- Olha Lia... Você e eu, nós somos muito diferentes...

- Diferentes como?

- Ah, você sempre foi tão segura de si, independente, forte, decidida...

- Mas você também é Amélia! Por que aceita as traições do meu irmão?

- Lia, agora chega. - interrompeu Daniela, me arrastando para o banheiro.

- O que foi? - quis saber, intrigada.

- Lia, percebe o que você está fazendo? Tentando convencer sua cunhada a largar o seu irmão?!

- Ora Dani, era o que ele merecia por ser tão machista e tão infiel. Honestamente, não acredito que vocês querem que eu me torne uma mulher infeliz e conformada como Amélia!

- Não quero que você se transforme numa Amélia! Mas também não precisa se transformar numa rameira!

- Rameira, eu? Olha só quem está falando! Ao menos eu nunca me envolvi com homens casados, sabia?

- Mamãe? Eu quero ir ao banheiro. - era Clara, que nos alcançara.

- Claro meu bem, vamos lá que a mamãe ajuda você.

A discussão cessou com a chegada de Clara. Pelo menos por ora.

Após seis horas de exaustiva viagem, chegamos ao litoral. A casa que alugamos era simplesmente ótima, pois ficava numa praia de mar calmo e poucas ondas. Ainda era dia e as crianças quiseram brincar na água gélida do litoral sul. Acompanhei Clara e Francisco, enquanto os demais arrumavam e limpavam a casa. Quando chegamos, Jonas já estava assando carne e Amélia preparava os acompanhamentos para o churrasco. Dei banho nas crianças e também me arrumei para jantar. Comemos em silêncio, evitando lembrar da desagradável discussão que ocorrera naquela tarde. Apenas o rádio inundava o ambiente de som. Durante uma música e outra, anunciaram um festival de música que aconteceria naquela semana, onde estariam presentes diversos artistas, tais como Armandinho, Ivete Sangalo e Jota Quest. Daniela brincou:

- Ei Lia, me empresta seu carro para eu ir a esse festival?

Não resisti e cutuquei:

- Só se você me der o telefone do seu irmão!

- Lia, vai cagar!

- Amélia, você põe as crianças para dormir, por favor? - pediu Jonas, sem me encarar e percebi que lá vinha bronca.

Assim que minha cunhada saiu do recinto com as crianças, Jonas disparou:

- Escuta aqui Lia, chega de palhaçada. Não tem a mínima graça essa sua brincadeira com o Felipe. Acabou. Especialmente na frente das crianças.

- Ora, e quem é você para me dizer isso?

- Sou seu irmão mais velho e tio da Clara e do Francisco.

- Grande coisa! Acaso esqueceu daquela vez em que Amélia te botou para fora de casa porque o pegou com aquela sua aluna e você foi para minha casa? Acha que aquilo foi um bom exemplo para as crianças?

- É diferente, Lia. Eu sou homem.

- O que?! Ah, me poupe Jonas, eu esperava um argumento melhor vindo de você!

- Esquece Lia, isso não vai acontecer.

- Isso o que?

- Você e o Felipe.

- E por que não vai acontecer?

- Porque você é doze anos mais velha que ele, oras!

- Outra porcaria de argumento, tenta algo diferente.

Meu GarotoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora