— Se é assim... — Ela começa a espalhar alguns documentos sobre a mesa.

— O que achou?

— Em primeiro lugar, precisaremos passar mais uma noite aqui, e vamos a um clube afastado.

— Vamos, é? — Arqueio uma sobrancelha, e ela bufa.

— Sim, vamos. Descobri que o Aksinya, tem um clube nos arredores daqui e lá supostamente ele faz reuniões.

— Como assim?

— Em termos práticos, vários empresários, e até políticos, vão para vender e comprar mulheres, além de armas e drogas, mas o principal desse clube é a venda e compra de mulher.

— Você acha que ele vendeu Hannah, lá? — Meu corpo se arrepia por completo.

Hannah, meu amor.

— Não sei responder.

— Você? Você não sabe o que responder?!

— Ok, eu sei, mas não quero. Afinal, quero ter provas e certezas. Por isso vamos lá, esta noite.

— Espera, se é compra e venda de mulheres, como você irá?! — Não, ela não seria tão louca! — Você não está pensando em...

— Veja, você realmente não é tão imbecil assim — Ela sorri.

E o sarcasmo voltou.

— Você quer que eu te leve, como se fosse te vender?!

— Não, na verdade, eu quero que me venda.

— Você está completamente louca?! — Arregalei meus olhos.

— Não, ainda não. Só cansada. — Ela esfrega as têmporas.

— O que foi?

— Pensei demais, estou com dores de cabeça, mas nosso plano vai funcionar. — Ela abre uma planta a minha frente. Meus olhos já treinados com aquilo começam a trabalhar sem parar.

— O lugar é antigo... muito antigo, e grande, parece um castelo. — Olho fascinado para tudo aquilo.

— Sim, é. — sua voz soa impressionada. Ora essa! Eu também tenho um QI muito alto, viu? Só não chega a ser tanto igual o seu!

— Mas é loucura, eu não vou te vender! — Recupero o foco a olhando.

— Vai. Você vai! Se quer tanto encontrar, Hannah. Vai seguir meu plano! — Ela me olhou determinada.

— Você tem um plano? — não espero ela responder, pois a pergunta foi tola — Certo. Qual é o plano?

— Estudei o lugar, mas por incrível que pareça, quero uma segunda opinião, uma opinião profissional. No caso, a sua. Roubei essa planta do cartório principal... — ela parece um pouco envergonhada, mas logo se recupera — Mas depois de pesquisar muito, vi que há cinco anos, houve uma grande reforma nesse lugar, e então... — puxando uma segunda planta, mas desta vez em folha de arroz, transparente, fazendo contraste com a original por baixo. — Viu? Algumas coisas mudaram, na verdade, muita coisa mudou. Só não estou conseguindo ver o que exatamente.

Inclino-me fascinado com tudo, começo a estudar as duas plantas, uma sobre a outra, e minha mente começa a calcular e a traçar possibilidades. Estiquei meu braço, para pegar um lápis de cima da escrivaninha, puxo a cadeira me sentando e, começo a rabiscar.

Clary Daphné

Poderia ter discutido a explosão de Roy, e dizer que sua falta de raciocínio logico me atrasaria, mas preferi me conter, tinha um plano, e precisava dele o mais confiante possível para essa noite. Incrivelmente irônico, depois de lhe dizer o quão tolo era de confiar plenamente em alguém, eu estava disposta a confiar plenamente nele. Por quê? Não sei. Talvez nossa convivência esteja me fazendo perder neurônios bem relevantes. O que seria preocupante.

Conectados - DEGUSTAÇÃO.Where stories live. Discover now