Bloody sunday

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- Nunca pensei que fosse achar sexy ver alguém com uma arma –Jack declarou e trincou o lábio

- O James vai achar o mesmo –trinquei o lábio -Depois digo alguma coisa. Divirtam-se!

Atirei-lhes um beijo e sai a correr em direção ao carro. É o meu primeiro homicídio! Como quem diz...é o meu primeiro caso onde há um homicídio e eu vou participar no terreno.

Assim que cheguei à esquadra pousei a mala na secretária, peguei no telemóvel e fui para o carro onde James já me aguardava.

- Nervosa? –perguntou-me assim que eu entrei e arrancamos.

- Ansiosa –respondi –vai ser um simples corpo, nada mais

James olhou-me indignado.

O que é que foi? Quero algo a sério!

- Preferias um cadáver a cheirar mal e todo putrefacto?

Porque não?

(...)

James estacionou o carro e saímos em direção ao motel. Atravessamos a fita e entramos no quarto, onde, no chão, se encontrava uma jovem pálida, rodeada de agentes.

- Já temos mais alguma coisa? –James perguntou a um agente que eu já deveria saber o nome

- Falamos com a proprietária –o agente explicou – ontem alugou o quarto a um casal e hoje de manhã encontrou o corpo da rapariga

Aproximei-me do cadáver enquanto os ouvia. Uma jovem, por volta dos 25 anos, elegante e com um ar simpático estava estendida no chão, envolta numa toalha branca e de roupa interior. Olhei o pescoço, uma mancha vermelha em forma de corda à volta deste dava sinais da sua causa de morte. James agradeceu ao agente e veio até mim, fitou o cadáver e olhou-me.

- A rapariga foi asfixiada, por uma corda provavelmente. Morreu rapidamente. Não aparenta lividez, podemos ver cianose nas extremidades (para quem não sabe é o aparecimento da cor azul na pele) e dilatação das pupilas –sorri-lhe –e claro, a marca no pescoço

- A causa da morte já sabemos...agora falta o porque...-James mexeu na barba e olhou em volta –ela está em roupa interior mas com uma toalha á volta

- Motivação sexual? – questionei e levantei-me. James fez o mesmo.

Um perito, que agora mexia no corpo respondeu sem demora.

- Não apresenta sinais de violação. Com as análises podemos saber se houve ato sexual perto da morte ou não

Anui e fui ter com James que já estava na casa de banho a remexer o lixo.

- Relações sexuais houve –disse assim que encontrou um preservativo usado

- E porque haveria o assassino de deixar o seu ADN no local de crime?

- O quarto foi alugado por um casal...

O preservativo fora usado pelo casal que alugou o quarto e possivelmente matou a jovem. Para deixarem o preservativo normalmente só pode haver uma razão. São sádicos e tiveram uma relação sexual depois de matarem a jovem pois isso excita-os. Não estamos a procura de um assassino mas sim de uma equipa, onde o matar pessoas é um preliminar.

(...)

Voltamos à esquadra e reunimos a equipa de investigadores.

- Eles matam raparigas há anos, estiveram inactivos de 2008 a 2012 e voltaram agora –falou um agente que tivera a pesquisar sobre o passado

- Inativos porque algum esteve preso? –James questionou

É nesta altura que as bases de dados e tecnologias se tornam fundamentais. Através delas conseguimos criar teorias, anular hipóteses e desvendar o crime. Neste caso, conseguimos descobrir os antecedentes criminais do homem e relacionar outros crimes que não foram resolvidos pois não foi encontrado o culpado, ou melhor, culpados.

- Ele sempre violou e esfaqueou raparigas, é um sádico sexual sem remorsos –o agente explicou

- Excluindo então a prisão, para estarem inactivos houve uma razão. O casal esteve separado –sugeri

- É uma boa teoria –James falou –mas quanto às vitimas...as raparigas que ele viola são escolhidas aleatoriamente e deixadas como as encontra. Enquanto, que as raparigas que os dois assassinam não têm família nem trabalho, ninguém daria pela falta delas. Todavia, estão limpas e envoltas em toalhas e não são violadas.

- Demasiado limpas para sem-abrigo –Charles relembrou

- Elas estão limpas e bem tratadas –falei ao relembrar-me das unhas da última vítima –ela estava em roupa interior e enrolada numa toalha. Se não há remorsos porque a toalha? A vítima ter tomado banho justifica o facto de estar de roupa interior e de toalha

- Então eles oferecem abrigo e cuidado às raparigas e depois matam-nas?! –James concluiu

(...)

Apertei a casaca e vim até ao jardim beber o café. A adrenalina está a aumentar à medida da descoberta de novas teorias e factos. Pego no telemóvel e desbloqueio, tenho chamadas e SMS. Saí a correr de casa e nunca mais lhes disse nada, não houve tempo e como é o primeiro crime que investigo tenho de estar atenta e empenha, ainda mais do que costumo estar.

- A Jennifer tem a arma? –James apareceu á minha frente

- Sim –coloquei a mão na arma e bebi mais um gole de café –entre no carro. Há outra vítima!

Fomos os primeiros polícias a chegar ao quarto do motel. Motel novo, nova vítima. Desta vez abandonaram o motel ao início da noite, estão a mudar. Depois de vedar o acesso com a habitual fita amarela fomos ver o cadáver, já acompanhados por outros agentes.

É um homem, desta vez apenas em roupa interior.

- Mudaram as características –James disse

- É do sexo masculino, foi a mulher que escolheu –observei a toalha no chão e o aspeto da vítima. Mesmo método! – apenas mudaram as características da vítima, o método é igual.

James olhou-me indignado.

- Porque o fariam? Ideias? -James falou para ninguém em particular

- Se são um casal e ambos ficam excitados com isto, talvez o homem quisesse dar um 'presente' à mulher e deixá-la escolher a vítima –fiz aspas com os dedos assim que disse presente- A psicopatia da mulher está a aument...

James interrompeu-me.

- Temos de os encontrar, rapidamente –James falou e comunicou à esquadra.

Depois do local revistado em geral abandonamos o motel em direção à esquadra. Agentes ficariam lá a inspeccionar pormenorizadamente mais um local de crime.

- Está a fazer um óptimo trabalho –James comentou

- Obrigada –agradeci com um sorriso

- Eu sabia que a Jennifer seria um bom elemento! Está a usar o instinto?


***

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