O ventre abrirá —
Fora do mundo,
Dentro de quem não devia poder parir.
Não para dar vida —
Mas para unir
O aqui e o lá.
⛧⛧
A semente partida
Escorre veneno —
Visco e sangue.
Não haverá nascimento que cure.
Não haverá palavra que acalme.
O filho do Sepois não trará redenção.
Trará a verdade crua:
O fim do falso sopro,
O estilhaço do engano.
E aquele que clama ao depois
Ouvirá seu grito no vazio —
Um grito que rasga a carne do mundo,
Que escorre pelos ossos das ruínas.
O sangue dos santos será lama,
O canto dos profetas, silêncio.
Porque o ventre do depois é abismo —
Maculado nas entranhas de um homem devoto,
Não um escolhido.
E só quem se perde pode encontrar-se nele.
⛧⛧
O tempo que há de vir não tem misericórdia.
É faca que fere a mentira,
Fome que não se sacia,
Escuridão que revela.
Quando surgir, andará sobre os escombros do mundo.
A criança que eclodirá da pupa expelida pelo umbigo do servo
Cantará a chegada do seu pai.
E quando o pai chega, o mundo se cala.
Não é castigo, não é dádiva —
É constatação:
NÓS sabemos, NÓS nos punimos.
E ele apenas preenche
O trono que lhe demos —
Onde todo vazio será preenchido.
Só se preenche aquilo que deixamos haver espaço —
Seja lacuna do coração,
Da carne,
Do espírito;
Lacuna da mentira; da verdade.
⛧⛧
E foi lido nas escrituras de carne —
Não apenas as palavras que engolem o mundo,
Mas a profecia de tudo que viria antes do depois:
Ruína sobre ruína.
Os escombros cobrem o verde do chão.
O pó, o fogo, a fumaça.
Se ainda houver ave,
Não se ouvirá canto —
Pois o grito será mais alto.
A dor dos descendentes dos descendentes
Será maior que tudo.
O homem terá feito da casa um lugar inabitável,
Pois desejará mais que seu teto;
Ansiará, com unha e dente,
Destroçando as paredes do próximo.
Mas o próximo também desejará mais do que tem —
E assim se fará fogo e calamidade.
Ninguém terá lar ou descanso.
E por fim, quando tudo arder, ruir e chorar —
Ele nascerá, como pupa do verme;
Para eclodir cantando como a cigarra,
E vagará até a chegada de seu Pai,
Senhor do depois.
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.ELE SE APROXIMA.
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𝕮ó𝕕𝕚𝕔𝕖 𝕕𝕒 𝔽𝕖𝕟𝕕𝕒
FantasyNo início, antes do tempo, havia o Nada - não um vazio simples, mas o Nada que contém o prenúncio de tudo. No princípio do tempo, houve sombras sem nome. E NÓS as nomeamos. E elas se fizeram fenda. Este códice guarda os segredos da fenda, do sopro s...
