Capítulo 1

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Um ano após a guerra:

Acordei com os raios de sol entrando pela janela do meu quarto.

Tomei meu banho, fiz minha higiene - Estamos num mundo pós-apocaliptico, não numa selva. - Botei uma roupa aleatória e desci pra tomar pequeno-almoço.

Nas escadas pude ver a maior confusão: minha mãe queimando a comida, meus irmãos pulando na sala e meu pai jogado no chão.

- Precisa de ajuda pai?
- Nem precisa perguntar rsrs.
- Deborah! Dewrick! Sentados agora! - gritou minha mãe.
- Ta bom. - ele responderam em uníssono.

Vou apresentar minha familia:
Philips Nightshadow - meu pai.
Michelle Nightshadow - minha mãe.
Deborah Nightshadow - minha irmã mais novinha.
Dewrick Nightshadow - meu irmão por consideração.

São todos mortos-vivos.

Ajudei meu pai a levantar e sentamos na mesa.
- O que é o pequeno-almoço? - perguntou Deb com os talheres preparados.
- Espero que sejam tripas de vaca. - disse o Derick quase babando.
- A comida ta meio, queimada né Mãe? - perguntei preocupada com a comida.
- Er... Sabem o que?
- Quê? - Deb e Eric perguntaram em coro.
- O papai vai dar dinheiro pro pequeno-almoço e para o lanche de vocês.

Meu pai olhou pra minha mãe com cara de desintendido e minha mãe fuzilou meu pai com o olhar.

Meu pai é um verdadeiro mão de vaca.
- Aqui crianças.
- Obrigada.

Recebemos o dinheiro e guardamos.
- Trinity vai precisar de boleia?
- Não obrigada vou com o Rick.
- Leva seus irmãos para a escola. - Disse meu pai sem tirar o olhar do jornal.
- Manda um beijo pra ele. - Disse minha mãe.
- Mãe, a senhora é casada e seu marido ta aqui.
- Mas ué. - Ela riu.
- Vamos crianças.

Abri a porta e vi o Rick com seu casaco azul favorito.

- Oi Rick. - Dei um beijo no seu rosto.
- Oi Triny vamos?
- Preciso deixar meus irmãos na escola primeiro.
- Eu vou com vocês.
- Ok.

Nossa cidade foi reconstruida e também mudou de nome para Death Ville, depois do sucedido ano passado.

Nossa cidade foi reconstruida e também mudou de nome para Death Ville, depois do sucedido ano passado

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Os animais?
Também se tornaram mortos-vivos.
Sorte porque tenho o Sr. Patas Fofas de volta.

Se antes comiam eles, hoje continuam comendo

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Se antes comiam eles, hoje continuam comendo.
Exceto os vegetarianos - Por exemplo, eu.

Alegria na nossa cidade é constante, porém, acima da Montanha da Destruição - onde as bombas colidiram - esta rodeada por nuvens cinzentas.
Dizem que a maior parte dos resíduos tóxicos das bombas residem lá e que podem tornar um morto-vivo em um zumbi sem consciência, os Aknes. Eles são mais agressivos e perigosos que os zumbis e comem até os da sua espécie, ou seja, zumbi-canibais.

Estavamos a caminho do escola dos meus irmãos.
- Triny.
- Fala Deb.
- Vocês são namorados?

Como minha irmã de 9 anos me pergunta uma coisa dessas?

Acabei corando.
- Não, a gente é só amigo.
- Aff, seca. - Rick riu e eu continuei corada.

Deixei eles na escola e a gente prosseguiu nosso caminho.
- Triny você fez os TPC de Mortologia?
- Semprem meu amigo, sempre.
- Legal, então...
- Aff, toma.

Tirei meu caderno com anotações e entreguei para Rick.
- É a última vez.
- Obrigada Triny.
- Rsrs.

Chegamos na escola e fomos pra sala.
- Oi Triny, oi Rick, beleza? - perguntou Beatrix.
- Estou viva, então... - Beatrix me interrompeu.
- Tecnicamente, você não esta viva. Ok você esta viva, mas também está morta.
- Por isso sou uma morta-viva. - Disse num modo óbvio.
- Mas você não foi classificada como morta-vivente? - perguntou Rick.
- Sim porque sou a unica que tem emoções, mas pra não alarmar e ter de explicar isso tudo eu sou uma Morta-viva e pronto.
- Lembra quando cortei sua mão?
- Verdade, lembro desse dia, a Triny tava chorando e a gente simplesmente ficou olhando pra ela.
- Eu queria comer seu braço. - Beatrix passou a língua pelos lábios vagarosamente.
- Nossa, obrigada por não ter comido.

Rimos e bateu o sino.

Estavamos na aula de Mortologia enquanto Rick tentava escrever na velocidade da luz e a professora Maria já estava recebendo os trabalhos.
- Ainda colando Sr. Rick?
- Si... quer dizer, não. Claro que não. - Ele disse notando seu erro.
- Pensa que eu nasci ontem?
- A senhora quer mesmo saber a resposta? - Ele perguntou irónico.
- Aff.
A professora bufou de raiva e saiu da sala.
- Você muito louco. - Eu disse virando pra ele.
- Deve fazer parte da radiação.
- Rsrs.

Sai da sala e fui pro banheiro.

Lá encontrei a Taylor.
- Oi Tay.
- O-i Tri-ny.

É dificil falar quando você não tem a mandíbula inferior.

A bomba deixou grandes marcas na gente, como a Taylor que não tem a mandíbula inferior; parte do corpo do Rick mostra seu esqueleto; Beatrix tem buracos enormes na barriga, cicatrizes enormes na cara e os olhos totalmente brancos.

Mas eu não tenho quase marcas nenhumas, exceto meu cabelo branco e curto e meus olhos exageradamente verde.

Lembro do tempo que a cidade estava sendo reconstruida e o pessoal pensava que eu ainda era humana e tentaram me devorar, mas através do fator cura me regenerei.

- O que você faz aqui?
- E-u vim la-var o ros-to
- Se despacha que daqui a pouco toca a sino.
- Ta o-bri-ga-da.

Dei um sorriso e fui pra sala.
- Oi humana. - O idiota se colocou a frente da porta, me impedindo de entrar na sala.
- Richard sai da minha frente.
- Porquê? Uma humana e um morto-vivo não podem namorar?
- Eu sou uma morta-vivente, você sabe, agora sai.
- Eu sei que você não é uma morta-viva.
- Richard sai!
Empurrei ele e passei.
- Richard te chateando de novo? - perguntou o Rick.
- É...
- Deixa que eu mato esse morto-vivo.
- Não Rick, você não vai lutar com seu irmão por minha causa.
- Irmão ou não, não lhe dá o direito de tratar você desse jeito.
- Ele fica me chateando por causa daquela história da "imortalidade". - Disse fazendo aspas.
- Aquela lenda escrota que nossos pais contam para nossos irmãos dormirem?
- Sim.
- Além de morto-vivo, ele é um idiota.
- Idiota com i grande. - disse a Beatrix.

Rimos e bateu o sino da aula seguinte.

Vocês devem estar se perguntando - "Que lenda/história é essa?" - Eu não acredito nela, quase ninguém acredita, mas dizem que por detrás de uma grande mentira tem sempre uma pequena verdade.

"A lenda da imortalidade, diz que se um(a) morto(a) -vivo(a) e uma humana(o), estarem apaixonados de verdade e derem um beijo de amor verdadeiro ganharam a imortalidade".

Vocês pensaram que os mortos-vivos com fator cura são imortais?
Não, não somos.
Um tiro ou uma facada certeira na cabeça, nos mata como se fossemos humanos.

Uma das inúmeras questões que tenho sobre a lenda é como que o coração, algo que deixou de funcionar faz tempo, vai produzir alguma coisa, ainda por cima um sentimento?

Mesmo sendo uma coisa estúpida e banal, acabei ficando pensando na lenda o dia todo.

A Vida De Uma Morta-ViventeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora