Capítulo 1 - Você tem que crescer.

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-Porque eu não posso colocar um Onesie? Eu fico adorável neles.

Eu realmente fico adorável neles.

-Não vou discutir com você sobre sua falta de senso do ridículo.

Ele não quer discutir, mas perguntou se eu queria?

Porque realmente não me importo de passar a manhã inteira defendendo o fato de eu ter um gosto excepcional.

Um gosto vanguardista.

E defender o fato de que todos deveriam pelo menos uma vez na vida se vestir da maneira que realmente querem, sem se importar com o correto e nem com tendências impostas pela indústria da moda.

Um olhar zangado no relógio me avisa que pra ele isso não é mais uma brincadeira.

-Você tem cinco minutos City. - Seus olhos verdes me analisam. - E, por favor, dessa vez penteie seus cabelos.

Do lado de fora tudo parece mais frio: o clima, a feição das pessoas, meu nariz, Phill e até mesmo a maneira que ele fala comigo.

Phillipe tem a mania de sempre querer ter a razão.

Eu sei que muitas vezes, ou melhor, que na maioria das vezes ele realmente a tem. Porém, herdei algo de minha mãe: Teimosia. Não saber dar o braço a torcer e mesmo estando errada sempre querer convencer ao mundo todo de que estou correta.

Basicamente, insistir demais e forçar pra que as coisas deem certo. Eu tenho essa mania de insistir desde que eu me entendo por gente. Como todas as coisas, minha teimosia tem seu lado bom e seu lado ruim: Mesmo que eu me torne insuportável enquanto insisto pela quinquagésima vez em somente dois minutos, esse sempre foi um bom atalho pra que eu chegasse aos meus objetivos.

A única coisa que não tem um lado bom e somente um lado ruim (muito ruim) é estar aqui.

Parece que algo me impede de enxergar qualquer que seja o resíduo positivo de estar vivendo nessa cidade. Quando Phil falou sobre irmos escrever nosso livro em uma cidade chamada Dortmund, eu soltei uma risada.

Uma risada totalmente irônica.

Quem vai querer ir para uma cidade aleatória na Alemanha quando se tem a possibilidade de passar alguns de seus meses em Paris, ou até mesmo Nova Iorque?

Mas Phillipe fez de tudo para que eu aceitasse a ideia de partir em rumo a "inexplorada terra" com a mesma proposta de (quase) sempre: "Nós vamos nos divertir demais!".

Eu deveria adicionar mais alguns pontos de exclamação, pois Phill realmente gritou isso no meu ouvido por três semanas sem interrupção. Ele me mostrou guias de viagem, tradições do lugar, fotos dos habitantes, ou melhor, ele me mostrou possivelmente todas as coisas relativamente positivas daqui.

Mas é claro que eu estou me divertindo.

Ao menos que se divertir signifique se sentir trancada junto ao seu computador e boas xícaras de chá preto. Sem se esquecer dos telefonemas e das cartas que surgem em grande quantidade na minha casa, fazendo-me cogitar milhares de possibilidades para que isso esteja acontecendo. Sendo que entre dez dessas possibilidades somente duas não são por causa de algum evento sobrenatural.

Essa é a pior parte de ser escritora.

Minha imaginação realmente não tem limites. E não falo isso porque eu escrevo um livro sobre uma guerreira amazona que viaja por diversas galáxias salvando diversos povos das garras de um alienígena malvado e quebrando corações.

Mas é porque eu sempre complico situações cotidianas.

Aqui vão alguns dos motivos para eu poder afirmar o porquê complico tipo, tudo:

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⏰ Last updated: Jul 20, 2015 ⏰

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Um mês de domingosWhere stories live. Discover now