— Me falaram que você é uma das melhores pessoas do país que mexe com essas coisas de computador. — Seus olhos focaram o papel. Que decepção, não foi ele quem fez a pesquisa, deve ter pedido a alguém.

— Sou a melhor nessa coisa de computador! — Debochei.

— Isso quando não é pela manhã, né? — Ironizou.

— Exatamente! Acostume-se. Vai querer que eu responda alguma dúvida da sua pesquisa inicial sobre mim? — Arqueei uma sobrancelha.

— Mmm, bem, sim. Aqui diz que você foi presa três vezes na adolescência por hackear o sistema da escola, mas aparentemente na última prisão todos os seus antecedentes foram apagados. Como isso pode acontecer? — Sua curiosidade me fez rir.

— Não parece óbvio?

— Não para mim. — Por um momento visualizei um menininho curioso, me endireitei no sofá e sorri ao me lembrar.

— Fui pega por três vezes oficialmente, nas duas primeiras estudei o local, sabia que se ocorresse uma terceira vez seria na mesma delegacia, com o mesmo delegado, digamos que eu rastreei a vida dele e quando fui pega pela terceira vez, estava preparada com um iPad recheado de conteúdos inapropriados para o sujeito, e se algo acontecesse comigo se espalharia como vírus por todos os lugares. Depois disso passei a ter um atendimento vip, fui pega mais duas vezes e nada constou, sabia que os biscoitinhos deles são uma delícia?! E deixando claro, as cinco vezes quais fui pega, eu meio que deixei acontecer... precisava entrar na delegacia pela porta da frente — Sorri.

— Você chantageou um delegado? Quantos anos tinha?

— Não diz na sua pesquisa? Isso explica o porquê de precisar de mim, se nem isso conseguiu descobrir sozinho. Tinha treze anos, mas me orgulho em dizer que minha primeira invasão foi aos dez, infelizmente a qual tentei aos oito não deu muito certo. — Torce a boca em desgosto.

— Como isso?

— Alguns psicólogos disseram que eu tinha uma mente mais avançada do que a maioria das outras crianças, isso explicava o porquê de achar minhas professoras tão estupidas em dar divisões tolas na quarta série.

— Impressionante.

— O quê?

— Sua mente.

— Mmm, obrigada — Murmuro sem jeito. Não falei nada disso para ele ser gentil, disse porque é verdade.

— Como de manhã você nem me deu a chance de falar e agora nem perguntou meu nome...

— Eu sei seu nome. — Bufo. Por que ele achou que eu não saberia?!

— O quê? Como?

— Há cinco segundos você estava me elogiando, por que está me ofendendo agora? — revirei os olhos — Peguei as imagens do prédio, junto com o nome que você deu ao porteiro, só joguei na internet e consegui seus dados. Roy Lamartine, vinte e seis anos, filho de Jean Lamartine, trabalha em uma companhia de arquitetura, qual foi fundada por seu pai, se formou sendo o segundo da sala, perdendo apenas para Hannah Girani, qual meses depois se tornou oficialmente sua noiva, e mesmo que minha mente não fosse um pouco avançada, entendi que é onde eu entro. Hannah desapareceu há um ano, ninguém nunca mais ouviu falar dela. Linda, rica e educada, e do nada puff! Você quer que eu encontre sua noiva. Certo? — Foquei meus olhos aos dele, quais estavam arregalados.

— É-é... sim, é onde você entra.

— Já pesquisei um pouco sobre ela. Há alguma chance de ela simplesmente ter se cansado desta vidinha de menina rica e ter fugido?!

— Hannah nunca faria isso, ela amava a família, o trabalho e sei que me amava. Todos perderam a esperança, contratamos todos os detetives que puder imaginar...

— Então sua última opção sou eu, a ilegal.

— É.

— Entendi.

— Não, Clary, você não entendeu. Na sua ficha vi que está trabalhando em várias coisas e quero você focada cem por cento no meu trabalho.

— Isso não está em acordo e...

— Dobro tudo que te ofereceram até hoje, quero exclusividade.

— Não sairá barato... — Talvez eu possa pedir uns cem mil.

— Te dou cem mil para começar e se a encontrar, te dou mais quatrocentos mil.

— Quinhentos mil no total?!

— Se a encontrar, caso contrário só ficará com os cem iniciais.

—Bem, preciso te alertar Roy, meu serviço realmente não é legal. Para chegar ao fundo preciso... fazer coisas...

— Precisa subornar e de ajuda para sair da cadeia? — Debochou.

— Bem por aí — Sorri.

— Se for isso, está fechado o acordo.

— Só mais uma coisa, meu turno começa às 14:30h.

— Isso é um...

— Não há negociação nisso, Roy.

— Ok, encontre minha noiva e eu te deixo rica, Clary. — murmurou e eu ri alto — Qual é a graça?

— Dinheiro? Dinheiro posso ter quando quiser, Roy. Com alguns pequenos truques consigo várias contas e vários milhões.

— Então por que trabalha nessas coisas?

— Pela emoção, pelo desafio, minha mente não combina com o tédio. A última vez que fiquei entediada deixei a Torre Eiffel sem energia por algumas horas, provavelmente irritei alguns turistas.

— Aquele apagão...

— Culpada. — Sorri.

— O que estava fazendo?!

— Nem queira saber. Não se preocupe, vou encontrar sua noiva.

— Assim espero, você é minha última esperança.

— Até que eu a encontre, estaremos conectados nessa — Pisquei.

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Conectados - DEGUSTAÇÃO.Where stories live. Discover now