ㅡ Nossa, que bicho te mordeu? ㅡ Ela pergunta enquanto caminha em direção a pia.

ㅡ Um bicho inconveniente da espécie Ferrashi.ㅡ Digo irritada enquanto vasculho o que comer.

ㅡ Nossa Calissa. O que houve?

ㅡ Esse menino, mãe! Fica fazendo zuada essa hora da madrugada!ㅡ Pego a caixa de leite e bato a porta com força.

ㅡ Não precisa descontar isso nos meus eletrodomésticos. ㅡ Ela se virou em minha direção. ㅡ Ainda acho que isso é amor reprimido. Um dia vocês se casam. Guarde minhas palavras! ㅡ Ela caminha em direção a sala e eu a sigo.

ㅡ É isso que a senhora quer. Entretanto, sinto muito em desaponta-la. ㅡ Respondo e me sento no sofá ㅡ Aonde a senhora vai? ㅡ Bebo um gole do meu leite.

ㅡ Vou ao super-mercado comprar algumas coisas para a sobremesa hoje. Iremos almoçar na casa de seus padrinhos. Então, acorde Clara e arrume-a.

ㅡ Acordar a onça? Nem! Manda o Hélio. Já me estressei muito hoje.

— Faça o que eu mando porque você ainda come do meu feijão.

Ela sai e fecha a porta.

[***]

Todo almoço de domingo sempre sai tarde. É a regra.

Estava morrendo de fome, pois a única coisa que habitava em meu estômago era aquele único copo de leite.

Estavam todos se servindo. Haviam alguns familiares dos meus padrinhos.

Hélio logo se enturmou com os primos de Rebeca, Matias e Caio.
O que é obvio, já que futuramente serão primos dele também.

Todos se serviram e foram para o quintal. Fui por último para evitar a fila. Minha preguiça estava maior que a minha fome.

Justo na hora que coloco a colher para tirar um pedaço daquele magnífico frango com catupiry, um ser petulante, rouba o pedaço que eu havia escolhido. Quando ergo os olhos, vejo Matias.

ㅡ Só podia ser... Cansa não? ㅡ Digo e ponho meu prato sobre a mesa.

ㅡ Cansar de quê? De te irritar? ㅡ Ele diz pondo refrigerante no copo.

Viro o copo em que ele segurava em sua blusa e ele imediatamente se afasta em um pulo.

ㅡ Qual o seu problema? ㅡ Ele indaga em alta voz enquanto me encara com o copo vazio e a blusa molhada.

ㅡ Eu é que pergunto. Me estressa logo de manhã cedo, não satisfeito, me estressa de tarde e espera que eu seja besta? É muita cara de pau mesmo...

Hélio e Rebeca logo chegam e param em frente a mesa.

ㅡ Eita... Devo ter perdido a treta, que pelo visto, foi muito boa. Ainda vão continuar? Bora. Se fosse eu, não deixava!! ㅡ Hélio diz e recebe um prato de Rebeca.

ㅡ Para de ficar dando corda a briga desses dois. Deveriam criar maturidade! ㅡ Rebeca fala enquanto começa seu prato.

ㅡ Fala isso para o seu irmão. Foi ele quem começou. ㅡ Digo ao pegar meu copo de refrigerante.

ㅡ Pouco importa quem começou. Essa briga de vocês me dá nos nervos. ㅡ Rebeca afirma.

ㅡ Porém, me divertem. ㅡ Hélio completou.

ㅡ Matias, vá trocar de roupa. ㅡ Rebeca se direciona a ele que sai sem pestanejar.

Fui para a sala com Rebeca e Hélio. Logo Matias chegou com seu prato e sentou-se no sofá.

Inimigos de infânciaWhere stories live. Discover now