ENCONTRO

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- Ohh meu Deus, me belisca Rô! Não dá pra acreditar! Você conseguiu!

Minha chefe maravilhosa conseguiu dois ingressos para as fileiras da frente do jogo do Boston Globe! Ainda não acredito que vou ver o meu jogador favorito, Josh Currey! Em todos os meus sonhos ele é meu marido e temos vários filhos. Até porque nos sonhos nada é impossível!

Ele é simplesmente incrível, tem olhos verdes, mede 1,94 m de altura e 114 kg de pura definição, que não combinam em nada com meus 1,70 m e 56 kg de pura sem gracice. Sou bibliotecária, amo minha profissão e poderia ler livros o dia inteiro, dormindo apenas quatro horas por noite. Mas o que tornaria minha felicidade completa seria me casar com ele. Tá, mentira. Seria ver ele doidinho por mim, imagina que tudo? Tipo Mr. Darcy e Elisabeth? Viajei que até babei agora!

-Claro que consegui! Tive que chantagear muita gente! Vê se não me atormenta mais!

- Você vai comigo né gata?

-Não estou afim não! Eu nem gosto de basquete! E para de fazer esses olhos de gato de botas pra mim! Sou sua chefe, não sua amiga!

Ela sabia que tinha acabado de mentir. Desde quando comecei a trabalhar na biblioteca, percebemos que seríamos muito mais do que apenas amigas. Temos uma ligação difícil de explicar, o nosso santo bateu logo de cara e nos tornamos quase inseparáveis, tanto no trabalho, quanto em casa, já que ela agora é minha colega de apartamento. Toda inocente, fingiu que não tinha dito nada demais e voltou a sua catalogação de livros universitários, o que era um saco, diga-se de passagem.

Eu mal podia me conter de tanta felicidade, no final de semana eu ia ver o jogo! Eu estava até tremendo de emoção! Fiquei atrás dela a tarde inteira para que concordasse em ir comigo, até que não aguentou e explodiu, gritando e assustando todo mundo:

-Tá bom eu vou! Pronto! Chega de ficar atrás de mim Bia! Vai ficar me devendo e eu vou cobrar, pode ter certeza!

Ufa! Companhia agora eu já tinha, só faltava escolher a roupa, porque eu queria impressionar! Só uma olhada dele e já ficaria feliz. Sou idiota eu se. Mas o que você faria no meu lugar?

O restante da semana se arrastou de forma entediante, já que a Rô me contou do ingresso na terça e o jogo somente aconteceria no sábado, ou seja, quatro dias inteiros de pura agonia! Hoje que por sinal ainda é sexta é o dia em que tenho para comprar uma roupa de arrasar, tenho até em mente o que vou usar! Meu tênis branco de basquete da nike, para mostrar que entendo do assunto, um short branco para combinar e uma blusinha preta para quebrar todo o branco do resto, quero ficar com estilo e não parecendo uma enfermeira que acabou de sair do plantão. Minha amiga vendo toda a minha preocupação nesse quesito não poupou sua opinião.

- Larga mão de ser idiota Bia! Acha que ele vai conseguir reparar em você? Helllloooô, ele vai estar jogando e garanto que não vai querer perder um jogo importante como esse, olhando para uma garota! Ainda mais sendo o grande astro da NBA! Só você mesmo com essas ideias de girico!

- Sua sem graça, não custa nada me preparar! E se eu encontrar com ele na entrada do jogo?

- Esquece vai! Só não diga que eu não avisei!

No fundo eu sei que ela tem toda a razão, mas ainda acho que em algum momento do jogo eu vou ter a minha chance! Pensei em fazer uma faixa. Não, melhor, uma cartolina dizendo o quanto eu o amo! Aff, até eu achei essa brega, desisti na hora.
Acordei hoje um caco! Não consegui dormir muito bem de tanta empolgação! Fui no cabeleireiro aparar as pontas da juba e fiz uma escova para ver se dava uma realçada nas minhas mechas ruivas. Saí contente com o resultado, não me arrisquei nem a ir andando até o apartamento para não estragar o penteado! Acho que todo mundo que me viu na rua pensou que eu ia ter um encontro com algum homem a noite, já que eu irradiava alegria! Ri sozinha da ironia!

As horas até a noite demoraram a passar, o jogo era as sete. Então as cinco eu já estava arrumada, só para prevenir, é lógico! Corro e apresso a Rô, falando enquanto aceno para um táxi.

- Vamos menina, estamos atrasadas!

- Calma Bia, ainda são seis e quinze! Dá tempo tranquilo de chegar, fica na sua e não me apressa! Se ficar me infernizando pode ter certeza que desisto de ir e você vai ficar chupando dedo!

-Nossa, você faria isso comigo? Sério?! E eu nem sabia que essa palavra existe! Infernizando? O que é isso?

- Não sei se existe ou se acabei de inventar, o fato é que eu desisto e não estou nem aí!

Entramos no táxi esbaforidas, mas deu tempo de chegar no jogo e com folga ainda. Nem metade dos assentos estavam ocupados. Estávamos bem na frente, só que atrás da cesta, e por isso meu pressentimento não estava muito bom, mas pelo menos iríamos assistir bem de perto, coisa que eu nunca tinha feito, pois os jogos eu assisto em casa mesmo... Não tenho dinheiro para essas coisas, infelizmente...

Os jogadores entraram em quadra se alongando, esquentando de maneira estranha o corpo. Deu pra ver que cada um ali tinha seu ritual pré-jogo, já que uns faziam o sinal da cruz, outros conversavam sozinhos, enfim, só gente maluca!

Minha mente entrou em curto circuito, meu coração acelerou, a respiração ficou tensa, putz! Automaticamente eu já sabia que ele tinha entrado na quadra! Fiquei sem ação, só prestando atenção em seu corpo rígido se alongando, mesmo tendo quase dois metros de altura, ele se movia de forma elegante e perigosa. Ele sabia que estava ali para vencer e mostrar do que era capaz. Senti uma onda de orgulho me invadir, ele é simplesmente foda, parece um ímã na quadra, atraindo olhares e prendendo a atenção dos espectadores...

Como Rô havia me falado, ele nem olhou pra mim durante o jogo, nem em momento nenhum, até que o que eu menos esperava aconteceu! Minha nossa senhora da bicicletinha me salva!

Meu astro do Basquete - Boston Globe I  (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora