Capítulo 25 - Condenados

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— Sim, senhora. — falei com toda a dor que havia dentro se mim naquele instante.

Houve um minuto de silêncio naquele enorme salão, a rainha me encarava com surpresa e talvez lá no fundo soubesse do que estava acontecendo naquele momento.

— Sendo assim eu não tenho outra escolha a não ser cumprir com as leis desse reino. — a rainha lamentou tentando falar com toda a sua firmeza.

— Excelente! Eles merecem essa punição! — Kéffera exclamou.

— Qual seria essa punição? — indaguei com um fio de voz.

A rainha suspirou profundamente e virou as costas.

— Levem-nos! — ordenou Kéffera com um sorriso maquiavélico.

— Espere, senhora! Por favor, me diga! — corri atrás de Escarlate que caminhava rapidamente pelos corredores do palácio.

— Não temos nada para conversar, Esmeralda.— falou com frieza.

— Por favor! Eu preciso saber. É o meu pai! — gritei parando pelo cansaço e pelo peso de Renan.

A rainha parou e me encarou por cima dos ombros, logo em seguida virou-se para mim, me encarando com pena e tristeza.

— Mesmo que eles não tenham feito nenhum mal a você, não posso libertá-los, Esme. Eu sinto muito. — lamentou.

— Como não?! Você é a rainha! — meu choro estava preso em minha garganta. A minha vontade era de voar em seu pescoço fazendo que ela ordenasse algo que pudesse me ajudar.

— Não são assim que as coisas funcionam, Esmeralda. São regras antigas e...

— Cala a boca! A única coisa que sabem falar nessa porcaria de lugar é em regras, regras e regras! Eles são minha família!

Nós somos a sua família, não seja mais infantil, Esmeralda! — ela levantou o tom de voz.

— Não! Não são! Porque se fossem minha família me aceitariam do jeito que eu sou! — gritei com a raiva me consumindo.

— O que é que está acontecendo aqui?! — o rei aparece ao lado da rainha.

— Essa bastarda! Não vê, majestade? Que essa jovem é mais que uma ameaça para o seu reinado? — Kéffera caminha sutilmente para o lado da rainha, que me encara com reprovação.

— O quê?! Sua...

— Chega! — o rei gritou me interrompendo fazendo que todos se calassem. — Esmeralda, você está passando dos limites. — ele alertou com calma, ou ao menos tentava tê-la.

— Eu não estou passando de nenhum dos limites, majestade. Eu...

— Quieta! Eu sou o rei por aqui, então se cale ao me escutar falar, fui bem claro?

Mantive-me calada o encarando em desafio.

— Saia daqui, Esmeralda. Não vale a pena. — a voz fraca de Renan invadiu a minha mente.

— Esmeralda, não me obrigue a repetir a pergunta outra vez. — ameaçou.

— Não vou responder pergunta alguma até não responderem as minhas. O que vão fazer com o meu pai? — eu insisti.

— Você não disse a ela, Escarlate? — o tom de voz do rei mudou de enfurecido para calmo e preocupado.

— Contar o quê? — perguntei.

— A punição, minha querida. — Kéffera provocou.

— Qual será a punição?

A risada de Kéffera preencheu o corredor vazio e ventilado enquanto um calafrio horrível percorria a minha espinha.

— Já ouviu falar que terá de matar uma de suas metades, minha querida? — Kéffera vem andando calmamente em minha direção, me encarando com o seu olhar fulminante e repleto de ódio.

Foi aí que a minha ficha caiu.

— Não... — mordi os lábios pela força que meu coração batia ao perceber cada segundo o que era que estava acontecendo.

— Não o quê? Pensou que seria mais fácil? — ela provocou novamente.

Minhas pernas estavam trêmulas enquanto recuavam para trás, minhas mãos estavam suando sob o pelo azul de Renan que estava sujo de terra e sangue.

Meu amigo estava morrendo... E em breve seria mais alguém.

— Sabe quem é a sua metade, não é? E como ela será destruída... Tudo o que veio dela que lhe pertence será destruído com ela. Sabia? — Kéffera se aproximava cada vez mais.

— Pare... Não pode ser assim... — murmurei com a voz embargada.

— Eu só estou lhe contando a verdade, minha querida.

— Para com isso! Eu me enganei a respeito de vocês... Reis fracos! Babacas que não governam. São governados! — cuspi as palavras em suas faces e virei as costas, correndo em direção à onde eles estavam.

— Não chore, Esme. Parte-me o coração vê-la assim. — Renan murmurou enquanto se encolhia mais em meus braços.

— Eles vão morrer, Renan... — sussurrei em meio as lágrimas silenciosas que insistiam em cair.

— Vai ficar tudo bem, Esme...

Renan tentava me confortar em suas últimas forças, mas minha cabeça se recusava a aceitar qualquer tipo de conforto.

Renan estava morrendo e minha metade teria de ser morta,eu jamais havia pensado que seria algo assim.

Matar o meu pai era uma das coisas que eu nunca gostaria de fazer, e se tudo que viesse dele fosse ser destruído... Meu guardião também seria.

Eu não irei fazer isso. Se eles morrerem, morrerei com eles.

Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora