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Uma das melhores coisas da vida é sonhar. Ter sonhos e criar metas para realiza-los. Alguns param no meio do caminho, incalculáveis desistências, mas a outra parte que persiste, essa sim conhecera o preço da verdadeira felicidade.

Acredito que na maior parte da minha vida sempre obedecia a regras, seja em casa, seja na escola, eu sempre baixei minha cabeça e aceitei o que as pessoas falavam sobre mim. Acreditava que um dia eu poderia alcançar meus objetivos, mas infelizmente dependia de algumas pessoas para que isso fosse possível. Eu não digo como se fosse algo fácil, algo simples, mas muitas pessoas conseguem isso de mãos beijadas, como costumam falar por ai. Eu gosto de lembrar que apesar de depender de algumas pessoas, sendo elas boas ou ruins, influencias agradáveis e inspiradoras quanto influencias complicadas e decepcionantes, posso destacar que se não houvesse às negativas, as positivas jamais teriam dado certo.

A melhor parte da vida? É viver sem ter medo de realizar aquilo que você mais almeja. É quebrar a insegurança e dizer a si mesma que apesar do seu passado, das suas batalhas evidentemente cansativas, existe algo dentro de você que diz que você não nasceu para dar errado na vida e sim para inspirar pessoas a levantarem a cabeça e enfrentar as dificuldades em busca de um pouco de paz e muita, muita felicidade.

- Olivia Johnson? Estaremos chegando aproximadamente em vinte minutos! – Exclama Logan, meu motorista.

- Ah, sim, claro! Obrigada pelo aviso, Logan. – Tento soar um pouco agradável embora estivesse exausta da viagem. Esfrego as costas das mãos em meu rosto tentando despertar do sono que acabei pegando a viagem toda. Me Levanto assim que reconheço a música que sai do rádio, Skinny Love da Birdy. Era uma música que me acalmava muito em tempos estressantes como essa longa viagem.

Foram exatamente três meses viajando e autografando livros e mais livros dos meus leitores. Sem poder voltar para meu apartamento, ver meus amigos, minha melhor amiga, e minha antiga cidade onde estivera durante meus quatro anos de idade. Apesar de saber que valia a pena todo esse cansaço, ainda queria ter algum tempo para pensar em tudo que aconteceu na minha vida esses dez anos que se passaram tão depressa.  Principalmente pensar no ano perturbador que foi o ano passado. O que realmente não sabia, era que todo esse tempo estava indo para casa, para a cidade que cresci e que tive que conviver com pessoas irritantes, mentirosas e orgulhosas. Até que tudo isso fica claro quando passo por uma cafeteria que costumava ir com meus melhores amigos, Scarlett principalmente, desde que nos conhecemos.

- Senhora, chegamos! – Logan diz e eu tento repreender o grau de tratamento com que se refere a mim.

- Logan, somos amigos, não precisa me chamar assim. – Ele solta uma risada me contagiando a rir junto.

- Me desculpe, - Ele se prepara novamente para falar o que acabara de dizer instantes atrás. – Minha amiga Johnson, chegamos! Seus fãs estão a sua espera. – Vejo através do vidro muitas pessoas que esperavam pela minha chegada e um caminho aberto bem longo onde a porta do carro esta direcionada. Respiro fundo e abro a porta, posso ouvir os gritos dos meus fãs que devo ser grata eternamente. Respiro fundo e após trocar olhares com Logan, saiu do carro e aceno para todos que estão em minha volta.

A melhor parte de ser escritora realizada e bem sucedida com aquilo que eu faço, é ter pessoas a sua volta que possam compartilhar aquilo que talvez se assemelhe com o que você escreve, que de alguma forma se identifica tudo que coloco no papel. Histórias é minha paixão, escreve-las é meu passatempo, mas escutar as próprias de outras pessoas que passaram por algo trágico e que superaram, assim como eu, é melhor ainda. A pior parte? Bom, a pior parte é que eu estou exausta e preciso forçar um sorriso às vezes, mas é a motivação dessas pessoas que me faz continuar se esforçando para que meu sorriso saia o mais sincero possível.

- Olivia Johnson! – Ouço uma voz familiar inundar o silêncio da sala que acabo de entrar. Quando vejo quem me chama com tanto entusiasmo, abro um sorriso maior que consigo de tanta alegria que me inunda.

- Brad! Ai meu Deus! Quanto tempo não te vejo! – Era Bradley, uma das pessoas responsáveis por me ajudar a ter uma carreira apoiada em meu sonho.

- Como você está linda! – Eu o encaro e vejo que suas palavras soaram tão sinceras quanto sua expressão de alegria. – Quer dizer, você está ótima.

- Você que está, olha para você... – Olho de cima a baixo demonstrando a minha admiração. – Está maravilhoso e cheio de vida. – Digo e logo em seguida percebo uma pontada dentro de mim lembrando que alguém familiar costumava dizer isso para ele tempos atrás.

Ele ajeita a gola da camiseta tentando ignorar o clima que acabara de existir entre nós após lembrar-se de alguém que causou tanta alegria e ao mesmo tempo tanta dor e saudade.

- E como ela está? – Digo a ele que logo entendeu de quem eu estava me referindo.

- Ah, você não ficou sabendo? – Ele diz com uma expressão totalmente oposta a que encontrei ao abrir a porta da sala. Balanço a cabeça e então ele solta todo o ar que parecia estar segurando por muito tempo. Ele senta em uma das poltronas que esta próxima a ele. Eu permaneço em pé esperando o que diria em seguida.

- Ela morreu semana passada, Liv. – Liv era como as pessoas mais próximas costumavam me chamar e quero ficar feliz por ele me chamar assim ainda, mas não consigo pelo o que acabara de ouvir. – Eu tentei te mandar mensagem ou escrever uma carta, até mesmo ligar, mas eu não o fiz.

- Por quê? Você deveria ter me avisado. – Continuo de pé com o meu coração apertado cada vez mais que as palavras saiam da sua boca. – Quer dizer, não importa agora o motivo, eu sinto muito. Não iria suportar saber disso no meio da minha turnê, mas...

- Por isso não contei, você ultimamente andou muito feliz, realizando seus sonhos e conhecendo pessoas. Estava realizada em tudo aquilo que sonhou, não queria estragar sua noite ou o seu dia por causa disso.

- Mas... - Eu retomo o que tentei dizer após ser interrompida com a explicação de Bradley. – Você e eu sabemos que não chegaríamos a realizar nossos sonhos se não fosse por ela. Então, eu preferia estar ao lado dela à em qualquer outro lugar do mundo. Bradley, eu não mudei, eu continuo a mesma, você não pode esconder uma coisa dessas de mim, você sabe muito bem disso.

- Eu sei, eu sei, me desculpa por isso. Só não sabia como contar e quando contar. – Eu vejo uma lágrima escorrer pelo seu rosto. Aquilo me afeta ainda mais. Ver Brad sofrendo era uma das coisas que não suportava, ainda mais naquela situação tão delicada sobre alguém tão especial.

- Eu sinto falta dela desde que eu parti. – Digo sentando a poltrona ao lado da dele. – Eu mandava várias cartas para ela, sabia que iria amar receber cartas ao invés de telefonemas, mas eu... Eu poderia ter feito os dois, só para ouvir a voz dela, mesmo que não se lembrasse de quem eu era.

- Eu estava com ela quando desistiu de lutar. Na cama de um hospital. Mesmo não se lembrando de quem eu era, ela disse que me admirava. – Ele me olha com os olhos vermelhos. Brad era uma pessoa extremamente forte, conseguia segurar tanta coisa nas costas por mais que eu o obrigasse a compartilhar cada pedacinho do seu dia para que não carregasse nenhuma decepção consigo. Ele sempre foi um exemplo de pessoa forte e determinada em minha vida, desde o dia em que nos conhecemos. De uma forma estranha, é claro, mas não deixa de ser um dos melhores dias da minha vida em que eu não fazia ideia de que tudo mudaria simplesmente pela culpa do meu relógio adiantado.

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