que faria e deixando-o confuso. Mas a confusão dele durou pouco, porque em seguida ela levantou uma de suas pernas e não demorou para Lucas ficar encolhido em posição fetal no chão ao lado dela.

Sophie pegou a chave, com dificuldade por causa do mau jeito que tinha dado no braço ao cair, sentou de pernas cruzadas no chão, com as costas apoiadas no sofá, recuperando o fôlego. Enquanto esperava o invasor se recuperar da dor, fingindo não se importar com a carreira de palavrões que ele soltava entre dentes cerrados.

— Ainda estou esperando você me responder. – Arrumou o cabelo o melhor que pôde e guardou a chave no bolso de trás da calça.

Não queria que ele tivesse tempo de se recuperar totalmente. Achava que dessa vez Lucas não se preocuparia em machucá-la e uma briga com ele seria derrota na certa.

— Isso foi golpe baixo! – Reclamou, tentando se levantar e devagar, ele sentou no chão, ficando de frente para ela, seus olhos vermelhos de raiva, ou de lágrimas, ela não tinha certeza.

— Eu sei, por isso pedi desculpa, não tive escolha. – Respirou fundo, pensando naquela situação, do sonho estranho que teve enquanto dormia no carro e no que ouviu no porão. — Não me enrola! O que você veio fazer aqui?

— Eu vi a casa vazia e resolvi entrar para ver se tinha algo de valor. – Foi a melhor desculpa que conseguiu pensar com a dor que ainda estava sentindo, mas sabia que não ia colar.

— Você não é ladrão, não me faça de idiota! – Gritou, atenta a qualquer movimento dele. — Por que o Fernando te mandou aqui?

Lucas riu, como se Sophie fosse louca, entretanto, não contava em receber uma ligação e entrar em contradição automaticamente. Ela estendeu a mão e sem alternativa, ele desfaz o sorriso presunçoso e entregou o aparelho.

Como já desconfiava, a ligação era de Fernando, ela devolveu o celular.

— Atende e coloca no viva-voz. – Ele hesitou, nada acostumado a receber ordens. — Agora! – Gritou, perdendo todo o controle e Lucas obedeceu, contrariado.

— Oi. – Atendeu irritado com o tom de Fernando. — Não ouvi o celular tocar. – Lucas riu com a pergunta do irmão antes de responder. — Consegui sair e já estou voltando. – Piscou para Sophie. —Tá bom. – A sugestão de Fernando era a mais idiota possível, mas Lucas concordou. — Entendi, vou esperar ela sair e voltamos juntos como se tivesse passando por aqui. Tchau!

Manipuladores do Futuro (1)Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu