Klaus

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Tudo bem Mackenzie, respira fundo, você consegue, afinal qual é a pior coisa que pode acontecer?

Droga de pergunta! Você pode morrer. 

Mas a essa altura das coisas eu não me importo tanto assim.

Empurro os grandes portões de ferro, e entro. Tudo aqui aparenta ser assustador, com uma áurea negra. Paro de pensar nessas besteiras, isso aqui é uma bela casa, uma mansão na verdade, mas não deixa de ser sombria.

Fico em duvida diante da porta a minha frente, será que eu deveria bater? Assassinos psicopatas atendem a porta?

–Olá querida- diz uma senhora abrindo a porta, com seu olhar  vazio- entre, vamos acomodá-la.

Assenti, peguei minha pequena mala e entrei. Aquele lugar seria incrível, se não fosse tão...intimidador. Os moveis eram uma mistura de vintage comum toque moderno. O lugar me causava arrepios.

–Me acompanhe- a senhora disse, e eu a segui pelas escadas.

–Quem é você?- perguntei, nunca imaginaria que alguém como ela vivesse aqui.

–Sou Ana, a governanta e a encarregada de cuidar das visitas- sua voz era vazia, ela parecia um robô- enquanto elas estiverem vivas. Esse é seu quarto.

Ela saiu, fechando a porta atrás de mim. Tentei digerir suas palavras, mesmo sabendo que aquilo só iria me preocupar mais, apenas observei o quarto a minha volta. Parecia aconchegante e confortável, pensei otimista.

Me sentei do lado da janela e fiquei observando a paisagem, peguei meu bloco de desenhos e comecei a rabiscar.

Não foi culpa sua, repetia pra mim mesma. Era você ou ele, você tinha que salvar sua vida. Não foi culpa sua. 

Talvez se eu não fosse tão egoísta, meu melhor amigo ainda estaria vivo.

Se eu soubesse que era ele eu teria... não sei, não o teria matado, devia haver alguma outra maneira.

Eu salvei minha irmã, era só isso que importava, não era?

Eu tentava não pensar, mas sempre tinha uma voz sussurrando no meu ouvido, parece que minha culpa vai me esmagar.

–Você não vai se culpar- sussurrei pra mim mesma- eles te mandaram pra morte, então você vai lutar. Lutar contra seus demônios, lutar pela sua vida.

...

Já era de noite, e como eu estava cansada de discutir com minha consciência, decidi descer e ver se tinha algo pra fazer. Nesse momento até a morte parece mais interessante do que ficar trancada em um quarto.

Desci as escadas devagar me assustado com a cena a minha frente. Sangue e alguns corpos jogados no chão.

Fiquei paralisada, tentando acalmar meu coração. Foi ai que eu o vi, ele estava do lado de uma mesa de bebidas, com um copo nas mãos.

–Acho que não fomos apresentados ainda- ele disse, se aproximando, com um sorriso nos lábios- sou Klaus Mikaelson.

Parte de mim estava aterrorizada. Mas a outra, a parte mais obscura, estava ansiosa por conhecê-lo.

–Sou Mackenzie Falls- disse calma, passei por ele, e me sentei na poltrona mais distante dos corpos.

Ele pareceu surpreso com minha indiferença aos cadáveres ali presentes, mas apenas deu de ombros.

–Belo nome- ele disse passando a língua nos lábios, limpando os resquícios de sangue- você aceita uma bebida?

Bem, eu estava numa sala com corpos, sangue, e meu possível assassino, por que não?

–Claro- falei impassível.

Ele foi até a mesa, serviu um copo com o mesmo conteúdo do dele. Ele entregou o copo pra mim e se sentou na poltrona a minha frente, seus olhos pareciam acompanhar cada movimento meu.

–Então- ele disse sorrindo- o que uma garota tão bonita fez para estar aqui?

Suas palavras despertaram lembranças dolorosas, tomei um gole da bebida em minhas mãos.

–Matei um lobisomem- disse, mais pra mim mesma, em algum momento eu teria que dizer aquilo.

–Assassina-ele disse pensando, depois sorriu de lado- gostei.

Aquilo me deixou com raiva, só não sabia se era dele ou de mim, fiz uma careta.

–E o que foi que ele fez?- ele perguntou interessado.

–Ele estava tentando me matar- falei encarando o copo em minhas mãos, depois sussurrei- não foi culpa minha.

–Você parece consumida pela culpa- ele disse, apesar de sentir seu olhar em mim, não deixei de olhar para o copo- não perca seu tempo, não vale a pena.

Olhei pra ele, ele parecia estar sendo sincero, o que me surpreendeu.

–Não dá – falei, sem me importar em estar abrindo meus sentimentos pra ele, eu só precisava conversar- se eu não sentir culpa, eu seria como...

–Eu- ele completou, depois sorriu irônico-você poderia focar em outro coisa, raiva ,vingança, afinal mandaram você aqui pra morrer. Talvez nós não sejamos tão diferentes assim.

Suas palavras me deixaram assustada, mas eu não deixei transparecer. Talvez seja, uma voz sussurrava no fundo da minha mente.

–Nós não somos parecidos. Você deixa seu demônios te controlarem- disse olhando pros corpos a minha frente, depois o encarei- enquanto eu luto para que os meus não me controlem.

Me levantei, colocando o copo na mesa de centro, levei um susto quando percebi que ele estava na minha frente.

–E por que lutar, se você pode se unir a eles?- ele disse, arqueando uma sobrancelha.

–Porque eu tenho esperança- disse, me afastando, indo em direção a escada.

Me virei pra dizer boa noite, mas parei. Por um momento eu vi um lampejo de dor em seu olhar, mas logo foi substituído por ira.

De repente, minhas costas estavam contra a parede, suas mãos estavam escoradas na parede ao lado da minha cabeça, seu rosto estava á centímetros do meu. Sua expressão me deixou em alerta.

–Sua esperança pode morrer- ele disse, olhando no fundo dos meus olhos- mas seus demônio nunca te abandonam.

Estava arrepiada, e certa de que ele ia me atacar.

–Você sempre pode encontrar um motivo pra ter esperança- falei com minha voz falhando- precisa apenas querer.

Sua expressão ficou séria, por um momento achei que ele estava analisando o que eu disse, mas depois deu um sorriso irônico.

–Boa noite Mackenzie- ele disse, se afastando.

Tentei recuperar minha respiração, e subi a escadas o mais rápido possível, pois minhas pernas estavam bambas.

Sobrevivi á minha primeira noite pensei, me jogando na cama. Agora é só tentar não morrer no próximo dia.

Ri comigo mesma, apesar dos corpos, do sangue, Klaus pareceu ser...interessante, atraente.

Talvez não fosse tão ruim assim morar aqui.

Beauty and the MikaelsonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora