SPARTA //Newtmas

Prólogo

       Thomas reconheceria aquele homem musculoso que saíra a pouco de dentro de uma Ferrari preta aparentemente nova e que estava agora caminhando em sua direção com um sorriso presunçoso e olhar debochado até se estivessem frente a frente no inferno, com a brasa quente fundindo-se aos traços másculos e familiares do mesmo, tanto a barba finalmente bem cuidada junto aos cabelos grisalhos penteados cautelosamente e o terno de um azul escuro e estrutura luxuosa não eram o suficiente para apagar das memórias mais pesarosas do adolescente o que aquele homem representara em sua vida. O ódio que sentia correr em si pelo mais velho era ainda maior do que a curiosidade de saber o porquê que de ele estar ali depois de tanto tempo, ou até mesmo como ele conseguira adquirir dinheiro o suficiente para desfilar por ai com ternos caros e bonitos enquanto dirigia carros ainda mais luxuosos do que suas vestes.

       O moreno cerrou ambas as mãos em punhos ao que o homem aproximava-se de onde ele estava junto aos seus amigos mais e mais a cada segundo, as veias de seus braços, pulsos e até mesmo algumas das mãos saltavam insistentes diante as pulsações irritadas e descontroladas de seu coração, os músculos tensos e travados indicavam o quão desconfortável ele estava diante o que quer que fosse acontecer ali. Thomas sentia-se prestes a explodir em ódio novamente e trocava olhares apreensivos com o garoto que amava a cada metro reduzido de distancia que ganhavam do homem.

       - Alguém me explica porque tem um cara rico vindo até nós? – Newt perguntou curioso e Thomas engoliu em seco.

       - Você é rico também. – Minho resmungou despreocupado – Ele provavelmente conhece um de nossos pais. – palpitou.

       - Ele definitivamente é mais rico do que todos nós juntos – o rapaz de cabelos claros retrucou emburrado e encarou Thomas novamente, reconhecendo o quão irritado o adolescente estava só em observar seus músculos tensos e olhar desesperado. Thomas parecia pedir por ajuda, mas Newt não fazia ideia do por que.

       - Ele não é só um cara rico, é Joshua Tyler – o adolescente já não mais tão rechonchudo como antes explicou animado, recebendo olhares desentendidos dos outros garotos como se perguntassem quem diabos era Joshua Tyler. O homem estava agora no meio da travessia do pátio em direção ao grupo de amigos e era encarado dissimuladamente por todos os cinco. – Ele não é muito de mostrar o rosto aos noticiários de TV nem nada do tipo, mas organiza torneios importantes de luta, algumas vezes até mundiais, o cara é um dos peixes grandes! – contou – Sr. Tyler é um amigo do meu pai, é uma merda de pessoa, mas se você estiver no ramo de lutas, ele é o cara que vai te fazer rico. – confessou, recebendo olhares maravilhados e esperançosos de Minho, Alby e Newt, e diante toda a distração nenhum dos quatro pareceu notar Thomas tencionar ainda mais com a simples menção do nome daquele homem repugnante, suas expressões faciais pareciam emanar descaso e nojo a cada palavra dita por Chuck.

       Os quatro se silenciaram ainda atordoados e encantados com a notícia vinda do menino de cabelos cacheados e Newt finalmente pareceu lembrar-se de Thomas e toda sua irritação expressa através de músculos tensos e olhares rabugentos, mas já era muito tarde, o homem de terno bem costurado e bonito estava perto demais.

       - Boa tarde, garotos! – o homem grisalho cumprimentou-os feliz, o sorriso sínico estampado nos lábios – Como está seu pai, Chuck?

       - Ele está bem Sr. Tyler, está bem – o garoto respondeu vacilante diante a presença forte do outro.

       - Isso é ótimo – sorriu galante – Me desculpem a falta de educação meninos, eu nem me apresentei – ele pediu educado, estendendo a mão para os adolescentes e apertando-as em um cumprimento simples – Meu nome é Joshua Tyler, promovo alguns torneios e eventos de MMA, mas acredito que toda a burocracia não seja algo que lhes interesse – declarou enquanto estendia a mão direita para cumprimentar Thomas também, sendo completamente ignorado ao que tudo o que o adolescente lhe direcionara fora um olhar repleto e ódio e repulsa.