— Sim, senhora. — falei com toda a dor que havia dentro se mim naquele instante.
Houve um minuto de silêncio naquele enorme salão, a rainha me encarava com surpresa e talvez lá no fundo soubesse do que estava acontecendo naquele momento.
— Sendo assim eu não tenho outra escolha a não ser cumprir com as leis desse reino. — a rainha lamentou tentando falar com toda a sua firmeza.
— Excelente! Eles merecem essa punição! — Kéffera exclamou.
— Qual seria essa punição? — indaguei com um fio de voz.
A rainha suspirou profundamente e virou as costas.
— Levem-nos! — ordenou Kéffera com um sorriso maquiavélico.
— Espere, senhora! Por favor, me diga! — corri atrás de Escarlate que caminhava rapidamente pelos corredores do palácio.
— Não temos nada para conversar, Esmeralda.— falou com frieza.
— Por favor! Eu preciso saber. É o meu pai! — gritei parando pelo cansaço e pelo peso de Renan.
A rainha parou e me encarou por cima dos ombros, logo em seguida virou-se para mim, me encarando com pena e tristeza.
— Mesmo que eles não tenham feito nenhum mal a você, não posso libertá-los, Esme. Eu sinto muito. — lamentou.
— Como não?! Você é a rainha! — meu choro estava preso em minha garganta. A minha vontade era de voar em seu pescoço fazendo que ela ordenasse algo que pudesse me ajudar.
— Não são assim que as coisas funcionam, Esmeralda. São regras antigas e...
— Cala a boca! A única coisa que sabem falar nessa porcaria de lugar é em regras, regras e regras! Eles são minha família!
— Nós somos a sua família, não seja mais infantil, Esmeralda! — ela levantou o tom de voz.
— Não! Não são! Porque se fossem minha família me aceitariam do jeito que eu sou! — gritei com a raiva me consumindo.
— O que é que está acontecendo aqui?! — o rei aparece ao lado da rainha.
— Essa bastarda! Não vê, majestade? Que essa jovem é mais que uma ameaça para o seu reinado? — Kéffera caminha sutilmente para o lado da rainha, que me encara com reprovação.
— O quê?! Sua...
— Chega! — o rei gritou me interrompendo fazendo que todos se calassem. — Esmeralda, você está passando dos limites. — ele alertou com calma, ou ao menos tentava tê-la.
— Eu não estou passando de nenhum dos limites, majestade. Eu...
— Quieta! Eu sou o rei por aqui, então se cale ao me escutar falar, fui bem claro?
Mantive-me calada o encarando em desafio.
— Saia daqui, Esmeralda. Não vale a pena. — a voz fraca de Renan invadiu a minha mente.
— Esmeralda, não me obrigue a repetir a pergunta outra vez. — ameaçou.
— Não vou responder pergunta alguma até não responderem as minhas. O que vão fazer com o meu pai? — eu insisti.
— Você não disse a ela, Escarlate? — o tom de voz do rei mudou de enfurecido para calmo e preocupado.
— Contar o quê? — perguntei.
— A punição, minha querida. — Kéffera provocou.
— Qual será a punição?
A risada de Kéffera preencheu o corredor vazio e ventilado enquanto um calafrio horrível percorria a minha espinha.
— Já ouviu falar que terá de matar uma de suas metades, minha querida? — Kéffera vem andando calmamente em minha direção, me encarando com o seu olhar fulminante e repleto de ódio.
Foi aí que a minha ficha caiu.
— Não... — mordi os lábios pela força que meu coração batia ao perceber cada segundo o que era que estava acontecendo.
— Não o quê? Pensou que seria mais fácil? — ela provocou novamente.
Minhas pernas estavam trêmulas enquanto recuavam para trás, minhas mãos estavam suando sob o pelo azul de Renan que estava sujo de terra e sangue.
Meu amigo estava morrendo... E em breve seria mais alguém.
— Sabe quem é a sua metade, não é? E como ela será destruída... Tudo o que veio dela que lhe pertence será destruído com ela. Sabia? — Kéffera se aproximava cada vez mais.
— Pare... Não pode ser assim... — murmurei com a voz embargada.
— Eu só estou lhe contando a verdade, minha querida.
— Para com isso! Eu me enganei a respeito de vocês... Reis fracos! Babacas que não governam. São governados! — cuspi as palavras em suas faces e virei as costas, correndo em direção à onde eles estavam.
— Não chore, Esme. Parte-me o coração vê-la assim. — Renan murmurou enquanto se encolhia mais em meus braços.
— Eles vão morrer, Renan... — sussurrei em meio as lágrimas silenciosas que insistiam em cair.
— Vai ficar tudo bem, Esme...
Renan tentava me confortar em suas últimas forças, mas minha cabeça se recusava a aceitar qualquer tipo de conforto.
Renan estava morrendo e minha metade teria de ser morta,eu jamais havia pensado que seria algo assim.
Matar o meu pai era uma das coisas que eu nunca gostaria de fazer, e se tudo que viesse dele fosse ser destruído... Meu guardião também seria.
Eu não irei fazer isso. Se eles morrerem, morrerei com eles.
ESTÁ A LER
Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)
Fantasy(Revisado. Continuação disponível/Coração Selvagem.) Em Sekret, uma história está escondida e um segredo ronda até os cantos mais sombrios e encantados de suas florestas místicas. O trono precisa de uma herdeira, mas diante de sua necessidade, uma l...
Capítulo 25 - Condenados
Começar do início