Prólogo

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12 de setembro de 1994
7:00 da manhã

O galo já dava as suas últimas cantadas anunciando que o dia já estava amanhecendo, isso fez com que a pequena Luna se remexesse na cama abrindo os olhos, mas imediatamente ela tornou a fechá-los por conta do sol que forçava a entrada através da janela, então ela esfregou os olhos com seus pequeninos dedos e foi abrindo devagarzinho para que eles pudessem se adaptar a luz do dia.

Mas de repente ela ouve algo que a deixa em alerta, força seu ouvido e percebe que são vozes alteradas vindo do outro cômodo, mas por um momento tudo ficou silencioso de novo demonstrando que a briga tinha acabado, então ela voltou a se relaxar na cama puxando seu cobertor infantil até o pescoço, mas outro barulho a fez ficar de pé num salto, um grito de dor, um grito abafado como se alguém estivesse a sofrer.

A pequena Luna de apenas 4 anos ficou apavorada com o tal grito. Sem pensar muito ela pegou seu inseparável ursinho de pelúcia amarelo e se agarrou a ele, como se isso pudesse lhe dar coragem, então ela se deslocou do seu quarto devagar, sem fazer ruídos, os pés delicados e pequenos mal tocavam o chão de madeira, não queria que ninguém a visse.

Conforme ia se aproximando ouvia mais ainda os sons, mas ela estranhou pois, mesmo tão próxima que estava, os sons ainda estavam fracos como se alguém quisesse se salvar e não conseguia. Seu coraçãozinho se acelerou, ela apertou a barra da camisola de ursinhos coloridos, muito forte com uma mão enquanto a outra não largava o urso, foi então que ela parou em frente ao quarto dos pais, colocou o ouvido na porta e depois a abriu devagar, mas a cena que ela viu a deixou em pânico profundo fazendo com que as suas lágrimas derramassem pelo seu rostinho. Seu pai estava com um semblante perverso que lhe deu tanto medo, sentiu um arrepio percorrer sua espinha, e num instante percebeu o que estava acontecendo, notou que ele estava em cima da sua mãe com as mãos no pescoço dela fazendo com que ela perdesse o ar, então a menina, mesmo sem perceber, jogou o urso para longe, e correu em direção a cama e começou a puxar o braço do pai para que ele soltasse sua mãe.

- Papai, solte a mamãe. Papai! Por favor, papai.

Ela o puxava e gritava com ele, mas era em vão, suas pequenas mãozinhas de criança não tinham força suficiente para isso, o pai demonstrava que nem a notava no quarto, foi então que o soltou e saiu correndo, pisando tão forte na madeira que seus passos ecoavam pela casa. Ela foi direto ao outro cômodo mais afastado, que era o quarto dos irmãos mais velhos e num pedido desesperado a menina começou a gritar e a sacudir os irmãos para que se levantassem, eles ainda meio atordoados e sem entender direito se colocaram em pé se assustando ao entender o pedido de socorro da menina que tremia como vara verde e não conseguia controlar as lágrimas. O irmão mais velho logo entendeu o que estava ocorrendo quando a pequena gritou com toda a sua força.

-Por favor salve a nossa mãe... o pai está com as mãos no pescoço dela e ela não consegue se mexer!

Ao ouvir aquilo os dois irmãos correram em direção ao quarto, eles estavam com os corações acelerados, mas como eram altos, seus passos eram largos e rapidamente chegaram ao quarto.

O filho mais velho pulou em cima do pai fazendo com que ele soltasse o pescoço de sua mãe, ele o jogou na parede e o segurou com toda sua força, não deixando-o se mover, enquanto o outro ia socorrer a mãe que estava com as marcas das mãos no pescoço, com o rosto meio roxo e lábios brancos, mas ainda viva.

Por impulso ele colocou o seu ouvido para sentir a respiração da mãe, mas para felicidade dele num suspiro ela fez com que o ar entrasse em seu corpo. Para a felicidade dos filhos ela estava respirando, mas uma respiração muito fraca ainda, na verdade ela lutava para que o ar chegasse em seus pulmões.
O irmão chamou Luna e pediu que ela fosse ao banheiro buscar álcool para ajudar a mãe acordar porque só estava desmaiada, a menina ao ouvir as palavras do irmão correu com todas as suas forças para o banheiro pegando um banquinho para alcançar o frasco, já com ele em mãos correu de volta ao encontro dos irmãos entregando-lhe o frasco, o irmão derramou um pouco sobre a sua camisa do pijama e colocou perto do nariz da mãe umas três vezes, mas o pânico era tanto entre eles três que a menina sentou-se no chão, pegou o urso que estava jogado e se pôs a chorar novamente, mas depois de pouco tempo, mas para eles havia sido uma eternidade, ouviram uma tossida, olharam para o lado era a sua mãe a despertar do desmaio com vida!

Nunca é tarde para Amar (DEGUSTAÇÃO ) Where stories live. Discover now