Muito mais que meu Chefe (REPOSTANDO)

#1

"Ai Meu Deus!"
Exclamei assustada quando olhei para o relógio no criado mudo ao lado da minha cama marcando sete e meia da manhã. Estava atrasada.
Dei um salto da cama e entrei correndo no banheiro, molhei meu corpo e novamente comecei a correr como uma louca no meu quarto. Quando eu me atrasava e perdia a hora –coisa que acontecia diariamente- ficava muito nervosa ao ponto de não conseguir raciocinar.

Respira Elizabeth, você sabe como se respira, é fácil.

Inspira

Expira

Inspira

Expira

Coloquei um vestido preto (o único limpo por sinal), peguei uma sapatilha preta (a primeira que vi) e minha bolsa que estava jogava no chão, ainda de ontem. Fui até minha minúscula cozinha e peguei um iogurte, tomei enquanto pegava meu celular e avisava a Mia que hoje eu iria me atrasar, noticia qual ela já estava acostumada a ouvir. Em resposta ouvi um "novidade" do outro lado da linha. Peguei meu casaco que estava em cima da cadeira que ficava em frente a cozinha americana, e então sai correndo da minha casinha (minúsculo apartamento). Desci as escadas com velocidade máxima, já que infelizmente não tínhamos elevador, juro que até o melhor corredor do mundo perderia para mim nesse momento.

Peguei a chave do meu carro, que caiu três vezes seguidas da minha mão. Vamos cooperar querida?

Rapidamente dirigi como uma louca pelas ruas de Nova York, o transito não ajudava muito, mas acho que os motoristas perceberam meu mal humor matutino e facilitaram minha vida. Não xinguei nenhum deles, sério. Coloquei meu carro no estacionamento da The Dreams e corri para o elevador. Coloquei meu casaco, e fiz um coque rápido em meu cabel. Não me importei com as outras pessoas que olhavam como se eu fosse uma espécie desconhecida de ET, não que exista alguma conhecida, eu acho...

— Eliza! Você quase me matou do coração. Inventei mil desculpas para o Senhor Finley, ele quer falar urgente com você!− disse Mia enquanto eu pegava minhas coisas e colocava em cima da mesa.

Corri até a porta da sala do Senhor Finley, antes dei uma ultima arrumada em meu cabelo, e fechei meu casaco para que o mesmo não percebesse que meu vestido estava amassado. Entrei em sua sala sem bater como de costume, e o olhei, ele ainda estava com a cabeça abaixada assinando alguns papeis, porem já tinha percebido minha presença.

O senhor Finley era um homem muito bonito apesar de ser um pouco mais velho, seus olhos verdes sempre estavam brilhantes e sua barba sempre por fazer, que de acordo com ele próprio, não queria tirá-la, pois o deixava mais charmoso.
Logo que me olhou, abriu um enorme sorriso e me convidou para sentar.

—Senhorita Eliza! Bom, o que tenho para lhe falar é bem rápido −ele faz uma pequena pausa antes de continuar —Eu irei tirar umas férias com a minha esposa, algumas semanas apenas, e claro que não poderia deixar essa empresa sozinha. Um de meus filhos me substituirá por um tempo, ele se formou a pouco menos de dois meses, como a senhorita, e acho que seria muito bom para ele trabalhar aqui! −O senhor Finley parava e observava a minha reação, mas na verdade eu não entendia o porque dele estar alongando tanto esse assunto.—A senhorita irá ajuda-lo com o que for necessário , lembrado que ele tem um gênio muito forte, por isso, nunca perca sua pose de eficiente. Espero que possa contar com você −dizendo isso estendeu suas mãos para que eu as segurasse.

Nem tempo de pensar eu tive. Só lhe passei toda a confiança que eu não tinha e aquela cara de "Sou a pessoa mais paciente do universo".

Sai de sua sala, ainda meio pensativa, mas estava me sentindo mais leve por não ter levado reclamação de meu atraso, talvez eu já tenha levado umas vinte.

Sentei e minha mesa e liguei o computador, enquanto eu esperava que ele iniciasse Mia puxa assunto.

—Eliza, o que houve? Ele te deu uma bronca daquelas? –ela perguntou enquanto se esticava até minha mesa por cima da tela que nos separava.

Mia era uma mulher linda, um pouco avoada, mas uma amiga muito prestativa. Olhos claros e cabelos escuros eram a sua identidade. Sabia que podia contar com ela para o que der e viesse.

—Não se Preocupe Mia. Não foi nada demais... −afirmei e fui olhar meus e-mails .

De: Philperez2015@hotmail.com

Para: Elizaperez.thedream@hotmail.com

Minha linda. Se esqueceu que tem pai? Já estou morrendo de Saudades. Sua mãe está cada vez pior, sempre reclamando, e dizendo que você se esqueceu de nós. Bom , só estou com muitas saudades e querendo muito te ver!

Beijos do Seu pai!

De: Annaperez2015@hotmail.com

Para : elizaperez.thedream@hotmail.com

Filhota que saudades. Aposto que seu pai foi falar mal de mim para você. Mas não acredite nele, ele está com ciúmes porque sabe que você me ama muito mais do que ele não é? Elizabeth se você não me disser que eu sou a mais importante eu te mato e te coloco de novo na minha barriga! E não sorria disso porque você sabe que estou falando serio. Dê sinal de vida minha filha!

Abraços da mamãe

Não tinha como não rir com meus pais, e era isso que me deixava mais forte e fazia meu coração apertar sempre que eu me lembrava que estávamos tão longe.
Eles moram no Brasil, assim como eu morava, mas consegui viajar para Nova York. Estagiei na empresa e depois de um tempo consegui minha identidade daqui, e meu sonho de vida se realizou, quase, ainda tenho muito a fazer para poder concluir meus sonhos. A empresa já foi a realização de um. A The Dreams, uma empresa de perfumes/propagandas. Fazemos e criamos, é realmente um SONHO!
Nunca imaginei chegar aqui, depois de tanto sonhar e lutar estou sentada em uma cadeira, olhando para meu computador, digitando uns e-mails importantes para alguns sócios da The Dreams, porque eu trabalho na The Dreams, não é incrível?

Avoada com os pensamentos, e voltando ao tempo da universidade, tomo um baita susto quando o telefone vibra na mesa que eu estava apoiada. Jesus Maria José! Achei que alguém iria me raptar. Quem nunca levou um susto com alguma "vibração" não sabe o que é ter medo.

- The Dreams, em que posso ajudar?

- Passe a ligação para o Collins.

- Me desculpe !

- Está Desculpada −Que arrogante −Passe logo a droga dessa linha para o Collins!

- Antes Senhor −falei "senhor" com ironia na voz −Preciso saber com quem falo para que eu possa passar a "droga" da linha. -Ouvi um suspiro de impaciência do outro lado, e a voz disse:

- Francis. Sou filho do seu chefe!−Ele disse.

Que homem mais impaciente! talvez eu esteja um pouco ferrada depois dessa ligação (que por sinal não é a primeira, virou um costume irritá-lo pelo telefone, ele não saberia quem estava falando mesmo).

- Está vendo só? Nem foi tão difícil assim –Fecha a boca Elizabeth!

Passei a linha para o Senhor Finley que em seguida me ligou pedindo para lhe mandar os relatórios da manhã de hoje e remarcar seus compromissos de amanhã, e que quando fosse marcar passasse seus compromissos para o filho, Francis.

Ele só iria passar um tempo fora, não deixar a empresa nas mãos do filho, não é?