Capítulo 2

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Alice narrando

Nunca havia ido para tão longe dos meus pais. Nos meus quinze anos todas as viagens foram feitas em família, nós nunca nos incomodamos com essas vaidade de estar longe um do outro.

As minhas malas estavam todas prontas em cima da minha cama de casal. Cada vez que olhava em volta, lágrimas apareciam e me faziam parecer a menina mais sensível do mundo e talvez eu fosse.

Por mais que não fosse estar sozinha no colégio, sabia que em algum momento precisaria dos meus pais comigo. Mamãe principalmente, ela me salvava de todas as minhas confusões.

- Quer ajuda? - mamãe estava com os olhos vermelhos e inchados, como era cedo, provavelmente não teria dormido direito durante à noite.

- Sim. - ela precisava daquele momento mãe e filha, estava ciente disso.

- Está preparada? - perguntou procurando um assunto que pudéssemos conversar.

- Não consigo imaginar como as coisas irão ser. - confessei amedrontada.

- É um lugar maravilhoso. - contou. - Garanto que irá fazer diversos amigos.

A manhã passou tranquila, muitas conversas sobre como seria o meu comportamento no colégio, o que deveria ou não fazer... Entre muitos outros assuntos que fizeram questão de conversar comigo... Ou seja, meninos.

- Não quero que você fique com qualquer garoto que aparecer. - papai pediu, mas soou mais como um aviso.

- Lembre-se, seu principal objetivo é estudar e conseguir boas notas. - mamãe sabia do que estava falando, mesmo porque era uma das melhores alunas da sua classe.

- Se precisar de alguma coisa e não puder ligar, converse com Enzo, ele saberá o que fazer. - papai confiava no filho do seu melhor amigo.

- Não aceite nada de estranhos. - acabei sorrindo com a frase que me diziam desde que era pequena.

O horário do vôo estava marcado para às 14h. Mamãe e papai iriam me levar ao aeroporto, onde encontraria Enzo junto de seus pais.

Meus olhos estavam marejados assim como os dos meus pais, o que me deixava ainda mais tristonha e já com saudade de casa. Posso dizer que foi horrível fazer a despedida. Nós nos abraçamos como se fossemos um grupo, os seis unidos.

- Você irá gostar. - Enzo falou, sentando-se ao meu lado na poltrona.

- Sei que sim. - concordei. - Apenas sentirei saudade.

- Foi assim para eles também. - confirmou. - Lembra a história da sua mãe?

A história da minha era diferente da minha. Não consigo imaginá-lá sendo uma menina má e rebelde. Quando soube que iria estudar em um colégio interno se revoltou, de jeito nenhum ela gostaria de viver isolada. Mas com o tempo se acostumou com a ideia e acabou se apaixonando pelo meu pai e já estão 19 anos juntos.

- Será que tudo está como 20 anos atrás? - perguntou, talvez recordando as histórias que nossos pais haviam contado.

- Imagino que não. - discordei.

- Será que terá bastante meninas? - realmente não estava interessada em saber se iria ter ou não as meninas no colégio.

- Me poupe de seus comentários. - aposto que ele conseguiu ver meus olhos revirados, pois soltou aquela expressão de sempre.

Como mamãe havia nos contado, quando ela foi pela primeira vez ao colégio, um motorista com uniforme e um simbolo da escola estampado em seu peito, esperava com o porta malas e as portas abertas. Em sua mão havia uma plaquinha com os nossos nomes.

02 - Colégio Interno - bbs (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora