- Pronto para um filme decadente e uma boa pizza? -questionei o rapaz de mãos nos bolsos e cabisbaixo.

- Com ótima companhia? -ele levantou a cabeça agora com um doce sorriso.

- E uma manta quente! - Aproximei-me dele e compus-lhe o cabelo com um sorriso. Jack deu-me um beijo na bochecha e pegou na minha mochila levando-me a fingir de amuada. Ele gargalhou.

Seguimos até ao carro em silêncio e este apenas foi quebrado com a música animada que passava na rádio. As estradas continham o habitual trânsito complicado e a temperatura descera. Questionei-me se perdi muita coisa nestes dias que permaneci no hospital. Espero que não, detesto não vivenciar coisas novas.

- Jen, quando disseste "diz-lhe que sim" referias-te a que? - Jack questionou descontraidamente a olhar-me enquanto os carros da frente se mantinham parados.

- A ser viciada -respondi prontamente -a situação não era a melhor e sabes como as pessoas são...

- Não o querias dizer, é isso?

Dei de ombros e ele manteve a sua expressão séria mas terna.

- Talvez o seja -desviei o olhar dele e encarei o carro da frente a arrancar. -eu vou fazer a minha parte, não te preocupes.

O jipe branco atrás de nós buzinou e Jack arrancou sem me responder.

- Só quero que estejas bem. Estou aqui para tudo -a sua mão pousou no meu joelho e eu sorri-lhe.

O silêncio manteve-se até casa. Embora eu lhe tivesse sorrido e, de certa forma, admitido tal facto e que me ia 'curar', Jack não se encontrava confortável e a sua postura tensa era a figura disso. Talvez se sentisse culpado por ter voltado a tocar no assunto ou talvez nem ele gostasse da hipótese que supusera. Para mim, depois de ter sofrido mais uma situação traumática, nada me surpreendia, aliás, eu queria expor-me a perigo contudo não o fiz e não sei bem porquê. Pensei por estar um pouco incapacitada mas isso não era um obstáculo, não para a Jennifer Azevedo. Podia ser por ter sido otimamente acompanhada e por ter um dos homens que amo comigo. Talvez por realmente ter enfrentado a morte e agora tudo mudar. Não sei bem e não quero pensar.

Jack saiu do carro assim que estacionou e contornou-o até a minha porta num ato cavalheiresco. Boa ideia Jennifer! Repentinamente abri a porta acabando esta por apenas lhe raspar no braço devido aos bons reflexos de Jack. Sorri-lhe matreiramente e ele suspirou de alívio brincalhão.

- Pensei que me quisesses matar! -ele dramatizou.

- Não seria desta forma certamente -gargalhei e sai do carro deixando o mais recente cavalheiro fechar a porta. - tens a certeza que é seguro entrar na casa contigo?

- O que é que uma inválida te poderia fazer? Estás mais do que seguro! -ambos nos rimos e entramos em casa.

- Uma pessoa como tu é sempre perigosa - o arquiteto concluiu ao agarrar-me pela cintura.

- Também és atraído pelo perigo? -inquiri com um sorriso convencido e o braço direito a volta do seu pescoço.

- Eu amo-o - e beijou os meus lábios delicadamente.

(...)

Decidimos comer pizza e somente ver o filme depois, uma vez que não tínhamos lanchado e seria menos desastroso. Jack encontrava-se a procurar um filme no meu computador enquanto eu trocava de roupa. A manta era quente e o jogador de rugby uma brasa, literalmente, por isso podia apenas calças umas meias e uma camisola. Com alguma dificuldade vesti a camisola, depois coloquei a minha roupa no banco e peguei nas meias sentando-me na cama.

- Uma comédia? -ele questionou e eu comecei a tentar calçar o tecido macio.

- Magic Mike XXL! -pedi e ele riu-se.

Repentinamente cessou. O agradável som da gargalhada de Jack terminou sem motivo aparente e eu olhei-o.

- Que tal pedires ajuda?

- Eu consigo! -revirei os olhos e continuei a minha tarefa.

Sem me responder Jack posicionou-se a minha frente e tirou-me a meia da mão. Fiz uma expressão de entediada e ele sorriu. Colocou a primeira, depois a segunda, arrepiando-me ao passar os dedos pela minha pele descoberta. Olhou-me, maliciosamente, ao ver o seu feito e beijou a coxa.

- Quieto Jack!

Ele gargalhou e segurou as minhas coxas com as duas mãos, apertando-as. Virei a cara para o lado quando me ia beijar e tentei ignorar. Beijou-me a bochecha e sorriu. Sorri também.

Pouco depois estávamos debaixo da manta a ver uma comédia romântica fatela que encontramos na internet. As minhas pernas entrançaram-se nas dele e ele cobriu melhor o meu ombro ferido e destapado. A minha mão que repousava no peito dele desceu até à barriga assim que lhe beijei o pescoço. Jack não reagiu, mantendo os olhos no ecrã. Ele vai-se vingar!

Uns minutos depois dei-lhe um beijo na bochecha e ele virou a cara para mim. Não desloquei o olhar do ecrã.

- Eu não devia ceder mas tu és tão apetecível... -puxou-me para ele e os nossos lábios tocaram.

- Tu és uma brasa -trinquei o lábio a olhá-lo -literalmente!

Ele sorriu, ainda estávamos próximos, então beijei-o. Deixamo-nos levar por uns quantos beijos e carinhos até voltarmos a comunicar verbalmente.

- Os teus pais não acham estranho agora estares sempre a dormir fora de casa? -questionei-o curiosa.

- Os meus pais estão separados. Tanto durmo em casa dum como do outro e quando andava na universidade às vezes dormia com uns amigos, eles não costumam estranhar -Jack concluiu ao mexer-me no cabelo.

- Eles sabem o que têm em casa -gargalhei e dei-lhe um beijo na bochecha.

- Por acaso sabem...há uns dias o meu pai perguntou quem era a rapariga que me impedia de aproveitar a vida. -Jack olhou-me nos olhos. Mantive-me em silêncio a olhá-lo, ansiosa pela resposta do jeitoso. - Respondi que nenhuma -a sua expressão ficou séria, provavelmente ao notar um pouco de desilusão no meu rosto. -Que ela era pior que eu!

Ele riu-se e eu belisquei-o.

- Parvo!

- Tu gostas tanto de mim -Jack, a sorrir, beijou-me o pescoço enquanto eu fingia de amuada.

- O que é que o teu pai vai pensar de mim? Que sou uma galdéria e que...

- Não és? -ele interrompeu-me a rir-se e eu bati-lhe.

- Olha que ainda tenho uma arma!

- Calma senhora agente -levantou os braços em rendição e logo me agarrou a rir. -Os meus pais vão gostar de ti, não tanto quanto eu, mas vão!

Sorri-lhe.

- Era bom que a tua família até gostasse de mim

- O meu irmão vai adorar-te! -Jack depositou um beijo no meu ombro -ele tem 21 - encarou-me - tu não gostas de mais novos certo?!

- Hum...talvez! -retorqui.

Era a vez de Jack amuar!


***

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