- Sim.


                                                              ***

Atrás de Mike, Henry coçava o queixo. Assim que Benny saíra cantando os pneus do Jaguar, ele voltara para a oficina. Mike ainda estava mexendo no motor, fervendo de raiva e resmungando, e não notara a presença do irmão.

- Talvez você devesse deixá-lo mais  barulhento - disse Henry. - Estou me referindo ao motor.

Mike olhou para cima.

- Cale a boca, Henry.

Henry ergue as mãos, bancando o inocente.

- Só estou tentando ajudar.

- Sim, sei. Como o homem que liga o interruptor da cadeira elétrica. Por que me fez atender aquele moleque?

- Você sabe que não o suporto.

- Ah, e eu suporto?

- Talvez não. mas você é muito melhor em aceitar abusos do que eu. Lida com isso muito bem e sabe que a empresa do pai dele é um cliente que não podemos perder.

- Eu quase o estrangulei.

- Mas não estrangulou. E pense nisto: poderemos lhe cobrar mais.

- Mesmo assim não vale a pena.

- Ah, Mike, pare com isso. Você se portou como um verdadeiro profissional. Fiquei impressionado.

- Ele me chamou de mecânico estúpido.

- Vindo de Benny, você deveria encarar isso como um elogio. - Henry pôs a mão no ombro do irmão. - Mas ouça, se isso acontecer de novo, talvez deva tentar algo diferente. Para acalmá-lo um pouco.

 - Amordaçá-lo, talvez?

- Não, eu estava pensando em algo um pouco mais sutil.

- Como o quê?

- Não sei. - Ele fez uma pausa e começou a coçar o queixo de novo. - Que tal uma massagem nos pés?

Mike ficou boquiaberto.

Às vezes odiava o irmão.


                                                                ***

Um pouco depois das quatro, Jake Blenson chegou para pegar seu caminhão. Depois de pagar a conta no escritório, foi falar com Mike.

- As chaves estão na ignição - disse Mike. - Também dei uma regulada nos freios. Só para você saber. De resto, está tudo em ordem.

Jake Blenson fez um sinal afirmativo com a cabeça. Trabalhador típico, ele tinha barriga de cerveja, ombros largos e trazia sempre um palito entre os dentes e um boné da NASCAR na cabeça. A camisa estava ensopada de suor, com manchas nas axilas. Os jeans e as botas estavam cobertos de pó de concreto.

- Vou avisá-lo disso - disse Jake. - Para ser sincero, eu não sei dizer por que me meti nisso. A manutenção devia se encarregar de toda essa parte de veículos. Mas acho que você sabe como é. Os chefes lá fazem tudo errado.

Mike inclinou a cabeça na direção de Henry.

- Sei o que quer dizer. Aquele ali às vezes me enche a paciência. Mas ouvi dizer que ele toma Viagra, então acho que não posso culpá-lo. Deve ser difícil saber que não é um homem pleno.

Jake riu, gostando da piada.

Mike também riu, sentindo-se pelo menos em parte vingado.

- Então, quantas pessoas estão trabalhando lá?

O GuardiãoWhere stories live. Discover now