Capítulo 1

16.8K 807 63
                                    

—Cansei, Cristina! — Meu pai gritou. — Você não é mais nenhuma criança para ser chamada a atenção.

—Pai, eu só sai com alguns amigos, não enche.

— Não enche? Olha o jeito que você fala comigo garota, sou seu pai. E quando você saiu eram sete horas da noite. São 4 horas da manha agora!

Revirei os olhos.

— Já estou aqui, pai!

—Isso não basta, Cristina! Quero que você pare de se comportar igual a uma criança mimada.

— Posso saber o que está acontecendo aqui?

Minha mãe chegou na hora exata.

— Isso tudo é sua culpa, Roberta! — Meu pai apontou pra minha mãe. —Se você não tivesse mimado essa garota, hoje ela não seria desse jeito.

—Pare, Ricardo, eu só criei minha filha para...

—Ser uma criança mimada, que não tem um pingo de juízo e responsabilidade.

—Não ouse falar assim da nossa filha...

— Não ouse levantar a voz para mim, Roberta!

—Querem parar vocês dois!—Gritei.

—Já chega! Você — apontou para minha mãe. —Não vai mais interferir na criação de Cristina!

— Ela também é minha filha!

— Mas você à está transformando em uma mulher mesquinha. E você Cristina, a partir de amanha vem comigo para São Paulo, passará a trabalhar comigo.

— Pai!— Tentei protestar.

—Nem mais um pio, Cristina, já está decido. Arrume suas coisas, sairemos daqui a pouco.

—Ricardo, pense mais um pouco, tenho certeza que a Cris...

—Eu não vou voltar atrás com minha palavra. Já está avisada, Cristina, se até as 6:30 você

não estiver arrumada arrasto você somente com as roupas do corpo. Esteja avisada.

Ele saiu da sala a passos largos.

—Mãe! —ela me abraçou. — Calma minha princesa! Vou falar com seu pai. Tenho certeza que posso convencê-lo a te deixar ficar, afinal essa ideia é absurda.

—Por favor, mãe! Choraminguei.

— Já disse que darei um jeito, florzinha! Vou falar com seu pai agora.

—Obrigada, mãe.

—Agora vai para o seu quarto e descanse.—Dei um beijo em seu rosto e fui pro meu quarto — Cris? —Ela me chamou novamente.

— Sim mãe?

— Arrume algumas roupas, somente por precaução.

Revirei os olhos.

— Sim, mãe, mas tenho certeza que a senhora vai convencer o papai.

Fui para o meu quarto.

Resolvi fazer uma mala só por precaução. pois sei que minha mãe iria tirar essa ideia maluca da cabeça do meu pai.

O sono me dominou por completo. Afinal já eram mais de quatro horas da manha.

Deitei na cama do jeito que me encontrava e dormi imediatamente.

*****

— Cristina, quero você arrumada em 20 minutos ou vamos perder o voo.

Acordei meio grogue e com uma baita dor de cabeça.

Olhei no relógio.

6:30 da manha.

Não podia ser.

Tinha certeza que minha mãe conseguiria tirar aquela maluquice da cabeça do meu pai.

Levantei-me e fui até a sala.

—Pai...

— Ainda não está pronta, Cristina? Ande logo se não vamos perder o avião.

—O senhor vai insistir nessa ideia?

— Você me ouviu, não vou voltar atrás na minha palavra. Ande logo.

— Isso não é justo, pai! Eu só cheguei tarde ontem!

—Tem razão, nos outros dias nem dormiu em casa fazendo sabe-se la o que, nenhum telefonema você soube dar. Sabe quantas noites fiquei esperando você chegar? Ou então em São Paulo sem nenhuma noticia sua? E você e sua mãe ainda insistem em não aceitar os seguranças.

— Eu não preciso de babá!

— Então pare de se comportar feito uma criança, não vou ceder aos seus caprichos, Cristina. Cansei de mimar você, cresça e se torne uma mulher de respeito.

—Pai, por favor, me de mais uma chance! Eu prometo chegar cedo em casa, telefonar...

—Já te dei chances demais, Cristina, e você desperdiçou todas! Não tem volta, você vem passar um tempo comigo em São Paulo.

Meu pai se levantou e me deixou sozinha e com a boca aberta. Me controlei para não chorar ou sair quebrando tudo que tinha na minha frente!

—Sinto muito, Cris.— Minha mãe falou entrando na cozinha.—Tentei falar com seu pai, mas ele não quis saber de conversa.

— Tudo bem, mãe, vou sobreviver um tempo em São Paulo.

—Pense nisso tudo como férias, Cris! Se divirta, faça compras, arranje um namorado! Você vai ver como o tempo vai passar rápido!

—Pode deixar mãe, vou seguir seu conselho.

—Agora vá se arrumar, seu pai não gosta de esperar.— Dei um abraço nela e fui pro meu quarto.

Eu iria encarar isso como férias e logo daria um jeito de voltar para casa.

Afinal, sou Cristina Medeiros e eu posso tudo.




Grupo no face: Autora Alice Lima

Blank Space [Projeto 1989] Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang