Capítulo 2

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-NÃO NÃO NÃO NÃOOOOOOOO. -Grito caindo sobre o chão frio da pequena sala/cozinha, cobrindo meus olhos com as mãos sujas e ásperas, limpando as lagrimas que teimavam habitar em meu rosto.


***

Então depois que alguns minutos lembrei da madrinha é que sua casa ficava somente a quatro horas a pé de onde eu morava  então sai em disparada para lá não me lembrando de trancar tudo antes. Corri tão rápido que cheguei a escutar as batidas do meu coração, varias pessoas se assustaram com a minha brutalidade ao correr e eu não as julgo, digamos que eu não seja a pessoa mais educada no mundo. Chegando a casa da madrinha estranhei de imediato pois seus filhos menores Geremy e Carlyce com seus agora cinco e seis anos não estavam brincando no quintal como de costume, passei pela cerca viva que agora era somente mato seco e bati na porta principal.

-MADRINHAAAAAA- bati mais uma vez- POR FAVOR ABRA A PORTA. 

Esperei alguns instantes e nada, absolutamente nenhum barulhinho sequer, então peguei dois grampos que eu tinha no cabelo os entortei e abri a fechadura, Guilherme o irmão  gêmeo de Josy, tinha me ensinado alguns truques alguns dias antes de toda essa bagunça estar acontecendo, eu nunca perguntei o que ele fazia para ganhar dinheiro fácil, mas depois que ele me explicou esses recursos  não foi difícil descobrir, jamais falei nada para madrinha por que algo me dizia que ela já sabia. Abrindo a porta entrei lentamente no local, a casa consistia em cinco cômodos o que não era difícil de vasculhar, o lugar estava completamente vazio, sem moveis ou pessoas, verifiquei todos os cômodos e não encontrei absolutamente nada, eu não podia acreditar que eles estavam fazendo isso comigo, e não conseguia pensar ou mentalizar nada alem do fato de Josy ter me enganado e mentido  para mim. Alguém que eu sempre confiei.

Me recostei no batente da sala abraçando os joelhos quando me lembrei da minha casa, da casa dos meus pais no Rio.

-Merda -falo e logo passo as mãos pelos fios encaracolados - eles foram para o RJ, foram para a minha casa. - digo e rapidamente e me ponho de pé, meu cérebro parecia estar trabalhando de novo então corro para minha kit net, já ofegante.

Minha madrinha foi para a  minha casa? mas por que? Isso não faz nenhum sentido!

Tento me lembrar do que ela me disse sobre a casa sobre meus pais, mas nada me vinha a cabeça, eu sabia que a casa estava em meu nome é só, pelo que ela me disse a casa era pior que a kit que eu e Jó dividimos. Depois de algumas horas chego ao meu lar doce muquifo e vejo  Jackson colocando tudo para fora.

-Espera ai Jackson o que pensa que está fazendo? -digo-lhe pegando minhas roupas de suas mãos sujas.

Jackson era o cobrador de aluguel do lugar, um velho alto magricela com o sorriso afetado por tanto fumar cigarro.

-Esperar o que criatura? -diz ele me olhando de cima a baixo.

-Essas são minhas coisas você não pode....

-Eu posso fazer o que eu quiser Lana - me olha nos olhos e sopra fumaça em mim - eu sou o dono desse lugar, e se você e a ruivinha gata não pagam o aluguel não e culpa minha.

-Jó já pagou o aluguel desse mês é do mês passado eu mesma lhe entreguei o dinheiro. - disse rapidamente e rapidamente me dei conta do que tinha acontecido.

Aquela vaca não tinha pagado coisa nenhuma, ela tinha me enganado depois de tudo que eu fiz por ela, ela e a madrinha deviam estar tramando isso desde o começo, meu Deus.

-Não coisa, não pagou então pode procurar outro lugar pra ficar por que aqui você não fica mais uma noite....a não ser que - me olha com malicia e  me repudio de nojo, entro  no lugar sem olhar para sua cara e pisando firme  pego meus pertences que couberam perfeitamente em uma única mochila, ainda sem olhar para trás deixo o lugar.

Pude escutar a risada de Jackson arteira atras de mim.

-Você ate que é jeitosinha se olhar bem de perto. -diz ele e aperto mais o passo, não estava em meus planos discutir com um velho asqueroso, hoje não.


***

Olho para todos os lados em busca de auxilio,  claro eu ainda tinha  meus empregos mas eu duvidava muito que eles aceitassem  funcionários que durmam em serviço...literalmente.

Sem outra escolha me dirijo  para a casa de Mérida, a noite já estava a tona e a lua iluminava meu caminho a estrada estava deserta, até que de longe avisto um  farol, chegando mais perto noto que se trata de uma camionete branca, o dono parece me ver então sinaliza e para, não espero para ver quem é, afinal poderia ser qualquer um, uma pessoa com intenções boas ou ruins e eu não estava afim de descobrir.

-Ei moça - escuto uma  masculina, deliberadamente rouca, mas não paro -espere por favor -insiste ele   e corre para me alcançar.

-Quem é você - digo mantendo distancia- o que quer?

-Me chamo Heitor - diz ele sorrindo para mim me fazendo arregalar os olhos -prazer, o que foi? - pergunta ele.

-Seus dentes são bonitos - digo e nem sei o por que, a sei sim, e por que jamais vi um sorriso lindo desses antes, ele me agradece com outro sorriso.

ótimo agora o cara deve pensar que sou uma mulher das cavernas. Parabéns Lana.

-Sabe se tem alguma pousada aqui perto, para eu passar a noite e carregar meu celular para ligar para o meu pessoal? -diz ele me observando.

E ele já deve ter visto o quanto sou horrorosa, eu usava um macacão de jardinagem jeans preto com botas coturno vermelhas e uma blusa regata branca acompanhada de minha mochila de couro marrom, meus cabelos cacheados irregulares e minhas sobrancelhas pra la de grossas completavam o look, eu sei o que é um salão de beleza só que eu também sei que essas coisas custam caro, caro demais.

-Não -digo por fim e o mesmo retoma a atenção para meu rosto -mas tem a casa da minha madrinha, eu estava indo para lá, você pode me acompanhar se quiser. -digo sem preocupação.

Dessa vez o observo melhor, ele  tinha os cabelos escuros lisos que no momento estavam desgrenhados como os meus, sua barba estava por fazer e devia ter 1,85 pelo que eu pude distinguir dos meus 1,62m tinha os ombros largos e fortes com uma boa musculatura, com certeza malhava e com certeza tinha namorada pelo anel grande e brilhoso em seu anelar direito.

-Mas você nem me conhece eu poderia ser um assassino ou coisa parecida. - diz ele já me acompanhando quando percebeu que eu tinha seguido meu caminho silenciosa.

-Pelo que observei  você é importante, já que vai mandar seu "pessoal" vir buscar você pela manhã - me viro para observa-lo - e também, se fosse para você me matar já teria  feito. -digo passando pelo mesmo que fica imóvel com minhas palavras.

-Você não tem medo de perder o que tem? - diz e volta a se locomover.

-Não tenho mais nada a perder nessa vida.



***






Empregada  -trilogia contrato livro 1 (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now