Todos saíram do carro para esticar as pernas, estavam perto de entrar na cidade e muito cansados. Foram até a barraca de pastéis na beira da estrada e comeram. Sophie deu o endereço exato da casa de seus avós.

— Você disse bairro do jardineiro? – Lucas se intrometeu na conversa.

— Sim. – Ela não fez a pergunta, mas podia imaginar a resposta.

— É para onde tenho que ir. – Percebendo que ninguém diria mais nada, emendou. — Pode me deixa na rodoviária, Fernando.

— Vamos todos para o mesmo bairro. Não faz sentido te deixar na rodoviária. Vamos para casa dos meus avós, depois você vê o que faz, Lucas. – Disse, ao se levantar e acertar a conta com a moça que os atendeu. Quase teve vontade de rir com a tentativa falha dele de inventar uma desculpa.

Sophie não gostava da ideia de ter os dois juntos, mas eles escondiam alguma coisa, sentia que estava envolvida de qualquer forma, nada mais justo do que descobrir o que era. Lucas não discutiu, como ela já imaginava.

Ela não fez questão de melhorar o clima no carro, permaneceu calada e colocou seus fones de ouvido até chegarem ao bairro que queriam.

O lugar era conhecido como um dos mais tranquilos de São Paulo, apesar de movimentado, fazia jus ao nome que tinha. Era impossível tirar os olhos dos jardins das casas, era um mais lindo que o outro.

Os moradores faziam o que podiam para manter os problemas da grande cidade longe dali. Depois de enfrentar a loucura pelo caminho, o bairro do jardineiro parecia um lugar à parte, uma mini cidade dentro da cidade.

Ela se inclinou no banco para indicar o caminho, a ansiedade aumentando para rever a família. Não tinha se dado conta da saudade que sentia de Marcia e Arnaldo até estar ali.

Marcia os esperava no portão e alertou os outros sobre sua chegada. Arnaldo veio correndo como a idade permitia, claro, e abraçou a neta. A lembrança das vezes em que foi recebida por ele e levantada no colo a deixou com a garganta embargada, gostava demais deles.

Marcia e seus pais se juntaram ao abraço e cumprimentaram os rapazes. O café da manhã já estava servido e mesmo com pouca fome, os recém-chegados comeram. Sophie fingiu não reparar nas roupas de Arnaldo, que vestia apenas camisa e cuecas, e para seu alívio, Fernando e Lucas fizeram o mesmo.

Não que Arnaldo se importasse, mas sua avó vivia brigando com ele por isso e não queria dar início a uma discussão, mesmo que em algum momento fosse acontecer, não queria que começasse por um comentário seu ou dos irmãos.

O incômodo de seu pai era visível e sua mãe parecia mais atenta que nunca, só esperando o primeiro vacilo do marido. Mesmo depois de um tempo, as apresentações mais detalhadas tinham que ser feitas e o momento chegou mais rápido do que ela imaginava.

— De onde vocês são? – Rogério não perdeu tempo e ninguém conseguiu impedir.

Por mais que perguntas diretas sejam incômodas, naquele momento, percebeu que as perguntas de seu pai eram as suas, principalmente quando foi questionada a intenção e Fernando com ela. Sim, seu pai perguntou e pegou a todos de surpresa, mas a reação dele que a deixou intrigada.

Ele disse que se Sophie quisesse poderiam ter um futuro brilhante juntos e que só dependia dela. Todos a observaram, como se fosse necessário uma resposta, mas Rogério revirou os olhos, irritado, algo não o agradou.

— Meu irmão não tem ideia do quanto isso soa antiquado! – Lucas foi o primeiro a falar.

A princípio, ninguém entendeu o comentário, nem mesmo Sophie. Até Rogério e Arnaldo começarem a rir, aliviando o clima e mudando de assunto quando seu avô engasgou e precisou de ajuda.

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