Depois que a neve cai

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Então Bowen Marsh parou diante dele, lágrimas correndo pelo rosto.

— Pela Patrulha. – Acertou Jon na barriga. Quando tirou a mão, a adaga ficou onde ele a havia enterrado. Jon caiu de joelhos. Pegou a adaga pelo cabo e a arrancou.

No ar frio da noite, a ferida soltava fumaças.

— Fantasma. – sussurrou.

A dor tomou conta dele. Espete neles a ponta aguçada. Quando a terceira adaga o atingiu entre as omoplatas, ele deu um grunhido e caiu com o rosto na neve. Nunca sentiu a quarta faca. Apenas o frio.

Jon sentia sua vida ser levada embora, assim como o sangue quente que manchava a neve ao seu entorno. O último som que escutou foram os uivos de seu lobo. 'Fantasma, como ficaria o lobo branco agora, será que o matariam da mesma maneira que fizeram com Vento Cinzento e Lady?' Pensou antes de as coisas começarem a sumir. Ele se sentia cansado, com sono. Tudo estava se apagando, a escuridão agora tomava conta do espaço ao redor.

A quanto tempo ele já estava estirado ao chão? Não sabia ao certo, estava perdendo o senso, tudo parecia errado. O comandante da patrulha escutou passos ao longe, eram abafados e ele se sentia exausto até para se forçar a escutar direito.

— Jon. – Escutou chamarem seu nome.

Não queria se virar, não queria levantar. Só queria ficar ali quieto, com sua dor. Acabara de ser traído pela sua família. 'Não', pensou. Os Starks eram a sua família.

— Jon, acorde. – Escutou novamente. A voz parecia a de seu pai, Eddard Stark. Não era possível, sabia que o lorde havia sido morto nas mãos dos Lannisters a tempos. Mas ele mesmo acabara de ser morto friamente.

Forçou a abrir os olhos, devagar, ainda se sentia sonolento, tudo parecia tão confuso, o que estava acontecendo? Talvez fosse sua consciência lhe pregando peças, talvez fosse o outro lado da vida a qual todos comentavam, mas não sabiam se era verdadeiro ou não.

— Pai. – Murmurou fraco, estendo sua própria mão para segurar a do Stark mais velho, que estava estendida a sua frente. Ned o ajudou a se levantar. Jon ainda trajava as vestes de lorde comandante da patrulha.

— Vejo que conseguiu se dar bem na muralha. – O homem sorria fraco encarando o garoto, analisando suas vestes, parecia orgulhoso, mas sustentava um leve olhar de tristeza.

Não respondeu ao suposto elogio, afinal, tinha acabado de ser assassinado por alguns dos patrulheiros. Não chamaria isso de se dar bem em algo.

— Onde estou? – Perguntou olhando ao redor. Tudo o que via era branco e gelado, neve. Sentia o vento frio e cortante atravessar suas roupas pesadas, mas não se sentia incomodado, afinal, o inverno nunca incomodava um Stark. Naquele lugar ele se sentia em casa.

— Está onde imagina estar, em casa, no Norte. – Uma voz foi ouvida atrás de si e logo depois uma mão quente tocando seu ombro.

— Robb. – Se virou com um semblante carregado de saudades e alegria para encarar o irmão. – Fiquei sabendo que os Bolton tomaram Winterfell e que você estava morto, com a cabeça de Vento Cinzento... – Comentou com a voz meramente confusa e tristonha, no mesmo momento em que um lobo gigante aparecia correndo do meio da neve branca, parando ao lado do dono. Robb acariciou os pelos escuros do animal que ali estava.

Ele carregava um olhar cheio de arrependimento e esperanças inalcançadas. Havia falhado no que pensava ser o melhor.

— Nunca deveria ter lhe abandonado, não deveria ter ido para o Castelo Black. Eu devia ter seguido ao sul com você, lutado ao seu lado.

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⏰ Last updated: Jul 29, 2016 ⏰

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