– Ah, mas se fosse só com você estava bom. – Ela riu da minha piada sem graça. – Esses dias ela implicou comigo por que eu estava sem maquiagem.
– Sério? – Voltei a rir – Ela mal consegue passar um rímel naqueles olhos cheios de rancor e ainda reclama.
Paaaaaaaaaaaaan. Escutei o sinal tocando, engoli meu café e levantei da cadeira.
– Reze por mim, Bi. – Joguei o copinho no lixo reciclável. – Preciso de muita sorte para aguentar essa turma.
– Hoje é Sexta-Feira 13 e, como você mesma diz, "Sextas 13 dão sorte" – Ela piscou um olho e sorriu.
SEXTA-FEIRA 13!
Eu havia me esquecido completamente! Naquele dia, Flávio e eu comemorávamos seis meses de namoro. Acho que depois do Anderson, esse foi o relacionamento mais longo que eu tive. Não acreditava em amor, e não queria acreditar. Mas aí conheci o Flá e tudo mudou. Eu não conseguia mais imaginar a minha vida sem ele. Estranho falar isso, mas era a verdade. Dava para sentir a bondade do seu coração, nunca havia conhecido alguém como ele. E, assim como eu, ele também teve a sua cota de péssimos relacionamentos. Acho que nos conhecemos para curar os nossos corações.
Entrei no estúdio de artes. Lá era o meu canto, me sentia em casa! Tinha mesas para os alunos, materiais diversos nos armários ao fundo da sala e uma mesa só para mim. Não tinha lousa, mas sim um projetor. Nunca fui o tipo de professora que queria que os alunos aprendessem a desenhar maravilhosamente bem, mas queria desenvolver a criatividade deles, isso era o que importava. Sentei-me à minha mesa e, enquanto meus alunos entravam, desenhei numa folha de sulfite um coração com um gatinho preto dentro. Peguei meu celular, fotografei e mandei para ele.
Eu: Feliz 6 meses. TE AMO. Desculpe não ter lembrado agora cedo. =(
Flá: FELIZ 6 MESES GATINHA. <3
Não tem problema, nos falamos mais tarde.
Te amo também.
E me enviou uma foto da pretinha.
Mais uma aula começou, e, como uma boa Sexta-Feira 13, o aluno mais problemático da turma faltou.
Obrigada por isso!
– Bom dia, turma. Hoje vamos trabalhar com aquarela, peguem os materiais no fundo da sala e não se esqueçam do avental. – Falei, séria, mas com um sorriso no rosto.
Enquanto eles buscavam o material, liguei o notebook e abri a apresentação que montei, para mostrar-lhes as técnicas de aquarela.
A turma estava super calma, consegui dar a aula tranquilamente. Eles compreenderam a técnica e estavam fazendo trabalhos incríveis. Não tivemos problemas, apenas algumas camisetas sujas, mas fazia parte. E passou rapidamente, só notei quando, depois de uma hora, o sinal tocou.
– Tchau, turma! Bom final de semana e até semana que vem. Não se esqueçam do trabalho, vai valer três pontos na média final. – Sorri sarcasticamente. Adorava colocar essas mãos para trabalhar.
Escutei um "ahh" coletivo e ri internamente. Às vezes eu conseguia ser um pouco maldosa.
– E não reclamem, eu sei que vocês gostaram da aula de hoje. – Pisquei para eles e pude escutar alguns risos. Sentei e comecei a guardar o meu material. Até que vi uma sombra na minha mesa.
– Professora Fernanda, pode me tirar uma dúvida? – E a voz suave do Rodrigo me perguntava algo.
– Claro, Ro, pode falar. – Sorri. Adorava aquele garoto, era muito esperto. Pena que tinha péssimos pais.
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A sorte da sexta 13
RomanceNunca duvide, gatos pretos sempre trazem a sorte que você merece.
A garota de cabelos coloridos
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