- Não perdeste nada –respondi-lhe sem me mover. Deveria dar-lhe um beijo na bochecha? Abraça-la? Ou beija-la, como os seus lábios pediam e os meus queriam?

- Pelo menos isso. Olá William, tudo bem? –ela falou naturalmente.

Os rapazes estiveram embasbacados e imóveis até Stan falar. Ela mostrava-se confiante e descontraída, como sempre, e estava ainda mais chamativa do que o habitual.

- Sem ofensa –olhou para ela - mas rapazes, têm uma bela amiga – Stan reapareceu no mundo real depois da longa apreciação ao corpo de Jennifer, piscando-nos o olho. Tinha noção que ela era companheira de um de nós, provavelmente minha pois William disse que viria sozinho, e mesmo assim não quis perder uma oportunidade. Eles nunca perdem uma oportunidade.

- Jennifer, este é...-respondi sem demoras. De modo a ser cavalheiro e não o deixar avançar. Ciúmes nesta altura acabariam com tudo.

- Sou a Jennifer, namorada do Jack –interrompeu-me de forma subtil, de sorriso no rosto ao apresentar-se. Seja graças ao instinto ou ao sexto sentido das mulheres Jennifer apercebe-se sempre de tudo e é disso que eu tenho mais medo. Nada de ciúmes Jack.

- Stan, muito gosto.

Na cara do rapaz poderia ver-se um sorriso e analisar-se desilusão. Não teria uma noite louca com Jennifer porque ela era minha namorada. Minha namorada?! Namorada? Minha? Olhei-a e sorri. De qualquer das formas seria complicado, o Stan não está preparado para uma mulher destas.

- Noel, muito gosto. – Noel repetiu e cumprimentaram-se.

- Oh Jenny, continuas a deixar o povo surpreendido – William comentou não descorando a palavra surpreendido e ela sorriu ternamente ao pousar a mão sobre o meu ombro e pedir a minha atenção.

- O James justificou a minha saída uma vez que não tínhamos bandidos – Jennifer Azevedo, a minha namorada, presenteia-me com uma informação casual e o meu braço envolve a sua cintura aproximando-a de mim.

Após uns minutos de conversa aleatória sem interesse, espécie de confraternização, eles deixaram-nos a sós.

- Estavas a falar a sério ou era por...

Mais uma vez fui interrompido. Desta vez pelos lábios de Jennifer em contacto com os meus.

- Queres um pedido ou assim? Também arranjo!

- Tu disseste que falarias quando quisesses um compromisso e combinamos que hoje serias apenas uma amiga que me acompanhava, eu fiquei em dúvidas...afinal tu és a Jen! –agarrei pela segunda vez a sua cintura e ela sorriu-me.

- Não vale a pena perder tempo. Eu amo-te e quero-te comigo –a morena confessou, beijando-me em seguida.

Proibi-me de a questionar do porquê disto tudo. Como é que ela tinha decido? Porquê e como mudou de ideias? Estas e tantas outras perguntas...mas não podia, ela odiava quando questionavam uma ação ou eram demasiado mesquinhos em relação à vida que devemos aproveitar e, sendo assim, porque queria estar numa relação comigo se queria aproveitar a vida?

*Jennifer a narrar*

A felicidade de Jack era bem visível e eu não me importava, aliás, eu queria isto. Queria fazer os olhos azuis do meu menino brilharem, o seu sorriso não desaparecer e momentos lamechas em público. Queria fazê-lo feliz e deixar os meus estúpidos receios para trás. Não podia desperdiçar alguém como o Jack e, embora nunca tinha revelado, se ele me deixasse eu iria ficar arrasada.

- Amo-te coisa boa –sussurrou-me ao ouvido, como se fosse um precioso segredo que escapava do seu incontrolável sorriso.

Há algo mais atraente que um sorriso? O sorriso dele conquistou-me, ou melhor, conquista-me. Depositou alguns beijos e de mãos dadas, afastou-se um pouco para me ver.

- Não havia mais pano?

- E tu não podias elogiar-me só uma vez? –arquei a sobrancelha e olhei-o.

- Também não o fizeste! –brincou mais uma vez e puxou-me até ele.

E é por isto que o tenho como namorado.

- Posso arranjar algo...-ajeitei-lhe o laço enquanto pensava – estás um pecado?!

Ele gargalhou e beijou-me no pescoço.

- És um pecado!

(...)

Se alguém pretende arranjar uma boa companhia para uma noite a gala de rugby é o local ideal. Também devem existir bons partidos para algo sério, todavia não os conheço e tal não posso afirmar embora a minha intuição seja muito fiável.

Tudo está perfeito e isto mais parece um casamento. Tudo tão pormenorizado, sofisticado e bonito. Eu e Jack viemos, há algum tempo, para uma outra sala de maior descontração e menor iluminação, e estivemos apenas acompanhados de música até os amigos do arquiteto chegarem.

- Porque é que eu nunca fui assistir a treinos de rugby ou a galas?

- Porque me conhecias? –ele respondeu com uma pergunta todo orgulhoso e eu fiz-lhe uma careta –podíamos namorar um bocadinho...

As mãos de Jack puxaram-me mais para ele e os seus lábios foram de encontro aos meus. Sorri-lhe e bebi o último golo do vinho tinto.

- Vamos ter muito tempo. – Informei-o e pousei o copo na pequena mesa à nossa frente.

- Já perdemos tanto... -Jack falou perto do meu ouvido antes de me beijar o pescoço. Deixei que os seus lábios me seduzem-se e mexi-lhe no cabelo. – Sabes tão bem...

Separamo-nos e entreolhamo-nos. Ele passou a língua pelos lábios e sorriu presunçosamente. William comentou, só para nós, que já devíamos estar juntos há mais tempo e Jack agradeceu pois tinha corado e ficado sem resposta - nem sei bem porquê.

Desta vez foi eu que iniciei o contacto ligeiro entre os meus lábios e os de Jack, deliciosamente suaves, que se tornou pouco depois intenso. Não tardou a ser ouvido um tossicar falso levando-nos a separar.

- Sempre vens ou não? – Noel questionou Jack acerca da saída que alguns dos rapazes fariam.

Jack olhou-me e, em seguida, olhou o grupo que iria sair. Estava dividido e decidir com pressão poderia acabar mal, nem que fosse na sua cabeça o pensamento do que estaria a acontecer se tivesse escolhido a outra opção.

- Podes ir para a noite de machões. – Brinquei com a situação.

- Mas eu queria ficar contigo... – Admitiu e os amigos continuaram pasmados. Talvez o Jack também tenha mudado...

- Pareces uma menina! – Levantei-me e parei em frente ao grupo – Certifiquem-se que ele chega inteiro a casa.

Eles gargalharam e anuíram, Jack ainda pensava e eu interrompi-o com um beijo nos lábios. Encaminhei-me para a saída e voltei-me.

- Tenham uma ótima noite – Proferi antes de sair e pisquei o olho sorridente.


***

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