Capítulo dois

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Entrei pela porta das traseiras onde todos os empregados humanos entram, até ali tudo era luxuoso, podíamos ver o nosso reflexo no chão, parecia que o teto era feito de cristal e que os tecidos eram bordados a ouro. Dirigi-me até ao balcão onde uma rapariga loira pouco mais velha que eu mexia nuns papéis. Parecia preocupada e bastante cansada.

-Desculpe.

Olhou para mim. 

-Boa tarde eu vinha para a vaga de...

Nem consegui completar a frase antes que ela me interrompesse.

-Doadora?! Oh graças a Deus era mesmo de ti que precisávamos!

-Hum... Sim. O que é que isso significa?

-Significa que o nosso maior cliente "perdeu" a sua doadora e estamos mesmo a precisar de alguém antes que ele se passe e nos mate a todos!

-"Perdeu"?

-Riscos do ofício, meu amor, acontece a muitos dos que têm esta profissão. Bem, continuando, qual é que é o teu tipo de sangue?

Pensei durante um tempo e dei-me conta de que não fazia a mínima ideia, o que é realmente uma idiotice tendo em conta o que vim cá fazer. Que tipo de pessoa é que vai para uma entrevista de emprego destas sem saber o seu tipo de sangue.

-Eu...eu realmente não faço a mínima.

-Bem não há problema chamamos um dos vampiros e ele diz-te já.

Recuei um passo, eu sabia que ia acontecer, mas não pensei que fosse tão rápido, já me iam chupar o sangue.

- Tem calma flor ele vai apenas cheirar-te e depois só tens de assinar este contrato e o emprego é teu, se tiveres sorte pode ser que ele te escolha como doadora pessoal.

Oh isso seria muito bom e arriscado.

Pensa na Lili, Evelin!

-Quem é ele?

A apressada recepcionista olhou para mim com uma cara preocupada e sussurrou muito baixo.

-Herron...

-Quem? Desculpe não percebi.

-Heron.

Disse desta vez mais alto, não percebi a sua cara de preocupada, mas também não conhecia nenhum vampiro nem os famosos ou os piores. Vendo a minha expressão facial confusa, esclareceu.

-O imperador.

O meu mundo parou por segundos e toda a minha vida passou à minha frente, todos os momentos. O meu único pensamento foi Vou morrer, estava a começar a virar-me para correr quando me lembrei da minha irmã, naquela cama com as tosses intermináveis, pálida e depois da minha mãe na cama ao lado sempre preocupada, com marcas de lágrimas. Fechei os olhos, contei ate três, inspirei e expirei.

Vá Evelin tu consegues

Ganhei coragem e respondi.

-Vamos a isso.

-Deus, ainda bem que aceitaste, por momentos pensei que ias desatar a correr.

-Eu também...

Respondi tão baixo que acho que ela não ouviu, ou se calhar ouviu e fingiu que não,

-Oh já agora o meu nome é Rachel. E o teu?

-Evelin.

-Nome bonito.

Disse ao mesmo tempo a que se levantava e saia de trás do balcão, quando chegou ao pé de mim sorriu-me.

-Segue-me, por favor.

Subimos umas escadas e continuamos por um corredor, que parecia não ter fim.

-Então Evelin o que é que te leva a fazer isto, não penses que estou a criticar, se não tivesse arranjado este emprego também o teria feito.

- Razões pessoais, que preferia não comentar se não te importasses.

-Oh, não tudo bem.

Por fim calou-se e assim foi o resto do caminho. Por onde passávamos tudo era belo e ricamente decorado, se era assim na parte dos humanos como será no resto do hotel.

Finalmente, parou em frente de uma porta.

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