Foi quando Maria Paula gritou:
- Olha lá! É ele!
Edmundo descia a escada, cabisbaixo. Quando viu Maria Paula vindo na sua direção, deu meia-volta e subiu.
A garota foi atrás. Encontrou Edmundo um pouco mais abaixo na avenida, sentado no parachoque de uma carro. A iluminação pública dava um tom melancólico ao lugar.
- Não precisa explicar - disse o boy, sem tirar os olhos do chão.
- Tem certeza? - perguntou Maria Paula.
- Numa boa. Sei como são essas coisas.
- Ah é? E como são?
- No fundo, Eugênio é legal. Escolheu bem.
- Do que é que você tá falando?
- Se liga, Maria - falou Edmundo, levantando o rosto. - Olha aí! O Eugênio tá chegando com... você...
Edmundo arregalou os olhos. Surgindo da passagem subterrânea, subiam Eugênio e Maria Isabel.
- Vocês formam um belo casal - conseguiu murmurar.
Num salto, o boy se levantou. Olhou para a gêmea. Olhou para outra. Sem saber o que dizer, deixou escapar:
- Eu sabia...
O pobre Eugênio teve de explicar tudo de novo. Pior: cada vez que contava, ele mesmo começava a entender menos a história. E demorava mais nas descrições.
- Muito bem! - berrou Plínio, que tinha se aproximado sem ser percebido. - Em qual das duas eu tenho de dar a bronca?!
As gêmeas se entreolharam. A prepotência do rapaz amorteceu o susto. Quase em uníssono, responderam:
- Em nenhuma das duas!
Plínio ficou sem ação. Logo atrás, seus amigos observavam. Os mesmos sorrisos irônicos nos lábios.
- Então vai sobrar pra esse pirralho! - disse Plínio, avançando sobre o primo.
Edmundo esticou a perna, e o chefe dos boys caiu de queixo no chão.
- Meu dente!
Antes mesmo que o próprio Plínio pudesse reagir, seus amigos fizeram um cerco.
- Menino mal... - debochou Odacir.
Tilão e Nilo agarraram Edmundo por trás. Fraguinha enpurrou Eugênio para o chão, sentando-se sobre ele.
- Sai de cima de mim!
Maria Paula e Maria Isabel começaram a distribuir tapas e caneladas.
- Faz alguma coisa, Plínio. Segura essas peruas!
- Perua é sua mãe - respondeu Maria Paula, sempre a mais estourada.
À custa de uns arranhões no rosto, Plínio conseguiu segurar as gêmeas. Odair se aproximou de Edmundo. Cerrou o punho e mostrou para o garoto, dizendo:
- Está vendo isto aqui, boy?
Já ia dar o soco, quando ouviu uma musiquinha. Parecia uma corneta anunciando a carga da cavalaria. Era Jó, tocando pente. Como um raio, Calixto passou em seu skate. De passagem enfiou um tapa na cara de Odacir. Tilão e Nilo largaram Edmundo para socorrer o companheiro.
- Quem foi? Quem foi? - perguntava Odacir, tonto.
Calixto voltou e acertou Fraguinha. No ouvido. Artodoado, acabou deixando Eugênio escapar. O garoto avançou sobre Plínio para soltar as gêmeas, que saíram correndo atrás de um guarda que pudesse ajudá-las.
As duas turmas se encararam: eram cinco contra quatro. Só quatro?
- Hum-hum - pigarreou alguém.
Odacir se voltou. Era Arnaldão.
- Que foi, gorducho?
- Só estou apreciando a briga, meu filho!
- Então fica queitinho aí.
- Pode deixar.
Odacir reparou que a outra turma começou a se afastar muito. A arma secreta de Arnaldão Vinte e Duas começou a surtir efeito...
- Que fedor!
Tentando escapar do mau cheiro, os agressores se dispersaram. Os outros aproveitaram para escapar.
- E agora? - Perguntou Fraguinha, meio zonzo.
- Vos pegar o carro - decidiu Odacir. - Me dá a chave, Plínio.
- Não! - reclamou Plínio. - O carro da firma, não.
Odacir fez que nem ouviu. Arrancou a chave da mão de Plínio. Chamou os outros e correram para o carro que estava na outra esquina.
- Por favor! O carro do titio, não! - choramingava Plínio.
Fraguinha, Tilão e Nilo entraram no automóvel. Odacir sentou-se no volante. Plínio ficou na janela, implorando:
- Me devolve a chave.
- Presta atenção - disse Odacir. - Agora você vai ver o que é um piloto.
Engatou a primeira. Acelerou. Soltou a embreagem. O carro deu a arrancada. E bateu no poste logo em frente...
Plínio sentou no chão, abaixando a cabeça,
A turma dos boys veio voltando devagar. Não podiam acreditar no que estavam vendo. A parte da frente do carro da firma do doutor Ignácio estava totalmente destruída.
Não aconteceu nada com Odacir e os outros ocupantes. Mas ficaram paralisados de susto por um bom tempo. Olhando para frente de olhos esbugalhados.
Até que Fraguinha murmurou:
- Sujou.
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Office-boy em Apuros
HumorAguentar a constante perseguição de Plínio, supervisor dos boys do escritório, não é fácil! Mas isso é o de menos para quem, como o office-boy Ed Onda, se vê apaixonado por Maria Paula, que ele pensa ser Maria Isabel - Namorada de Plínio e paixão se...
Situação difícil de explicar e de entender
Começar do início