Into the end

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Aqui vamos nós de novo
Eu meio que quero ser mais que amigos
Então vá com calma comigo
Tenho medo de você nunca estar satisfeita

Aqui vamos nós de novo
Estamos cansados como animais, nós brincamos fingindo
Você é apenas um canibal
E eu tenho medo que eu não possa sair vivo
Não vou dormir esta noite
Neon tree - animals

[•••]

A chuva caía fina sobre a cidade, encharcando o asfalto escuro e refletindo as luzes neon da cidade. Era tarde, e as ruas estavam vazias, exceto pelo brilho suave que escapava das janelas do Café Kitty Haven, o único estabelecimento ainda aberto naquela hora.

Sylus empurrou a porta, o som do sino ecoando no silêncio da loja. O calor acolhedor do lugar contrastava com a umidade fria do lado de fora. Ele escaneou o ambiente com seus olhos vermelhos, absorvendo os tons pastel e os inúmeros detalhes fofos de Hello Kitty espalhados pelo espaço. Tudo ali era absurdamente delicado… e, de alguma forma, tinha um lugar para ele.

Atrás do balcão, Penélope, com seus longos cabelos cor-de-rosa presos em uma trança frouxa, estava organizando os últimos pratos do dia. Seu uniforme de avental colorido contrastava com os azulejos brancos e rosa do balcão. Ao vê-lo, um sorriso iluminou seus olhos verdes.

— Você veio.

Sylus ergueu uma sobrancelha e se jogou em um dos bancos altos, o couro de seu casaco rangendo no movimento.

— Você ainda está fechando a loja sozinha? — sua voz grave cortou o ar com um tom de desaprovação.

Penélope riu baixinho, pegando uma xícara especial – feita com um material que não derreteria com o poder corrosivo de Sylus. Ele observou enquanto ela preparava seu café, os movimentos precisos e fluídos.

— Eu sabia que você viria — disse ela, empurrando a xícara para ele. — E mesmo que não viesse, eu teria ficado bem.

Sylus pegou a xícara com um toque cuidadoso, lembrando-se de como Penélope havia mandado fabricar utensílios resistentes apenas para que ele pudesse frequentar o café sem causar destruição. Ninguém nunca tinha feito algo assim por ele antes.

O silêncio se instalou entre eles, confortável. Do lado de fora, a chuva batia na vidraça, criando um ritmo suave. Sylus tomou um gole do café – quente, forte, perfeito. Assim como a guia à sua frente.

Penélope limpou as mãos em um pano e, de repente, ficou séria. Seus olhos verdes o fitaram com intensidade, um brilho determinado em seu olhar.

— Sylus — ela começou, sua voz suave, mas firme. — Eu quero te perguntar algo.

Ele ergueu o olhar para ela, sentindo seu coração acelerar por um motivo que não tinha nada a ver com seus poderes.

— Hm?

Penélope respirou fundo, então estendeu a mão e segurou a dele. Apesar da energia instável que sempre ameaçava escapar de sua pele, ela nunca hesitava em tocá-lo.

— Case-se comigo.

Sylus congelou. Sua mente – normalmente afiada como uma lâmina – tropeçou em pensamentos desconexos. Ele, o líder da Onychinus, um esper de poder destrutivo… recebendo um pedido de casamento em um café temático da Hello Kitty?

O silêncio entre eles se estendeu. Penélope não recuou, apenas apertou a mão dele, sua presença guiando sua mente sempre caótica de volta ao presente.

Sylus riu, um som rouco e incrédulo.

— Você tem certeza?

— Sempre tive.

Toxic Where stories live. Discover now