Saturday Night - II

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- Não sabia que gostavas de dança e espetáculos assim.

Divaguei ao cumprimentar Bruce desgostoso – e eu ainda confusa com todas as suas ações desde o dia em que me disse que ia viajar com a família – e um tossicar falso provindo de Jack levou o casal a afastar-se. Cumprimentei o bailarino que me observava como se me conhecesse e fui novamente agarrada por Jack.

- Eu convidei o Bruce. – A minha companheira de casa informou e colocou alguns cabelos para trás. – Fred, podes comentar, até parece que és estranho!

Fred? Fred!


*Jack a narrar*

A Jennifer conduzira até à praia e após estacionar o carro e encarar o mar, de vidro aberto, para poder ouvi-lo e cheira-lo, pediu-me que fosse para o banco de trás. Questionei-a se não queria ir para a praia e estranhamente ela recusou. Durante todo o caminho esteve estranha, um pouco tensa e a sorrir falsamente para me descontrair. Obedeci e pouco depois estávamos os dois sentados nos bancos traseiros. Ela chegou-se a mim e, silenciosamente, abraçou-me. Abracei o seu corpo quente e forte e beijei a sua cabeça, como se quisesse dizer que estava lá, para ela, para a ouvir, para a sentir, para tudo. O Bruce parecia-me o único motivo para ela estar assim. Sempre reagira bem, todavia, sei que ela guarda tudo para si e dá muita importância embora não o mostre. Pode também estar mais sensível ou querer proteção já que ela protegia todos e não se deixava proteger. Ainda assim, tudo parece estranho.

A minha mão esquerda acariciava-lhe a bochecha enquanto a outra a segurava. Os seus olhos estavam fechados e eu pensei que ela estivesse cansada e pudesse adormecer. A sua mão pousada no meu peito agarrou a minha camisola e assim que me inclinei ela beijou-me.

- O Fred, o bailarino, foi a minha última grande relação. – Expôs ainda sobre o meu tronco e a encarar o estofo. – Nós conhecemo-nos através da Eleanor e, bem isto é tão estranho, dois meses depois nós quase assumimos um namoro, só que eu fugi...tal como fiz contigo sabes? Ele deixou-me ir.

Afagava-lhe o cabelo enquanto a ouvia e analisava-a. Falava reticente acerca de si e das suas histórias com sentimentos e eu, no meu processo de aprendizagem, de como as emoções são para ela apenas conclui que isso a caracteriza e que todos os conceitos são incorretos para ela.

- Foi bom encontra-lo?

A morena deu de ombros.

- Ao início não o reconheci e ele foi realmente importante, deve ter ficado magoado e eu nem lhe pedi desculpa. Lembrei-me do nós que nunca existiu e de como...- a voz da minha namorada começava a falhar e o meu coração a ficar partido.

- Ele deixou-te ir?

- Tal como todos os outros.

Ela sorriu e recebeu um beijo meu que deixou aprofundar-se por momentos. A Jennifer não merecia, de todo, ter sofrido por amor e a sua pequena confissão – das coisas mais difíceis que já deve ter feito - está a deixar-me tão sensível quanto ela.

- Eu não estava preparada para amar alguém. – Concluiu com um pequeno sorriso certamente a ser otimista.

- Por isso é que era difícil aceitar namorar?

- Não só. - Dei-lhe a mão e ela prosseguiu.- Eu era uma jovem apaixonada quando decidi vir para Inglaterra e o meu namorado teve medo de me acompanhar.

Abracei-a, agradecido pela confiança, agradecido por a ter. Na verdade, Jennifer sempre foi uma jovem com grandes sonhos e objetivos e talvez isso assustasse os jovens por quem ela se tinha apaixonado. Olhou-me nos olhos e eu sorri-lhe. Tudo tinha sido pior do que eu imaginara e, com toda a certeza, tudo o que ficara por referir não seria melhor.

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