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Pov's you
Eu tava largada no sofá quando a Júlia me mandou áudio:
— “Mano… hoje tem baile na Rocinha. Vamo.”
Eu franzi a testa na hora. Rocinha? Eu nunca tinha pisado em favela nenhuma.
— “Júlia, tu sabe que eu nunca fui, né? Minha mãe vai me matar.” — “Relaxa, SN. Eu tô contigo. Confia.”
Confia… ela sempre dizia isso antes de me meter em problema. Mas eu tava entediada, meio revoltada com tudo, então respirei fundo e aceitei.
Quando a gente chegou perto da comunidade, eu senti meu coração acelerar. A música já batia pesado lá de cima, o chão vibrando. Júlia me olhou, soltou um sorriso malicioso e disse:
— “Caraca, amiga… tu tá LINDA demais. Vai parar o baile.”
Eu revirei os olhos, mas por dentro até gostei.
Subimos pelas vielas, e eu tentava não transparecer que tava assustada. O movimento, a luz colorida, gente rindo, conversando, subindo e descendo… um mundo totalmente diferente do meu.
Assim que a gente entrou no baile, Júlia gritou:
— “Dafúria! Balla! Chega aí!”
Eu virei e vi os três vindo em nossa direção. Primeiro, o Dafúria — alto, moreno, magro, cheio de tatuagem. Ele veio com aquele sorriso perigoso.
— “E aí, Julinha… quem é a patricinha?”
Eu arqueei a sobrancelha.
— “Patricinha é o caramba. Meu nome é SN.” Ele riu. — “Ih, tem resposta. Gostei.”
Do lado dele veio o Balla, que bateu continência brincando.
— “Salve, cria. Bem-vinda ao nosso lado da ponte.”
Eu nem sabia o que responder, mas ele riu como se entendesse minha confusão.
E atrás deles… tava ele.
O tal do Hz da Rocinha.
Encostado de lado, mão nos bolsos, olhar preso em mim desde o instante que eu cheguei. Não piscava. Não desviava.
Eu senti uma coisa estranha no estômago.
— “Hz, essa é a SN. Minha amiga.” — disse Júlia.
Ele deu um passo pra frente, bem devagar, como se estivesse me analisando.
— “Tá perdida, né?” — “Não tô, não.” — e cruzei os braços só pra mostrar atitude. Ele deu uma risada curta, rouca. — “Aham… dá pra ver de longe que tu nunca botou o pé aqui em cima.”
Eu respirei fundo, tentando manter a postura.
— “E daí? Tem problema?” — “Problema nenhum, princesa. Só que aqui é outro ritmo. Tu olha pra todo lado como se o chão fosse morder teu pé.”