"Não entendi" franzo o meu cenho e ele gargalha levemente, fico ouvindo a sua gargalhada gostosa, rio um pouco e ele pega fôlego depois de um tempo começando a falar com o seu sotaque. 

"Cafés noturnos na verdade são puteiros de noite, quando você vir uma placa de Café e estiver a noite, nunca entre, a menos que você gosta de mulheres" ele sorri de lado e me olha rapidamente. As minhas bochechas esqueruentam rapidamente e sinto a vergonha se instalar em meu corpo, puxo as mangas de meu sweater e fico brincando com os meus dedos me sentindo muito envergonhada para se quer falar com o loiro.

"Então por que você vai me levar em um café, agora?" pergunto talvez um pouco intimidada. 

"Não é bem um café, é uma padaria que eu costumava ir, mas eu chamo de café, porque soa melhor assim" ele apenas dá de ombros, o garoto irlandês continua falando sem parar, a sua voz é agitada e animada, ele sorri a cada dois minutos e conta das suas histórias, eu rio quando ele começa a me falar de quando estava no colégio, ele me conta das suas loucura. 

"Chegamos" ele anuncia assim que para o seu carro em frente a uma padaria de cor marrom, ela é apropriadamente grande e bem elegante. Ele saí do carro correndo e eu vou indo abrir a minha porta, ele termina de fazer isso por mim e me ajuda a descer do carro, assim que os meus pés tocam o chão eu largo as suas mãos que me seguravam com firmeza e ajeito o meu casaco, ele fecha a porta e então passa a mão pelo os seus cabelos os jogando para trás, fico parada, fitando um pouco enquanto se concentra em mexer em todos os seus bolsos. 

"Por que você precisa ter um carro tão grande?" eu pergunto qualquer coisa, apenas para nos livrar desse silêncio e ele ri, finalmente ele para de mexer em seus bolsos quando acha a sua carteira, ele guarda a chave do carro em seu bolso e fica me olhando.

"Sempre tive algum tipo de fascino por carros" ele começa a andar para dentro da padaria, eu o sigo bem atrás, ele é alto e com os ombros largos, assim como as suas costas, os braços fortes e um sorrio malditamente bonito, ele é um homem lindo. Reparo no nome do café e vejo com letra em branco na entrada: Arnolfini Cafe Bar.

"Do que mais, você gosta?" ele cumprimenta um homem que passa por ele e continua andando por entre as mesas e se senta em um, ela é um pouco afastada das demais e fica ao lado das grandes janelas fornecendo uma visão esplendida para um rio com pequenos barcos e iates. 

"Sou um homem com muitos gostos" ele pega no cardápio e me lança um olhar antes de começar a ler, fico apenas o encarando, tentando decifrar a imensidão dos olhos azuis, tentando achar algum vestígio de maldade no garoto dos cigarros, mas nada parece me intrigar, a sua pele clara e as bochechas rosadas assim como os seus lábios, uma pequena cicatriz acima da sua sobrancelha e um sorriso reto, ele é apenas um homem que gosta de muitas coisas. 

"Eu gosto de sweaters, café, gosto de letras e escritas, literatura, gosto da praia, mas odeio areia" digo com um sorriso exibindo a minha covinha do queixo, ele ri levemente. 

"Você gosta da praia mas odeia a areia?" ele para de ler o cardápio e me encara com pequeno.

"Gosto da praia, do som do mar, mas não gosto da sensação da areia nos meus pés, me incômoda" rio levemente apertando os meus dedos no pé, sinto um formigamento em minhas pernas como se tivesse nesse momento areia sobre os meus pés. 

"Demasiado confuso" ele puxa o seu sotaque me fazendo ficar admirada, uma atendente chega até ao nosso lado e nos atende simpaticamente, peço meu típico café expresso e Niall pede um chá de erva doce junto com dois brownie's. 

"Me conte algo de você" deixo o cardápio de lado e ele se encosta no estofado e sorri olhando para fora das janelas. 

"Já fiz faculdade de contabilidade e comecei a de administração, porém larguei, nunca gostei muito de números" ele dá de ombros e continua encarando fora das janelas.

"Trabalha com o que agora?" ele enfim me olha, seus globos oculares me fitam com intensidade, preto bastante atenção em suas íris azuis claras. 

"Nesse momento com nada" seus lábios são umedecidos rapidamente com sua língua e ele brinca com os seus dedos. 

"Tem irmãos?" pergunto curiosamente e ele ri balançado a cabeça, ele sobe os seus olhos novamente até os meus e fico sustentando o seu olhar.

"Infelizmente não, mas queria ter, e você?" assinto rapidamente me lembrando de Anne. 

"Sim, tenho uma-" eu corto a frase rapidamente com um suspiro e balanço a cabeça me

livrando de todas as memórias. "Tenho uma irmã mais nova, Anne" digo-lhe seu nome e o loiro sorri.

"Todas francesinhas, que adorável" Niall volta a falar da minha nacionalidade e as minhas bochechas começam a se tornarem mais coradas novamente. Fico brincando com as mangas do meu sweater e os nossos pedidos chegam, começo a tomar o meu café e quase solto um gemido prazeroso de sentir o meu doce vício em meus lábios, o provando e deliciando com cautela, suprindo todas as minhas necessidades por dentro. 

"Então, você escreve, sim?" ele toma um pouco do seu chá e faz uma cara feia ao perceber que está sem açúcar. 

"Hm, sim, escrevo em um pequeno caderno, mas não acho que escrevo apropriadamente bem" rio um pouco e mordo um pedaço do brownie de chocolate. 

"Ninguém escreve bem ou mal, escreve o que sente. E nem sempre o que sentimento é bonito" ele sorri-me de um jeito acolhedor enquanto volta a tomar do seu chá, ele cheira um pouco do chá e eu faço o mesmo com o meu café, voltamos a cada um morder o seu brownie e um pequeno silêncio se instala entre nós, ficamos apenas nos olhando, tomando nossos cafés/chás e apreciando os pequeno bolinhos com gosto de chocolate, ambos observamos a escuridão da noite atrás da janela, e sinto os meus olhos a pesarem levemente de sono. 

"Você não gosta de café?" a minha voz soa sonolenta e ele ri.

"Eu gosto, porém me deixa muito agitado" ele toma mais do seu chá e eu repito o mesmo ato.

"Acho que eu tomo tanto café, que nem me faz mais efeito" rio lentamente acabando de tomar o café e como o resto do meu bolinho.

"Você ainda está no colégio, não é?" ele pergunta comendo mais do seu bolinho e eu assinto.

"Eu estudo na escola do centro" rio levemente e ele sorri.

"Eu também estudava lá, se você entrar algum dia no banheiro masculino você verá o meu nome escrito no canto do espelho" nesse momento eu sinto vontade de entrar o quanto antes possível no banheiro masculino para ver a assinatura do garoto dos cigarros.

"Irei entrar um dia lá para ver isso" ele termina o seu chá e puxa a sua carteira do seu bolso, ele deixa dinheiro suficiente em cima da mesa e se levanta.

"Vamos lá, eu vou te levar para casa" ele estende a sua mão para mim e eu a pego sem cerimônias, enrosco o seu braço ao meu e ele nos conduz até o seu carro. Novamente eu subo com dificultade no banco do passageiro e ele gargalha com a minha dificuldade, assim que ele entra no carro ele liga o aquecedor e eu me aconchego sobre o banco, ele começa a conduzir com calma pela a cidade como se quisesse que esse tempo nunca acabasse, por alguns minutos eu começo a dar as coordenadas da minha casa e ele diz que ja sabe aonde é.

"Você mora aqui perto?" pergunto com os olhos fechados e o ouço suspirar.

"Não, moro do outro lado da cidade" oh, ele mora na parte nobre da cidade, aonde estão as grandes casas. Ele entra na minha rua e eu aponto aonde é a minha casa, assim ele faz e para bem em frente.

"Muito obrigada, Niall" mostro-lhe um pequeno sorriso e ele apenas acente.

"Posso te encontrar outra vez?" ele chega um pouco mais perto de mim e eu sorrio.

"Se nos esbarrarmos por aí, talvez eu te encontre" abro a porta do carro e pulo para fora. "Até mais, Niall".

"Até em breve, francesinha" fecho a porta do seu carro enquanto caminho até a porta da minha casa ouvindo o seu carro arrancar com rapidez.

cigarette smokeWhere stories live. Discover now