4 - parte 2

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Passei o resto do fim de semana trancada em casa ouvindo o som alto do axé que dominava a cidade no Carnaval, mas eu não tinha ânimo para fazer nada. Andressa veio à minha casa no domingo e tentou me convencer a sair, mas quando viu que eu estava no que ela chamou de fossa, desistiu e foi embora.

Mas na quarta-feira, Olavo me arrastou para o que eles chamaram de Ressaquinha, uma festa regada a bebidas para curar a ressaca do carnaval. Eu não ia beber porque tinha uma entrevista de emprego no dia seguinte, estava sem graça por Wallace, mas ele não estava lá. Como fui arrastada da minha casa, estava com um vestido simples, o primeiro que peguei na minha gaveta, era um pouco curto. Pitt me estendeu um "suco" e apenas após virar o copo senti no final um gosto amargo.

— O que foi que você colocou aqui? — perguntei bebendo outro suco em seguida.

Ele sorriu e me estendeu a mão.

— Algo para fazer você dançar comigo, Moranguinho, venha.

Peguei a mão dele e fomos dançar à lá Pitt, descendo até o chão com uma música que eu nem entendia a letra. Eu não estava bêbada, estava consciente e bem alerta, apenas animada demais.

Em algum momento, um amigo dele veio dançar comigo, devia ser gay, então deixei que colasse o corpo ao meu para dançarmos melhor. Do nada o corpo colado ao meu despareceu e quase perdi o equilíbrio. Olhei para trás preocupada e Wallace estava ali, os braços cruzados, avaliando-me com uma expressão divertida.

Olhei em volta procurando meu parceiro de dança e Wallace se aproximou.

— Perdeu alguma coisa, Jules?

— Sim, um homem. Estava aqui, colado em mim agora mesmo. Você o viu?

— O quanto você bebeu, Ruivinha?

Dei de ombros e ele segurou minha mão, puxando-me de encontro a ele. Pitt disse alguma coisa que não entendi, mas fez com que Wallace se afastasse, ele apenas sussurrou em meu ouvido antes de sumir:

— Nada de se meter em confusão e agarrar ninguém hoje para nenhum beijo de cinema, ok?

Arregalei os olhos e ele sumiu. Voltei para o meio da sala, dançaria sozinha mesmo, sem problema algum.

Pouco depois, quando avistei aquele par de olhos castanhos esverdeados colados em mim, literalmente dancei para ele. A música tinha um toque sensual, eu era a única mulher ali, e era alvo de muitos olhares. Imaginava que todos os amigos dos meninos gostassem de meninos, mas pela maneira como alguns me olhavam, estava equivocada. Quando avistei Wallace, me olhando de longe, dancei para ele. Rebolei, subi o vestido, foi meu momento puta.

Logo, duas mãos pousaram em minha cintura e um loiro espetacular estava ali. Virei-me para ele, que segurou minha mão e me arrastou até a cozinha.

— Oi, sou Miguel Amorim, não sou gay e vou beijar você agora.

Nao tive qualquer reação enquanto ele aproximava a boca da minha, mas de repente um barulho enorme nos afastou e meu coração quase saiu pelas orelhas. Wallace estava ali e uma garrafa estava espatifada aos seus pés.

— Miguel — disse cumprimentando o loiro.

— Wallace.

— Fora. Minha vizinha já bebeu demais e vou levá-la para casa agora.

Miguel abriu um sorriso que não compreeendi e beijou minha mão antes de desaparecer pela porta dos fundos. Esperei que Wallace se aproximasse, mas quando deu o primeiro passo em minha direção, Will apareceu. Ele segurou minha mão e basicamente deu uma ordem a Wallace:

Nossa história - DEGUSTAÇÃO!Where stories live. Discover now