Capítulo - 1 - A casa caiu

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Estávamos no verão de 2010. Eu era a filha caçula de um empresário muito bem-sucedido e de uma socialite. Tinha tudo o que o dinheiro poderia comprar: roupas de marca, carro do ano, celular da moda - que eu trocava a cada seis meses -, sapatos, maquiagens, enfim, tudo o que eu queria, meu pai comprava. Era muito mimada.

Tinha três irmãs, a Mônica, que era a mais velha e tinha 35 anos, a Clara, que tinha 32, e a Juliana, com 28. Eu estava então com 20 anos, e entre todas nós, eu era a mais "popular", a mais bem vestida, a mais inteligente, enfim, a que se "achava" mais que todo mundo. A mais perfeita de todas.

  Cursava a faculdade de direito e era a "queridinha" do nosso pai

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Cursava a faculdade de direito e era a "queridinha" do nosso pai . Ao contrário das minhas irmãs, tive uma infância em que eu tinha de tudo, pois nosso pai enriqueceu quando eu tinha uns cinco anos, portanto, minhas irmãs tiveram uma infância totalmente diferente da minha. Elas tinham o que nosso pai podia dar a elas na época, e não era grande coisa. Eu não. Nunca soube o que era querer alguma coisa e não poder Não sabia ouvir um não. Não sabia ser ignorada, ou rejeitada, e muito menos não poder ter o que eu quisesse.

Tínhamos uma avó, mãe da nossa mãe, que morava em uma fazenda a mais ou menos 130km de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Era uma fazenda enorme que meu pai tinha comprado para ela - pelo menos era o que eu pensava. Quando era criança, às vezes viajava para lá com meus pais e minhas irmãs uma vez por ano e olhe lá. Eu odiava mato, bicho e de vida "simples" e caipira. Depois que completei meus 17 anos, nunca mais fui ver minha avó.

Nós, dizendo eu, meus pais e minhas irmãs Clara e Juliana, morávamos em uma bela mansão em um condomínio de luxo em Campinas, São Paulo. Eu namorava o Diego, estudante do último ano de engenharia civil, rico como eu, da mesma classe social, mesma educação. Ele era bonito, mas convencido e esnobe... como eu.

Sim, eu era uma rica e esnobe patricinha. Nojenta e arrogante. Achava-me , a mais bonita. Eu "me achava"! Porém meu reino e meu mundo de futilidades, aquela vida de luxo à qual eu estava acostumada cairiam por terra em breve.

Minha irmã mais velha, a Mônica, era casada com o Vinícius , e morava em uma cobertura no centro da cidade. Eu não me dava muito bem com ela. Na verdade, nem ligava para ela, muito menos para a filha dela. Eu achava que ela me odiava e acreditava que fosse inveja por eu ser mais bonita e por ser a preferida do meu pai. Bem, eu e a Mônica éramos muito diferentes. Aliás, minha irmã tinha um péssimo gosto para tudo na vida, principalmente para homens. Soube certa vez que ela foi capaz de se envolver com um dos empregados da fazenda da minha avó, um pobretão que limpava as sujeiras de porcos e de cavalos. Ui, que nojo! Eu não entendia como ela podia ter gostado de um cara assim.

Naquela noite, do dia três de fevereiro, estávamos todos empolgados. Iríamos para um jantar beneficente em um glamoroso hotel, um dos mais luxuosos da cidade. O jantar era em homenagem ao meu pai. Eu estava estonteante como sempre, com um vestido longo, vermelho, todo bordado com cristais. Aliás, me orgulhava da coleção de vestidos de festa luxuosos que eram feitos especialmente para mim, das melhores grifes, nacionais e importadas. Eu deveria ter uns seis modelos exclusivos no meu closet.

Mudança Radical (Degustação)Where stories live. Discover now